Symplocaceae

Symplocos atlantica Aranha

EN

EOO:

0,00 Km2

AOO:

8,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Romão et al., 2020), com distribuição: no estado do Rio de Janeiro — no município Paraty —, e no estado de São Paulo — no município Ubatuba.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Critério: B1ab(iii)+2ab(iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore ou arbusto com até 9 m, endêmica do Brasil (Romão et al., 2020). Popularmente conhecida como azeitoninha-das-nuvens (Romão et al., 2020), foi documentada exclusivamente em floresta nebular (Floresta Ombrófila Densa Altomontana) associada à Mata Atlântica presente nos estados do Rio de Janeiro, município de Parati, e São Paulo, município de Ubatuba, nas altas escarpas da Serra do Mar, entre 1000 e 1300 m de altitude (Filho et al., 2009). Apresenta distribuição naturalmente disjunta, com EOO estimado em menos de 5000 km² (Filho et al., 2009), AOO=8 km² e duas situações de ameaça, considerando-se sua presença conhecida exclusiva a duas localidades, sujeitas a vetores de stress distintos em frequência e intensidade devido ao grau de proteção verificado em cada ponto. Poderia ser considerada Criticamente em Perigo (CR) por somente por B2(iii), mas o número de situações de ameaças supera o limiar para esta categoria, e não há evidências de fragmentação severa de habitat, que é naturalmente disjunto. Entretanto, sabe-se que especulação imobiliária, loteamentos irregulares, turismo predatório, assentamentos clandestinos, crescimento demográfico com significativo movimento migratória tipificam o processo de urbanização que vem ocorrendo de forma desordenada na região de ocorrência da espécie (Borelli, 2006), o que vem causando declínio contínuo na área, extensão e qualidade de habitat do táxon. Mesmo dentro de áreas protegidas de proteção integral, como o Parque Estadual da Serra do Mar, ameaças como mineração, desmatamento, implantação de infraestrutura e sistemas viários ainda ocorrem, e são classificados como pressões antrópicas extremas dentro dos limites desta Unidade de Conservação (SEMA, 2008). Diante deste cenário, infere-se assim declínio contínuo em área, extensão e qualidade de habitat, restrito e fragmentado. Assim, S. atlantica foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas) urgentes de modo a se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Último avistamento: 2008
Quantidade de locations: 2
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Harv. Pap. Bot. 14(2), 101, 2009. É reconhecido pelas folhas jovens com margem sem glândulas ou raramente com 1–3 glândulas caducas precoces por cm, um disco piloso e semelhante a cúpula a cilíndrico na flor e óvulos férteis de 0,2–0,5(–0,6) mm de comprimento. A espécie também é incomum em seus pecíolos avermelhados em pelo menos algumas folhas de cada ramo, lâminas de folhas jovens densamente cinza ou branco-tomentosas abaxialmente e flores maduras com estames arqueados para dentro obscurecendo o disco, estilete e estigma (raramente apenas o disco e estilo) (Filho et al., 2009). Popularmente conhecida como azeitoninha-das-nuvens (Romão et al., 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree, bush
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Campo de Altitude, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 3.7 Subtropical/Tropical High Altitude Shrubland, 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore ou arbusto com até 9 m de altura (Filho et al., 2009). Ocorre na Mata Atlântica, em Campos de Altitude e Floresta Ombrófila (Romão et al., 2020).
Referências:
  1. Romão, G.O., Cabral, A., Santos, F.B.D., Aranha Filho, J.L.M., 2020. Symplocaceae. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB111130 (acesso em 08 de setembro de 2020)
  2. Filho, J.L.M.A., Bertoncello, R., Fritsch, P.W., Almeda, F., Martins, A.B., 2009. Symplocos atlantica (Symplocaceae), a new species from the atlantic rain forest of Brazil. Harv. Pap. Bot. 14, 101–104. https://doi.org/10.3100/025.014.0201

Reprodução:

Detalhes: Coletada com flores em outubro e novembro, e com frutos de novembro a fevereiro (Filho et al., 2009).
Referências:
  1. Filho, J.L.M.A., Bertoncello, R., Fritsch, P.W., Almeda, F., Martins, A.B., 2009. Symplocos atlantica (Symplocaceae), a new species from the atlantic rain forest of Brazil. Harv. Pap. Bot. 14, 101–104. https://doi.org/10.3100/025.014.0201

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.3 Tourism & recreation areas past,present,future local low
O município de Ubatuba (SP) trata-se de uma região de expressiva diversidade biológica, tendo como recursos paisagísticos, além da costa litorânea, composta por praias de rara beleza, a Serra do Mar e a Mata Atlântica. Essas características configuram-se num forte apelo à implantação de empreendimentos imobiliários voltados ao turismo, representado, principalmente, pelas residências secundárias. Especulação imobiliária, loteamentos irregulares, turismo predatório, assentamentos clandestinos, crescimento demográfico com significativo movimento migratório, são elementos que tipificam o processo de urbanização que vem ocorrendo de forma desordenada na região (Borelli, 2006). Nesse contexto, inclui-se também o município de Paraty (RJ).
Referências:
  1. Borelli, E., 2006. Cidade e natureza: análise da gestão ambiental da zona costeira do litoral norte paulista. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tese de Doutorado. São Paulo.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying habitat past,present,future local medium
A mineração foi classificada no Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar como um vetor de pressão antrópica extrema (SEMA, 2008).
Referências:
  1. SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 2008. Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar. Inst. Florest. do Estado São Paulo. Proj. Preserv. da Mata Atlântica e Inst. EKOS Bras. URL https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/fundacaoflorestal/planos-de-manejo/planos-de-manejo-planos-concluidos/plano-de-manejo-pe-serra-do-mar/ (acesso em 04 de setembro de 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 4.2 Utility & service lines habitat past,present,future local medium
As ferrovias, linhas de alta tensão e rodovias não pavimentadas foram classificada no Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar como vetores de pressão antrópica muito alta, ao passo que dutos e rodovias pavimentadas foram considerados vetores de pressão extrema. A implementação da infra-estrutura de comunicação entre o planalto e o litoral, traduzida nos sistemas viários, redes de transmissão de energia, oleodutos, gasodutos e torres repetidoras, assim como a ocupação clandestina das encostas, cria um cenário de fragmentação e perda de habitat. No Parque Estadual da Serra do Mar contribuem diretamente para a perda e fragmentação de habitat a infra-estrutura viária, a existência de dutos, a expansão urbana, dentre muitos outros aspectos (SEMA, 2008). As linhas de transmissão da usina termoelétrica para ligar ao sistema nacional passariam por dentro de áreas protegidas como o Parque Estadual da Serra do Mar e a Estação Ecológica Jureia-Itatins (Gastrading Comercializadora de Energias S.A. e Tetra Tech Engenharia e Consultoria Ltda., 2016).
Referências:
  1. SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 2008. Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar. Inst. Florest. do Estado São Paulo. Proj. Preserv. da Mata Atlântica e Inst. EKOS Bras. URL https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/fundacaoflorestal/planos-de-manejo/planos-de-manejo-planos-concluidos/plano-de-manejo-pe-serra-do-mar/ (acesso em 04 de setembro de 2019).
  2. Gastrading Comercializadora de Energias S.A., Tetra Tech Engenharia e Consultoria Ltda., 2016. Relatório de Impacto Ambiental - RIMA Projeto Verde Atlântico Energias. Relatório Impacto Ambiental. - RIMA. URL http://docplayer.com.br/54565682-Relatorio-de-impacto-ambiental-rima-projeto-verde-atlantico-energias.html (acesso em 17 de fevereiro de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 5.3.5 Motivation Unknown/Unrecorded habitat past,present,future local medium
O desmatamento foi classificado no Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar como um vetor de pressão antrópica muito alta e a extração de madeira como uma pressão alta. As florestas de encosta apresentam grande diversidade e estão sujeitas aos diversos tipos de perturbações (caça, corte seletivo, poluição, ocupação irregular) (SEMA, 2008).
Referências:
  1. SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 2008. Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar. Inst. Florest. do Estado São Paulo. Proj. Preserv. da Mata Atlântica e Inst. EKOS Bras. URL https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/fundacaoflorestal/planos-de-manejo/planos-de-manejo-planos-concluidos/plano-de-manejo-pe-serra-do-mar/ (acesso em 04 de setembro de 2019).

Ações de conservação (3):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente-SEA: Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental de Cairuçu, Parque Estadual da Serra do Mar e Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Ação Situação
5.1.3 Sub-national level on going
A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (SMA, 2016).
Referências:
  1. SMA - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2016. Resolução nº 57, de 05 de junho de 2016. Lista de espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 07/06/2016, Seção I, pp. 69-71. URL https://cetesb.sp.gov.br/licenciamentoambiental/wp-content/uploads/sites/32/2019/05/Resolução-SMA-nz-57-2016.pdf (acesso em 08 de setembro de 2020).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.