FABACEAE

Zollernia modesta A.M.Carvalho & Barneby

NT

EOO:

31.827,10 Km2

AOO:

132,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Endêmica do Brasil, foi documentada na BAHIA, Municípios de Alcobaça (Folli 1947), Caravelas (Ribeiro 846), Ilhéus (Carvalho 5583), Itacaré (Queiroz 13858), Jussari (Thomas 11784), Mascote (Gomes 1397), Porto Seguro (Eupunino 210), Prado (Thomas 10152), Santa Cruz Cabrália (Moreira 64), Una (Jardim 293), Uruçuca (Martini s.n.) e ESPÍRITO SANTO, Municípios de Aracruz (Oliveira 122), Linhares (Santos 1513).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Categoria: NT
Justificativa:

Árvore de até 30 m, endêmica do Brasil (Mansano e Tierno, 2019). Popularmente conhecida como mucitaíba-preta-de-folha-miúda e orelha-de-onça, foi documentada em Floresta Ombrófila e Floresta Estacional (Floresta de Tabuleiro) associada a Mata Atlântica nos estados da Bahia e Espírito Santo. Apresenta distribuição relativamente ampla, EOO=26839 km², constante presença em herbários, inclusive com coleta recentemente realizada (2013) dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral. Entretanto, sabe-se os estados da Bahia e Espírito Santo resguardam somente 11% e 10,5%, respectivamente, de remanescentes da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Os ecossistemas florestais de terras baixas onde a espécie ocorre foram drasticamente afetados por atividades antrópicas altamente impactantes, como desmatamento para ampliação de áreas agrícolas e pastagens, corte seletivo de madeiras-de-lei, plantações de cana-de-açúcar, silvicultura, fogo, crescimento urbano e turístico desordenado (SEAMA 2018; Burla, 2011; Lumbreras et al., 2004). Diante desse cenário, Z. modesta foi considerada "Quase ameaçada" (NT) novamente. Extinções locais a partir das ameaças descritas podem levar a declínio contínuo em EOO, AOO, qualidade e extensão do habitat, número de situações de ameaça e potencialmente, no número de indivíduos maduros. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para as regiões do Espírito Santo e da Bahia em que a espécie foi documentada.

Último avistamento: 2013
Quantidade de locations: 13
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Quase Ameaçada" (NT) na Portaria 443 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 NT

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita originalmente em: Carvalho, A. M & Barneby, R. C., Brittonia, Vol. 45: 208 - 212., 1993. Popularmente conhecida como Mucitaíba-preta-de-folha-muída e Orelha-de-onça. Esta espécie é similar a Zollernia glaziovii Yakovlev no tamanho da folha e da inflorescência, porém, difere na nervação, sendo ascendente e reta (com as nervuras secundárias formando um ângulo de 30° com a nervura principal), e nas folhas obovado-elípticas; em Z. glaziovii, as nervuras não são ascendentes (formando um ângulo de 50 a 60° com a nervura centra) e as folhas são oblongo-elípticas (Mansano e Tierno, 2019).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Lobão (2007) estimou 2,6 ind./ha, usando método de quadrantes e critério de incusão (DAP) maior ou igual a 15 cm ocorredo em 49,5 ha de floresta em estágio avançado no município de Jussari, BA.
Referências:
  1. Lobão, D.E.V.P., 2007. Agroecossistema cacaueiro da Bahia: Cacau-Cabruca e fragmentos florestais na conservação de espécies arbóreas. Tese de Doutorado. Jaboticabal, SP: Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Floresta Estacional Semidecidual
Fitofisionomia: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvore com ca. 18-20 m alt. (Mansano et al., 2004), foi documentada em Floresta Ombrófila e Floresta Estacional (Floresta de Tabuleiro) associadas a Mata Atlântica nos estados da Bahia e Espírito Santo (Mansano e Tierno, 2019).
Referências:
  1. Mansano, V.D.F.; Tozzi, A.M.G.D.A.; Lewis, G.P., 2004. A Revision of the South American Genus Zollernia Wied-Neuw. & Nees (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae). Kew Bulletin, v. 59, n. 4, p. 497-520.
  2. Mansano, V.F.; Tierno, L.R. Zollernia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB19246>. Acesso em: 27 Mai. 2019

Reprodução:

Detalhes: Floração de fevereiro a março. Coletada em fruto em agosto (Mansano e Tierno, 2019).
Fenologia: flowering (Fev~Mar), fruiting (Aug~Aug)
Estratégia: unknown
Sistema: unkown
Referências:
  1. Mansano, V.F.; Tierno, L.R. Zollernia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB19246>. Acesso em: 27 Mai. 2019

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,occurrence past,present regional high
Hoje, grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciência e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau (Theobroma cacao L.), seringa (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), piaçava (Attalea funifera Mart.) e dendê (Elaeis guianeensis Jacq.) (Alger e Caldas, 1996).
Referências:
  1. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  2. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20(117):28- 35.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2.2 Agro-industry plantations habitat present regional
Os estados da Bahia e Espírito Santo resguardam somente 11% e 10,5%, respectivamente, de remanescentes florestais originais associados a Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Os municípios em que ocorre sofrem intensamente com atividades ligadas ao agronegócio, como silvicultura em larga escala (Eucalyptus spp.), café, cana-de-açúcar e criação de gado (Lapig, 2019). Subsequentes ciclos econômicos, como o da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos "reflorestamentos" homogêneos (Pinus e Eucalyptus), a incidência de espécies exóticas invasoras representam as maiores ameaças a biodiversidade de plantas do estado (Simonelli e Fraga, 2007). As florestas de terras baixas de Alagoas até a costa sul da Bahia têm sido ameaçadas pelo desmatamento, em consequência dos plantios de cocos, manejo da cabruca, seringais, dendê, piaçava, agropecuária extensiva e pelo aumento da atividade turística e especulação imobiliária (Alger e Caldas,1996; Paciência e Prado, 2005).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2019. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 35p.
  2. Lapig, 2019. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 31 de agosto 2018).
  3. Simonelli, M., Fraga, C. N. (ORG.)., 2007. Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado do Espírito Santo. Vitória, ES: IPEMA, 144 p.
  4. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20(117):28- 35.
  5. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat,occurrence past,present regional very high
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  2. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
  3. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  4. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20(117):28- 35.
  5. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.

Ações de conservação (4):

Ação Situação
5.1.3 Sub-national level on going
"Vulnerável" (VU), segundo a Lista vermelha do Espírito Santo (Simonelli; Fraga, 2007)
Referências:
  1. Simonelli, M., Fraga, C. N. (ORG.)., 2007. Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado do Espírito Santo. Vitória, ES: IPEMA, 144 p.
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como "Quase Ameaçada" e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2014. Portaria no 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
2.1 Site/area management needed
A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - TER33 (ES).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi documentada dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação (SNUC): RESERVA BIOLÓGICA DO UNA, PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO CONDURU, Reserva Florestal de Porto Seguro - CVRD/BA, Reserva Florestal da Brasil de Holanda Indústrias, Estação Ecológica do Pau-brasil, Reserva Florestal da CVRD - Linhares.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não se conhecem usos efetivos ou potenciais.