Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), ocorre entre o sul de Alagoas e norte do Espírito Santo (Amorim et al., 2016). Foi registrada nos estados de ALAGOAS, município de São Miguel dos Campos (Andrade-Lima 9706); BAHIA, municípios de Camamu (Marinho 1206), Prado (Fiaschi s.n.), Jaguaripe (Santos 1227); ESPÍRITO SANTO, município de Linhares (Folli 5485)
Árvore de até 14 m é endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Tapura wurdackiana é a espécie do gênero mais amplamente distribuída na Mata Atlântica (Amorim et al., 2016). Foi documentada principalmente em Floresta de Tabuleiro, Floresta Ombrófila e mussununga associadas à Mata Atlântica que situa-se entre o sul de Alagoas, Bahia e norte do Espírito Santo (Amorim et al., 2016), em cinco municípios. Apesar do amplo valor de EOO (67868 km²), a espécie possui especifidade de habitat, severamente fragmentado, AOO=32 km², baixa densidade populacional (Amorim et al., 2016), de três a cinco situações de ameaça, de acordo com os estados e municípios de ocorrência e presença exclusiva em fitofisionomias florestais severamente fragmentadas. Apesar de contar com registros realizados dentro de áreas protegidas tanto na Bahia como no Espírito Santo, não é documentada na Mata Atlântica acima do São Francisco desde 1980. As florestas de terras baixas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo têm sido ameaçadas pelo desmatamento (ICMBio, 2018) em consequência dos plantios de cocos, manejo da cabruca, seringais, dendê, piaçava, agropecuária e pelo aumento da atividade turística e especulação imobiliária (Alger e Caldas,1996; Paciência e Prado, 2005). Restam atualmente em Alagos, Bahia e no Espírito Santo 9,2%, 11,1% e 10,5% da Mata Atlântica original, respectivamente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019; ICMBio, 2018). 2019). Diante deste cenário, portanto, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat, além de potencial redução nos valores de EOO e AOO. Assim, T. wurdackiana foi considerada Em Perigo (EN) de extinção neste momento. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, censo e tendências populacionais, busca por novas áreas de ocorrência) e conservação (Plano de Ação, garantia de efetividade de áreas protegidas) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.
Descrita em: BioLlania, Edición Especial 6: 492, f. 1C–J, 2B. 1997. Tapura wurdackiana, a espécie de Tapura mais amplamente distribuída na Mata Atlântica, é simpátrica a T. follii no Espírito Santo e a T. martiniae no estado da Bahia. Pode ser distinguido de T. follii por suas lâminas de folhas maiores que são 5–18 × 3–5.5 (vs. 5–9 × 2.2– 4 cm) e pecíolos muito mais longos, com 17 a 27 mm (vs. 5 a 8 mm). Tapura wurdackiana difere de T. amazonica por suas laminas foliares elípticas-obovadas (vs. estreitamente oblongas em T. amazonica) com indumento densamente velutinoso abaxialmente (vs. indumentário tomentoso abaxialmente), ovário inteiramente canescente (vs. ovário pilose) e estigma ca. 1 mm de comprimento (vs. ca. 0,5 mm de comprimento) (Amorim et al., 2016).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2 Agriculture & aquaculture | habitat,occurrence | past,present | regional | high |
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001). Destruição da floresta no Centro de Endemismo de Pernambuco, que inclui o estado de Alagoas, começou há cinco séculos, impulsionado principalmente pela cana-de-açúcar plantações, usinas de açucar e pecuária. Grande parte da fragmentação da floresta tropical provavelmente ocorreu 300 ± 500 anos atrás, pelas atividades humanas como, agricultura, pecuária, desmatamento, extração e caça espécies. A atual situação alarmante do CEP ocorreu devido à remoção da vegetação nativa (Olmos, 2005, Silveira et al., 2003a). Atualmente, existem apenas 157 áreas protegidas na região (Paula, 2012). Em comparação com outros setores da Mata Atlântica, o centro de Pernambuco é o que tem sido mais severamente impactado por seres humanos, além de ser o menos conhecido e protegido (Coimbra-Filho, Camara, 1996). Os remanescentes florestais estão altamente fragmentados, e os numerosos pequenos fragmentos estão espalhados em uma matriz que certamente é prejudicial à sobrevivência deles em longo prazo, podendo levar a extinção de espécies nos remanescentes da floresta tropical (Turner et al., 1994, 1996). Tem sido demonstrado que os sérios distúrbios ambientais no CEP levaram algumas espécies ao limite da capacidade de carga do meio ambiente, aumentando significativamente a competição por comida e território. | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.2 Wood & pulp plantations | habitat,occurrence | present,present | regional | high |
As imagens de satélite mostram o litoral de Alagoas, Sergipe, o litoral norte e boa parte do litoral sul da Bahia cobertos por extensas áreas de cultura de coqueiro (Cocos nucifera), uma planta introduzida inicialmente na Bahia pelos portugueses no século XVI, que se espalhou rapidamente por todo litoral do nordeste brasileiro (Siqueira, Aragão e Tupinambá 2002). As restingas e as florestas de baixada da Bahia e dos estados que compõe o Centro de Endemismo Pernambuco estão sendo drasticamente devastadas para ceder lugar às plantações de coqueiro (M. Gomes com. pess.). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.2 Wood & pulp plantations | habitat,occurrence | past,present | regional | high |
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 5.3 Logging & wood harvesting | habitat,occurrence | past,present | regional | high |
As florestas de terras baixas até a costa do sul da Bahia têm sido ameaçadas pelo desmatamento, em consequência dos plantios de cocos, manejo da cabruca, seringais, dendê, piaçava, agropecuária e pelo aumento da atividade turística e especulação imobiliária (Alger; Caldas,1996; Paciência; Prado, 2005). A atividade extrativista no Sul da Bahia, até bem pouco tempo, buscava atender uma crescente indústria madeireira e carvoeira que se implantou na região. A madeira escoada em toras para o sul do país ou atendendo as serrarias/carvoarias da região, geralmente de migrantes capixabas que, impossibilitados de atuar em seu estado, devido ao depauperamento de seu recursos naturais, se deslocaram para o Sul da Bahia (ICMBio, 2018). A exploração de florestas naturais no Espírito Santo teve um caráter predatório e entrou em declínio no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o esgotamento das reservas florestais nativas e com o aumento do custo de transporte de madeira proveniente de áreas mais distantes (Siqueira, et al. 2004). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.2.2 Agro-industry plantations | habitat,occurrence | past,present | regional | high |
Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importante pólo de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o Estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A. Segundo Siqueira et al. (2004) a partir da criação de programas de extensão e fomento florestal do governo e de empresas privadas na década de 1990 iniciou-se a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus no estado do Espírito Santo. O Estado possui cerca de 35% de sua área com aptidão preferencial para a atividade florestal, apresentando os maiores índices mundiais de produtividade de Eucalyptus (Siqueira et al., 2004). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 1.1 Housing & urban areas | habitat,occurrence | past,present,future | regional | high |
A Restinga é um ambiente naturalmente frágil (Hay et al., 1981), condição que vem sendo agravada pela forte especulação imobiliária, pela extração de areia e turismo predatório, além do avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico. A pressão exercida por essas atividades resulta em um processo contínuo de degradação, colocando em risco espécies da flora e da fauna (Rocha et al., 2007; Carvalho, 2018). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.3 Agro-industry farming | habitat | past,present | regional | very high |
São Miguel dos Campos (AL), onde a espécie foi coletada em 1980 e desde então permanece sem registros, resguarda somente 10% da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 3.2 Mining & quarrying | habitat,occurrence | present,future | regional | high |
A região ao redor do município de Linhares (ES) vem sendo ocupada por empreendimentos minerários, há documentos de processos recentes em andamento para autorização de pesquisa de áreas a serem mineradas (DNPM, SIGMINE, 2019). Essa região foi recentemente (2015) diretamente afetada pelo maior desastre ambiental causado por mineração, com o rompimento da barragem de Fundão no município de Mariana (MPF, 2017). Os efeitos do acumulo de minérios tóxicos no solo ainda estão sendo estudados, porém eventos similares na região podem destruir em um único evento milhares de hectares de Floresta Estacional Semidecidual na região assim como ocorreu com florestas na região de Mariana (Do Carmo, 2017). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3 Livestock farming & ranching | habitat,occurrence | present | local | very high |
O município de Linhares com 350371 ha, possui 34% de sua área (117270 ha) convertida em pastagem (Lapig 2018). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.3 Agro-industry farming | habitat,occurrence | past,present | local | very high |
Linhares (ES) está entre os municípios brasileiros produtores de cana-de-açúcar, cujos plantios iniciaram a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al., 2000; Oliveira et al., 2014; Pinheiro et al., 2010; Tavares e Zonta, 2010). Tais cultivos são associados a prática da queima dos canaviais, com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e facilitar a colheita (Mendonza et al., 2000; Oliveira et al., 2014; Pinheiro et al., 2010; Tavares e Zonta, 2010). De acordo com a Resolução MAPA no 241/2010, Linhares é um dos municípios indicados para o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, destinadas à produção de etanol e açúcar. A Conab (2018) estima uma área de cana-de-açúcar de 47,6 e 45,3 mil ha, respectivamente para as safras 2017/2018 e 2018/2019 no Espírito Santo. O município de Linhares com território de 350371 ha, possui 11722 ha de área plantada com cana-de-açúcar e 10596 ha com floresta plantada (Lapig, 2018) | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi documentada dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação: PARQUE NACIONAL DO DESCOBRIMENTO, ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL BAÍA DE CAMAMU. |
Ação | Situação |
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2.1 Site/area management | needed |
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Espírito Santo- 33 (ES). |
Ação | Situação |
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4.3 Awareness & communications | on going |
A espécie teve seu risco de extinção estimado por Amorim et al. (2016): Entre as espécies de Tapura da Mata Atlântica, T. wurdackiana tem a maior distribuição. A espécie poderia ser considerada Vulnerável (UV) com base em sua área de ocupação, número de localidades e extensão de ocorrência (B1; B2a); no entanto, ao considerar o número de indivíduos maduros, a espécie podem ser classificada como ameaçadas de extinção (EN) (D). Tapura wurdackiana ocorre em áreas protegidas nos estados da Bahia e Espírito Santo, e há um registro para o estado de Alagoas. Acreditamos que trabalho de campo adicional em Mata Atlântica revelará mais áreas de ocorrência para esta espécie. | |
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. | ||
Referências: |