Anacardiaceae

Spondias globosa J.D.Mitch. & Daly

LC

EOO:

186.764,658 Km2

AOO:

64,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

A espécie não é endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). No Brasil, apresenta distribuição: no estado do Acre — nos municípios Brasiléia, Bujari, Manoel Urbano, Porto Acre, Rio Branco, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira —, e no estado do Amazonas — nos municípios Amaturá e Atalaia do Norte.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Eduardo Fernandez
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore com até 40 m de altura (Mitchell e Daly, 2015), não é endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). No Brasil, apresenta distribuição no estado do Acre, municípios Brasiléia, Bujari, Manoel Urbano, Porto Acre, Rio Branco, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira, e no estado do Amazonas, municípios Amaturá e Atalaia do Norte. Ocorre na Amazônia, em Área Antrópica, Floresta de Igapó, Floresta de Terra Firme e Floresta de Várzea (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Apresenta EOO= 151897km², constante presença em herbários e coletas recentes (2017). A espécie poderia ser considerada Em Perigo de extinção pelo critério B2, entretanto EOO supera muito o limiar para categoria de ameaça, registros em Unidades de Conservação de Proteção Integral e ainda, não possui especificidade de habitat. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua perpetuação na natureza. Assim, foi considerada como Menor Preocupação (LC) neste momento, demandando ações de pesquisa (tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.

Último avistamento: 2017
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: PhytoKeys 55, 27, 2015. É afim de S. mombin por causa do indumento semelhante, as inflorescências altamente ramificado, disco curto, espesso e frutos de tamanho semelhante, mas difere pela casca externa sem projeções espinhosas (vs. projeções corky, tubercular ou espinosa), veias intersecundárias paralelas às secundárias e fortes, muitas vezes atingindo a veia intramarginal (vs. intersecundárias reticuladas e fracas, geralmente não atingindo a veia intramarginal), terciários intercostais surgindo na ou próximo à veia intramarginal (vs. terciários intercostais principalmente reticulados irregulares), frutas globosas a ovóides deprimidas, raramente muito ligeiramente oblongas de obovóide (vs. oblongas ou menos frequentemente elipsóides, ou ligeiramente oblongo-ovóides) (Mitchell e Daly, 2015). Popularmente conhecida como caja e taperebá no Norte, taperibá (Mitchell e Daly, 2015, Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Área antrópica, Floresta de Igapó, Floresta de Terra-Firme, Floresta de Várzea
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 1.8 Subtropical/Tropical Swamp Forest, 14.5 Urban Areas
Detalhes: Árvore com até 40 m de altura (Mitchell e Daly, 2015). Ocorre na Amazônia, em Área Antrópica, Floresta de Igapó, Floresta de Terra Firme e Floresta de Várzea (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 2015. A revision of Spondias L. (Anacardiaceae) in the Neotropics. PhytoKeys 55, 1–92. https://doi.org/10.3897/phytokeys.55.8489
  2. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Spondias. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB124384 (acesso em 09 de outubro de 2020)

Reprodução:

Detalhes: No sudoeste da Amazônia, esta espécie floresce em setembro-novembro e frutifica em outubro-maio, mas no noroeste da Amazônia os dados de coleta indicam que ela pode ser encontrada em floração e frutificação o ano todo (Mitchell e Daly, 2015).
Fenologia: flowering (Sep~Nov), fruiting (Oct~May)
Dispersor: A tartaruga de pés amarelos, Geochelone (Chelonoidis) denticulata, foi observada dispersando os frutos de S. globosa (como S. venulosa) na Amazônia Peru e Colômbia (Mitchell e Daly, 2015).
Síndrome de dispersão: saurochory
Sistema sexual: hermafrodita
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 2015. A revision of Spondias L. (Anacardiaceae) in the Neotropics. PhytoKeys 55, 1–92. https://doi.org/10.3897/phytokeys.55.8489

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future national very high
Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020), na região Norte, em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012).
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. Fearnside, P.M., 2001. Soybean cultivation as a threat to the environment in Brazil. Environ. Conserv. 28, 23–38. URL https://doi.org/10.1017/S0376892901000030
  3. Vera-Diaz, M. del C., Kaufmann, R.K., Nepstad, D.C., Schlesinger, P., 2008. An interdisciplinary model of soybean yield in the Amazon Basin: The climatic, edaphic, and economic determinants. Ecol. Econ. 65, 420–431. URL https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2007.07.015
  4. Gasques, J.G., Bastos, E.T., Valdes, C., Bacchi, M.R.P., 2012. Total factor productivity in Brazilian Agriculture, in: Fuglie, K.O., Wang, S.L., Ball, V.E. (Eds.), Productivity Growth in Agriculture: An International Perspective. CABI, Oxfordshire, pp 145-161.
  5. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, 2020. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. URL www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9201-levantamento-sistematico-da-producao-agricola.html
  6. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. URL https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  7. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2019. Projeções do Agronegócio: Brasil 2018/19 a 2028/29, projeções de longo prazo. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola, Brasília. URL http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_estatistico/Projecao_do_Agronegocio_2018_2019_a_2028_29.pdf
  8. MapBiomas, 2020. Plataforma MapBiomas v.4.1 - Base de Dados Cobertura e Uso do Solo. URL https://plataforma.mapbiomas.org/map#coverage (acesso em 03 de junho de 2020).
  9. Martorano, L., Siviero, M., Tourne, D., Fitzjarrald, D., Vettorazzi, C., Junior, S., Alberto, J., Yeared, G., Meyering, É., Sheila, L., Lisboa, S., 2016. Agriculture and forest: A sustainable strategy in the brazilian amazon. Austral. J. Crop Sci. 8, 1136–1143. URL https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/147006/1/martorano-10-8-2016-1136-1143.pdf
  10. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon Soy and Beef Industries: Opportunities for Conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603. URL https://doi.org/10.1111/j.1523-1739.2006.00510.x
  11. Domingues, M.S., Bermann, C., 2012. O arco de desflorestamento na Amazônia: da pecuária à soja. Ambient. Soc. 15, 1–22. URL https://doi.org/10.1590/S1414-753X2012000200002
  12. Simon, M.F., Garagorry, F.L., 2005. The expansion of agriculture in the brazilian amazon. Environmental Conservation 32, 203–212. URL https://doi.org/10.1017/s0376892905002201
  13. TerraClass, 2020. Projeto TerraClass, Dados 2014. URL https://www.terraclass.gov.br (acesso em 05 de junho de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional medium
Os municípios Brasiléia (AC), Bujari (AC), Porto Acre (AC), Rio Branco (AC) e Sena Madureira (AC) possuem, respectivamente, 29,8% (116722,3ha), 36,28% (110098ha), 45,39% (118227,1ha), 26,98% (238417,8ha) e 6,41% (152125,3ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2018. Municípios: Brasiléia (AC), Bujari (AC), Porto Acre (AC), Rio Branco (AC) e Sena Madureira (AC) . URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 20 de março de 2020).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Igarapé São Francisco e Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema.
Ação Situação
4.3 Awareness & communications on going
De acordo com Mitchell e Daly (2015) este táxon é muito difundido na Amazônia e pode ser considerado de menor preocupação (LC), exceto em Zulia, Venezuela (bacia hidrográfica de Maracaibo), onde resta muito pouca floresta de várzea e onde foi coletada apenas uma vez.
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 2015. A revision of Spondias L. (Anacardiaceae) in the Neotropics. PhytoKeys 55, 1–92. https://doi.org/10.3897/phytokeys.55.8489

Ações de conservação (4):

Uso Proveniência Recurso
2. Food - animal natural fruit
Os frutos constituem uma importante fonte de alimento por vários animais, comido por animais de caça e em tempos de escassez para primatas, como o macaco-lanudo (Mitchell e Daly, 2015).
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 2015. A revision of Spondias L. (Anacardiaceae) in the Neotropics. PhytoKeys 55, 1–92. https://doi.org/10.3897/phytokeys.55.8489
Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural fruit
Frutas comestíveis, polpa de fruta usada para fazer suco de fruta. Muito apreciadas e frequentemente vendidas no mercado de Iquitos, no Acre, utilizada na preparação de um molho de tucupi que combina pimenta com suco de frutas de S. globosa (Mitchell e Daly, 2015).
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 2015. A revision of Spondias L. (Anacardiaceae) in the Neotropics. PhytoKeys 55, 1–92. https://doi.org/10.3897/phytokeys.55.8489
Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural whole plant
Casca cozida com água ingerida para diarreia. Para diarreia crônica, é utilizado um chá com 1 kg de casca finamente picada e ingerido duas vezes ao dia, a mistura líquida também é indicada como ducha vaginal para tratar flor blanca (‘infecções por fungos?’), ou aplicada em feridas infectadas (Mitchell e Daly, 2015).
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 2015. A revision of Spondias L. (Anacardiaceae) in the Neotropics. PhytoKeys 55, 1–92. https://doi.org/10.3897/phytokeys.55.8489
Uso Proveniência Recurso
7. Fuel natural stalk
Galhos e troncos usados como lenha (Mitchell e Daly, 2015).
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 2015. A revision of Spondias L. (Anacardiaceae) in the Neotropics. PhytoKeys 55, 1–92. https://doi.org/10.3897/phytokeys.55.8489