Fabaceae

Trischidium limae (R.S.Cowan) H.E.Ireland

EN

EOO:

27.360,966 Km2

AOO:

28,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Mansano e Tierno, 2018), com ocorrência nos estados: ALAGOAS, municípios de Coruripe (Amorim 3114); BAHIA, municípios de Una (Santos 125); PERNAMBUCO, municípios de Paulista (Viana s.n.), Recife (Ducke 2116); PARAÍBA, municípios de Pedras de Fogo (Bayma 663), Santa Rita (Gadelha Neto 2868).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Critério: B2ab(iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de até 5 m, endêmica do Brasil (Mansano e Tierno, 2018). Conhecida popularmente como feijão-bravo, foi coletada em Floresta Ombrófila Densa e Mata de Restinga associadas a Mata Atlântica nos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba e Pernambuco. Apresenta AOO=28 km² e distribuição restrita a ecossistemas florestais severamente fragmentados. Sabe-se que a Mata Atlântica resguarda atualmente somente 12,4% de remanescentes florestais (Ribeiro et al., 2009; SOS Mata Atlântica e INPE, 2018), com índices de redução de vegetação nativa estimados para os quatro estados entre 85%-90% (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Vetores de stress como crescimento urbano, especulação imobiliária, atividades turísticas em expansão e práticas agropecuárias de alto impacto, como criação de gado, cacau e cana-de-açúcar (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018; Paciencia e Prado, 2005; Rolim e Chiarello, 2004; Alger; Caldas, 1996), permanecem incidindo ao longo da distribuição de T. limae. A população está severamente fragmentada, uma vez que ecossistemas florestais associados a Mata Atlântica nordestina vem experimentando reduções históricas continuamente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Diante do exposto, a espécie foi considerada Em Perigo (EN) de extinção, pelo alto grau de fragmentação das florestas nordestinas e declínio contínuo tento em extensão como em qualidade de habitat. T. limae demanda ações de pesquisa (distribuição e números populacionais) e conservação (inclusão em Plano de Ação, particularmente para as subpopulações localizadas ao norte do Rio São Francisco) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação.

Último avistamento: 2016
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Mata Atlântica típica, úmida do litoral. Porém a espécie é pouco conhecida (V.F. Mansano, com. pess.). Espécie descrita em: Kew Bull. 62(2): 341. 2007. Popularmente conhecida por feijão bravo (Ireland, 2007).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Trischidium limae é pouco coletado e coleções adicionais dessa espécie são desejáveis (Ireland, 2007).
Referências:
  1. Ireland, H.E., 2007. Taxonomic changes in the South American genus Bocoa (Leguminosae-Swartzieae): reinstatement of the name Trischidium, and a synopsis of both genera. Kew Bull. 62, 333–350.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Restinga
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvore com cerca de 5 m altura, ocorrendo em floresta úmida em solo argilo-arenosos (Ireland, 2007).
Referências:
  1. Ireland, H.E., 2007. Taxonomic changes in the South American genus Bocoa (Leguminosae-Swartzieae): reinstatement of the name Trischidium, and a synopsis of both genera. Kew Bull. 62, 333–350.

Reprodução:

Detalhes: A espécie foi coletada em flor nos meses de: janeiro (Miranda s.n.), abril (Miranda s.n.); e em frutos nos meses de: abril (Machado 596), junho Gadenha-Neto 2868), outubro (Santos 125), novembro (Lins 98), dezembro (Lucas 1101).
Fenologia: flowering (Jan~Jan), flowering (Apr~Apr), fruiting (Apr~Apr), fruiting (Jun~Jun), fruiting (Oct~Dec)
Estratégia: iteropara
Sistema sexual: hermafrodita
Sistema: unkown

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat past,present,future national very high
Perda de habitat como conseqüência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001).
Referências:
  1. Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF), 2001. Atlantic Forest Biodiversity Hotspot, Brazil. Ecosystem Profiles. https://www.cepf.net/sites/default/files/atlantic-forest-ecosystem-profile-2001-english.pdf (acesso em 31 de agosto 2018).
  2. Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J., Hirota, M.M., 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol. Conserv. 142, 1141–1153.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,mature individuals past,present,future national very high
Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger; Caldas, 1996). Especificamente em Una, 27% da cobertura florestal é ocupada por pasto, 15% de floresta em estágio inicial de regeneração, 6% de plantação de cacau e 2 de plantação de seringa (Pardini, 2004). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sudeste da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  2. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  3. Pardini, R., 2004. Effects of forest fragmentation on small mammals in an Atlantic Forest landscape. Biodivers. Conserv. 13, 2567–2586.
  4. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  5. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécies foi registrada na Reserva Ecológica de Caetés (Viana s.n.), Reserva Biológica de Una (Thomas 11416), Reserva Biológica do Mico-Leão (Santos 125).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.