Malvaceae

Waltheria polyantha K.Schum.

CR

EOO:

95,368 Km2

AOO:

12,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado de Minas Gerais — nos municípios Diamantina, Santana do Riacho e Serro.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Critério: B1b(iii)
Categoria: CR
Justificativa:

Árvore a arbustos com até 4 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), foi documentada exclusivamente em Campo Rupestre associado ao Cerrado presente na Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais, municípios de Diamantina, Santana do Riacho e Serro. Apresenta distribuição conhecida muito restrita, EOO=81 km², AOO=12 km², menos de cinco situações de ameaça, considerando sua ocorrência exclusiva a fitofisionomia fragmentada e sujeita a vetores de pressão severos, e presença em fitofisionomia severamente fragmentada. Aparenta ser um táxon raro, uma vez que é conhecida por poucos espécimes, coletados de forma escassa, mesmo considerando sua ocorrência em uma das regiões mais bem coletadas do Espinhaço mineiro, a Serra do Cipó. Sabe-se que a região de ocorrência da espécie está sujeita aos efeitos causados por atividade mineradora em variadas escalas e com prospecção de crescimento nos próximos anos (DNPM, 2019), além de áreas convertidas em pastagens e demais atividades agrícolas que associadas ao fogo causam grande prejuízo aos Campos Rupestres onde W. polyantha ocorre (Giulietti et al., 1997; Landgraf e Paiva, 2009; Lapig, 2020). W. polyantha poderia ser considerada uma espécie Em Perigo (EN) pelo seu valor de AOO através do critério B2ab(iii); entretanto, adotando-se o princípio da precaução, a espécie é considerada nesta ocasião como um táxon Criticamente em Perigo (CR), uma vez que seu valor de EOO, grau de fragmentação, e o declínio inferido em área, extensão e qualidade de habitat a qualificam para esta categoria de ameaça severa. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al., 2015).

Último avistamento: 1970
Quantidade de locations: 3
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Fl. Bras. (Martius) 12(3), 60, 1886.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree, bush
Biomas: Cerrado
Vegetação: Campo Rupestre
Habitats: 4.7 Subtropical/Tropical High Altitude Grassland
Detalhes: Árvore a arbustos com até 4 m de altura. Ocorre no Cerrado, em Campo rupestre (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Waltheria. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB105520 (acesso em 09 de novembro de 2020)

Ameaças (6):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future national very high
O Cerrado contém extensas áreas em condições favoráveis à agricultura intensiva e à pecuária extensiva, sendo cerca de 40% da área convertida para estes usos (Rachid et al., 2013). A expansão agrícola no Cerrado vem sendo estimulada por diversos incentivos governamentais, tais como os programas de biocombustíveis e desenvolvimento do Cerrado, ou de assistência técnica (Bojanic, 2017, Fearnside, 2001, Gauder et al., 2011, Koizumi, 2014, Moreddu et al., 2017, Pereira et al., 2012, Rachid et al., 2013, Ratter et al., 1997), a fim de suprir a crescente demanda do mercado internacional (Gauder et al., 2011, Pereira et al., 2012). Essa região é responsável pela produção de cerca de 49% dos grãos no Brasil (Rachid et al., 2013), em particular a soja, o milho e o algodão (Bojanic, 2017, Castro et al., 2010, Ratter et al., 1997). O Cerrado brasileiro sofreu perdas particularmente pesadas para o avanço da soja (Fearnside, 2001), tendo cerca de 10,5% de sua área ocupada por culturas agrícolas (Sano et al., 2008). Além de ser considerado o celeiro brasileiro devido à produção de grão (Pereira et al., 2012), extensas áreas de Cerrado têm sido ocupadas pela cana-de-açúcar (Castro et al., 2010, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Rachid et al., 2013), sendo o Brasil o mais importante produtor de açúcar do mundo (Galdos et al., 2009, Gauder et al., 2011, Pereira et al., 2012). Recentemente, a expansão da produção de cana-de-açúcar no Cerrado tem sido motivada por programas governamentais destinados a promover o setor sucroalcooleiro, especialmente para a produção de agroenergia e bioetanol devido a importância econômica que assumiram no mercado internacional (Gauder et al., 2011, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Pereira et al., 2012, Rachid et al., 2013). O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo (Mielnik et al., 2017). Segundo Rachid et al., (2013), as áreas cultivadas nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul cresceram mais de 300% nos últimos 5 anos. Essa expansão ocorre principalmente por meio da substituição de áreas agrícolas estabelecidas (pastagem e campos de soja e milho) por cana-de-açúcar, forçando a expansão dessas atividades sobre novas áreas de floresta ou Cerrado (Castro et al., 2010, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Rachid et al., 2013). Ainda, a produção de cana-de-açúcar por muitos anos esteve associada às queimadas dos canaviais realizadas pré-colheita, causando impactos ambientais sobre diferentes componentes do ecossistema (Galdos et al., 2009, Rachid et al., 2013).
Referências:
  1. Alan Bojanic, H., 2017. The Rapid Agricultural Development of Brazil in the Last 20 Years. EuroChoices 16, 5–10. URL https://doi.org/10.1111/1746-692X.12143
  2. Mielnik, O., Serigati, F., Giner, C., 2017. What Prospects for the Brazilian Ethanol Sector? EuroChoices 16, 37–42. URL https://doi.org/10.1111/1746-692X.12149
  3. Moreddu, C., Contini, E., Ávila, F., 2017. Challenges for the Brazilian Agricultural Innovation System. EuroChoices 16, 26–31. URL https://doi.org/10.1111/1746-692X.12147
  4. Koizumi, T., 2014. Biofuels and Food Security in Brazil, in: Koizumi, T. (Ed.), Biofuels and Food Security. Springer, Heidelberg New York Dordrecht London, pp. 13–29.
  5. Rachid, C.T.C.C., Santos, A.L., Piccolo, M.C., Balieiro, F.C., Coutinho, H.L.C., Peixoto, R.S., Tiedje, J.M., Rosado, A.S., 2013. Effect of Sugarcane Burning or Green Harvest Methods on the Brazilian Cerrado Soil Bacterial Community Structure. PLoS One 8, e59342. URL https://doi.org/10.1371/journal.pone.0059342
  6. Pereira, P.A.A., Martha, G.B., Santana, C.A., Alves, E., 2012. The development of Brazilian agriculture: future technological challenges and opportunities. Agric. Food Secur. 1, 4. URL https://doi.org/10.1186/2048-7010-1-4
  7. Gauder, M., Graeff-Hönninger, S., Claupein, W., 2011. The impact of a growing bioethanol industry on food production in Brazil. Appl. Energy 88, 672–679. URL https://doi.org/10.1016/j.apenergy.2010.08.020
  8. Loarie, S.R., Lobell, D.B., Asner, G.P., Mu, Q., Field, C.B., 2011. Direct impacts on local climate of sugar-cane expansion in Brazil. Nat. Clim. Chang. 1, 105–109. URL https://doi.org/10.1038/nclimate1067
  9. Castro, S.S., Abdala, K., Aparecida Silva, A., Borges, V., 2010. A Expansão da Cana-de-Açúcar no Cerrado e no Estado de Goiás: Elementos para uma Análise Espacial do Processo. Bol. Goiano Geogr. 30, 171–191. URL https://doi.org/10.5216/bgg.v30i1.11203
  10. Galdos, M.V., Cerri, C.C., Cerri, C.E.P., 2009. Soil carbon stocks under burned and unburned sugarcane in Brazil. Geoderma 153, 347–352. URL https://doi.org/10.1016/j.geoderma.2009.08.025
  11. Sano, E.E., Rosa, R., Brito, J.L.S., Ferreira, L.G., 2008. Mapeamento semidetalhado do uso da terra do Bioma Cerrado. Pesqui. Agropecuária Bras. 43, 153–156. URL https://doi.org/10.1590/S0100-204X2008000100020
  12. Fearnside, P.M., 2001. Soybean cultivation as a threat to the environment in Brazil. Environ. Conserv. 28, 23–38. URL https://doi.org/10.1017/S0376892901000030
  13. Ratter, J.A., Ribeiro, J.F., Bridgewater, S., 1997. The Brazilian Cerrado Vegetation and Threats to its Biodiversity. Ann. Bot. 80, 223–230. URL https://doi.org/10.1006/anbo.1997.0469
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional low
Os municípios Diamantina (MG), Santana do Riacho (MG) e Serro (MG) possuem, respectivamente, 5,24% (20386ha), 7,05% (4772,8ha) e 15,62% (19019,3ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2018. Municípios: Diamantina (MG), Santana do Riacho (MG) e Serro (MG) . URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 20 de março de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying habitat past,present,future regional high
A atividade mineradora no município de Diamantina(MG) já foi a principal fonte de economia da região, causando grande prejuízo ao meio ambiente (Giulietti et al., 1987). Existem atualmente para o município de Diamantina (MG) processos recentes em andamento para autorização de pesquisa e requerimento de áreas a serem mineradas com especial interesse em quartzito, manganês e ouro (DNPM, 2019).
Referências:
  1. DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral, 2019. Diamantina (MG). SIGMINE Informações Geográficas da Mineração. URL http://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/ (acesso em 6.6.19).
  2. Giulietti, A.M., Pirani, J.R., Harley, R.M., 1997. Espinhaço Range Region, Eastern Brazil, in: Davis, S.D., Heywood, V.H., Herrera-Macbryde, O., Villa-Lobos, J., Hamilton, A.C. (Eds.), Centres of Plant Diversity. A Guide and Strategy for Their Conservation. Vol. 3. The Americas. IUCN Publication Unity, Cambridge, pp. 397–404.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Indirect ecosystem effects 5.2.1 Intentional use (species being assessed is the target) habitat past,present,future regional medium
A atividade extrativista de plantas ornamentais no município de Diamantina (MG) é bastante considerável causando a perda da biodiversidade na região (Landgraf e Paiva, 2009).
Referências:
  1. Landgraf, P.R.C., Paiva, P.D. de O., 2009. Produção de flores cortadas no estado de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia 33, 120–126. URL https://doi.org/10.1590/S1413-70542009000100017
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3.5 Motivation Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
O município de Serro (MG) com 121781 ha possui 22857 ha que representam 18,77% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Referências:
  1. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2019. Serro. Aqui tem Mata? URL http://www.aquitemmata.org.br/#/busca/mg/Minas Gerais/Serro (acesso em 12 de setembro 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Indirect ecosystem effects 9.1.3 Type Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
A degradação da vegetação e o lixo são problemas ambientais existentes no município de Diamantina (Azevedo e Araújo, 2011).
Referências:
  1. Azevedo, A.A., Araújo, H.R., 2011. Processo de Estruturação da Gestão do Uso Público da Gruta do Salitre, Diamantina, Minas Gerais, in: ANAIS Do 31o Congresso Brasileiro de Espeleologia. pp. 21–24.

Ações de conservação (3):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al., 2015).
Referências:
  1. Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora: Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Laboratório de Biogeografia da Conservação: Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Espinhaco Mineiro - 10 (MG).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira e Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto do Palácio.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.