LOGANIACEAE

Strychnos dantaensis E.A. Manoel, Carrijo & E.F. Gim.

CR

EOO:

0,00 Km2

AOO:

8,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie é endêmica do Brasil, ocorrendo exclusivamente no estado do Rio de Janeiro (BFG, 2015); Manoel et al. (2012) indicam sua presença somente em florestas de baixada na área da Reserva Biológica (REBIO) de Poço das Antas, localidade típica da espécie. Até o presente momento, S. dantaensis é conhecida somente pelo seu material-tipo, coletado em 2001 dentro dos limites da referida unidade de conservação.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Luiz Santos Filho
Revisor: Tainan Messina
Critério: B2ab(ii,iii)
Categoria: CR
Justificativa:

Esta espécie arbórea terrícola representa um endemismo restrito nas florestas de baixada, permanente ou periodicamente inundáveis que, no passado, ocupavam grandes extensões nas terras baixas do estado do Rio de Janeiro (BFG, 2015). Descrita recentemente com base em material coletado em 2001 dentro dos limites da Reserva Biológica de Poço das Antas, sua forma de vida arbórea é única dentre as espécies de Strychnos L. que ocorrem no estado. Permanece desde a sua descrição até hoje sem novos registros, mesmo em sua localidade típica, frequentemente visitada por botânicos. Com AOO=4 km², aparentemente protegida dentro dos limites de unidade de conservação de proteção integral, a subpopulação conhecida da espécie se desenvolve em área que sofre com a presença humana histórica, cujas práticas agrícolas diversas acabaram suprimindo a vegetação nativa de grande parcela do território. Atualmente, a vegetação da Rebio é composta por campos antrópicos e diversas formações florestais em diferentes estágios de regeneração, resultado desse processo histórico de ocupação humana e da consequente fragmentação dos hábitats (ICMBio, 2005). Além disso, a área de coleta da espécie pode ter sofrido com o incêndio ocorrido na Rebio Poço das Antas em 2014 (Pessoa, com. pess.). Devido a essas ameaças, infere-se o declínio contínuo de AOO e de qualidade do hábitat. Sugere-se esforços de conservação específicos para garantir a perpetuação dos indivíduos na natureza, além de ações de pesquisa para se localizar possíveis novas subpopulações, tanto na localidade típica como em áreas reconhecidas como potenciais para sua ocorrência.

Último avistamento: 2001
Quantidade de locations: 1
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

A espécie foi descrita na obra Systematic Botany 37(1): 254–257, fig. 1. 2012. O epíteto refere-se a localidade onde o material-tipo foi coletado (REBIO Poço das Antas); pode ser facilmente diferenciada de suas congêneres fluminenses pela sua forma de vida arbórea, única dentre as espécies de Strichnos que ocorrem no estado do Rio de Janeiro. Assemelha-se a S. trinervis pelo tamanho e formato da corola, posicionamento das anteras, frutos globosos e sementes discoides, podendo ser facilmente diferenciada desta por seu porte arbóreo, ausencia de gavinhas, lobos do cálice ovados e anteras oblongas (Manoel et al., 2012). Em conversa com a coletora da espécie, S.V.A. Pessoa, foram levantadas informações mais apuradas da localidade coletada: espécie arbórea na semi-heliófila, de subdossel, no fragmento B da área de estudo do seu doutorado. A área está localizada a direita da represa de Juturnaíba. A coletora salienta que o mateiro sr. Adilson que a acompanhava, sabe a localização da planta e que o acesso aos fragmentos é difícil na época chuvosa, pois as pastagens e turfas do caminho ficam alagadas (S.V.A. Pessoa com. pes.).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Apesar de não existir nenhuma prospecção específica de potencial valor econômico para S. dantaensis, outras Strychnos possuem amplo uso na medicina popular de povos ameríndios, o que levou a industria farmaceutica a demonstrar interesse neste grupo de plantas (Krukoff and Monachino 1942; Manoel et al., 2012).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Número de subpopulações: circa • 1
Número de indivíduos na maior subpopulação: circa • 200
Detalhes: A espécie possui apenas uma subpopulação conhecida situada na localidade típica (REBIO Poço das Antas); apesar de não existirem estimativas em relação ao número de indivíduo na subpopulaão conhecida, suspeita-se que a espécie não seja frequente em sua região de ocorrência, uma vez que o esforço amostral na área é considerável e mesmo assim S. dantaensis não é recoleta desde 2001 (S.V.A. Pessoa 1046).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: unkown
Luminosidade: esciophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa Submontana, Floresta Ombrófila Densa Aluvial
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Única representante fluminense deste gênero de porte arbóreo, cerca de 8 m de altura; terrestre, ocorre em Floresta Ombrófila Densa submontana ou aluvial, periodica ou permanentemente alagável (Manoel et al., 2012; BFG, 2015).
Referências:
  1. Manoel, E.A., Carrijo, T.T., Guimarães, E.F. 2012. A new species of Strychnos sect. longiflorae (Loganiaceae). Systematic Botany, 37(1):254-257.
  2. BFG (The Brazil Flora Group), 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66(4):1085–1113. doi: 10.1590/2175-7860201566411

Reprodução:

Detalhes: A espécie foi encontrada com flores durante o mês de agosto (S.V.A. Pessoa 1046)
Fenologia: flowering (Aug~Aug)
Estratégia: unknown
Sistema: unkown

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,occupancy past local high
A vegetação da REBIO Poço das Antas é caracterizada pela presença de campos antrópicos e diversas formações florestais em diferentes estágios de regeneração, resultado do processo histórico de ocupação humana e consequente fragmentação dos habitats (ICMBio, 2005). Na atualidade não há mais ocupações humanas na UC.
Referências:
  1. ICMBio, 2005. Revisão do Plano de Manejo da Reserva Biológica de Poço das Antas - Encarte 1. Brasil.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat,occurrence past,present local high
Um intenso processo de intervenção ocorreu na Bacia do Rio São João e modificou as áreas circunvizinhas à REBIO Poço das Antas, outrora caraterizadas pela floresta de restinga, planície costeira, floresta de encosta atlântica, manguezais e vegetação típica de pântanos. Contribuíram para isso principalmente os desmatamentos para a implementação de cultivos e pastagens, além de abertura de estradas e execução de obras de engenharia nesta bacia e a barragem de Juturnaíba (ICMBio, 2005).
Referências:
  1. ICMBio, 2005. Revisão do Plano de Manejo da Reserva Biológica de Poço das Antas - Encarte 1. Brasil.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity habitat,occurrence past,present local high
A Reserva Biológica de Poço das Antas apresenta hoje um aspecto fitofisionômico bastante empobrecido quanto a sua cobertura vegetal primitiva. A ação antrópica, principalmente pela exploração seletiva de essências florestais e pelo fogo contribuiram para o desaparecimento de amplos trechos de formações florestais, sobretudo, nas planícies de inundação;frente aos incêndios frequentes e intensos ocorridos nos últimos anos, há necessidade de uma urgente reavaliação em relação a proteção efetiva desta importante área (Lima et al., 2006). Houve um incêndio criminoso no verão de 2014 que devastou a área de baixada, turfeira e de pequenas encostas com plantios de restauração florestal, queimando 1000 ha da Rebio, correspondendo a 1/5 do território da UC. (P. Rosa com. pes.; Amda, 2014).
Referências:
  1. Lima, H.C., Pessoa, S.V.A., Guedes-Bruni, R.R., Moraes, L.F.D., Granzotto, S.V., Iwamoto, S., Ciero, J.D., 2006. Caracterização fisionomico-florística e mapeamente da vegetação da Reserva Biológica de Poços das Antas, Silva Jardim, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia 57 (3): 369-389.
  2. Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda). 2014. RJ: Reserva Biológica de Poço das Antas tem mil hectares destruídos por incêndio. Disponível em: http://www.amda.org.br/?string=interna-noticia&cod=6700. Acesso em: 06/1/2017

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.1 Site/area protection needed
A unica subpopulação conhecida desta espécie encontra-se protegida dentro dos limites da Reserva Biológica de Poços das Antas, local onde também é conduzido o projeto de recuoeração das populações de Leontopithecus rosalia L. (mic0-leão-dourado), o que alça luz à proteção efetiva dos remanescentes florestais desta importante unidade de conservação, uma das poucas áreas aonde ainda é possível encontrar florestas aluviais em bom estado de conservação (Guedes-Bruni et al., 2006; Manoel et al., 2012).
Referências:
  1. Manoel, E.A., Carrijo, T.T., Guimarães, E.F. 2012. A new species of Strychnos sect. longiflorae (Loganiaceae). Systematic Botany, 37(1):254-257.
  2. Guedes-Bruni, R. R., Silva Neto, S.J., Morim, M.P., Mantovani, W. 2006. Composição florística e estrutura de dossel em trecho de floresta ombrófila densa atlântica sobre morrote mamelonar na Reserva Biológica de Poço das Antas, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia. 57: 429–442.
Ação Situação
5.1.4 Scale unspecified on going
Em sua descrição, a espécie foi categorizada por Manoel et al.(2012) como Em Perigo (EN) em relação ao seu risco de extinção.
Referências:
  1. Manoel, E.A., Carrijo, T.T., Guimarães, E.F. 2012. A new species of Strychnos sect. longiflorae (Loganiaceae). Systematic Botany, 37(1):254-257.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural stalk
S. dantaensis não possui nenhum uso descrito até o momento. Entretanto, congêneres sul-americanas são amplamente utilizadas por povos ameríndios, que utilizam extratos feitos com a casca destas plantas (curare).
Referências:
  1. Krukoff, B. A., J. Monachino. 1942. The American species of Strychnos. Brittonia 4: 248–322.
  2. Manoel, E.A., Carrijo, T.T., Guimarães, E.F. 2012. A new species of Strychnos sect. longiflorae (Loganiaceae). Systematic Botany, 37(1):254-257.