Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), foi documentada exclusivamente no estado do CEARÁ, municípios de Maranguape (Ducke 2389), Meruoca (Fernandes 1986), Parambú (Castro 868), Santana do Acaraú (Araújo 478), Ubajara (Araújo 58).
endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi documentada em vegetação de Carrasco associado a Caatinga no estado do Ceará, municípios de Maranguape, Meruoca, Parambú, Santana do Acaraú e Ubajara. Possui distribuição relativamente ampla, porém restrita a formações arbustiva-arbóreas, AOO=20 km² e quatro situações de ameaça, considerando-se o grau de perturbação ao qual os municípios em que foi documentada se encontram. Sabe-se que entre 30,4% e 51,7% da área da Caatinga foi alterada por atividades antrópicas. A extração de madeira para uso industrial das árvores da Caatinga, principalmente para a produção de carvão ( feito de forma ilegal e descontrolada), contribui fortemente para modificar a densidade e a estrutura da vegetação remanescente (Gariglio et al., 2010). A pecuária também representa um distúrbio crônico na Caatinga e tem efeitos negativos sobre a diversidade de plantas (Ribeiro et al., 2015). Neste contexto, apenas 1,75% da área original da Caatinga é protegida por Unidades de Conservação de proteção integral e 7% por Unidades de Conservação de Uso Sustentável, o que a coloca como um dos biomas menos protegido dentre todos os biomas brasileiros (MMA 2011; Brasil 2018a,b). Adicionalmente, a espécie não foi documentada dentro dos limites de nenhuma Unidade de Conservação. Poderia ser considerada Em Perigo (EN) pelo seu valor de AOO, porém, não aparenta apresentar alta especifidade de habitat e foi registrada de forma esparsa em área ainda carentes de esforços de coleta dentro de sua extensa EOO. Assim, diante desse cenário, considera-se S. cearensis Vulnerável (VU) à extinção neste momento, com base em seu valor de AOO e no número de situações de ameaça inferior a cinco, com provável incidência de vetores de stress levando as subpopulações conhecida do táxon a declínio continuo e acentuado. Infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat e potencialmente, no número de indivíduos maduros e no número de situações de ameaça. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, censo e tendências populacionais, busca por novas áreas de ocorrência) e conservação (Plano de Ação, Plano de Manejo Sustentável e garantia de efetividade de Unidade de Conservação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para partes de sua região de ocorrência.
Descrita originalmente em: Phytotaxa 288(2): 182, f. 1. 2016. É morfologicamente próxima a S. tubulifera (Terra e Garcia, 2016).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 1.1 Housing & urban areas | habitat | past,present,future | regional | high |
A Caatinga sustenta mais de 23 milhões de pessoas (11,8% da população brasileira) e é uma das regiões semiáridas mais populosas do mundo, com 26 habitantes km-1 (Medeiros et al., 2012; Ribeiro et al., 2015). Novos cenários, como a transposição do rio São Francisco, podem mudar o paradigma de que a região semiárida não é apta para o desenvolvimento econômico e intensificar processos que levam a perda da diversidade florística (Costa et al., 2009). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.3 Agro-industry farming | habitat,occurrence | past,present,future | regional | high |
Tradicionalmente, a região Nordeste destacava-se pela produção de cana-de-açúcar cultivada sobre a Caatinga (Kohlhepp, 2010). Apesar disso, a região não apresentava bons níveis de produtividade devido as suas condições ambientais (Kohlhepp, 2010; Waldheim et al., 2006). A partir de diversos incentivos governamentais, do crescente interesse na produção de biocombustíveis (Gauder et al., 2011; Kohlhepp, 2010; Koizumi, 2014; Loarie et al., 2011) e da aplicação de novas técnicas de produção, dentre elas a irrigação e melhoramento de cultivares, o cultivo de cana-de açúcar passou a expandir sua área de cultivo (Costa et al., 2011; Ferreira-Junior et al., 2014; Loarie et al., 2011; Silva et al., 2012). Similarmente, a região destaca-se na produção de algodão (Borém et al., 2003; Vidal-Neto e Freire, 2013), frutas (Vidal e Ximenes, 2016) e, nas últimas décadas, o cultivo de soja tem expandido (Sanches et al., 2005). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming | habitat | past,present,future | regional | high |
A pecuária é uma das principais fontes de renda e subsistência para os habitantes da Caatinga (Antongiovanni et al., 2018). Em geral, bovinos, caprinos e ovinos são criados em regime de liberdade, tendo acesso à vegetação nativa como base de sua dieta (Marinho et al. 2016). Na Caatinga e em outras regiões semiáridas, o pastejo tem sido associado à compactação do solo, redução na sobrevivência de plântulas e mudas, consumo de biomassa de dossel, alteração da riqueza e composição das plantas (Marinho et al. 2016). Além disso, a sinergia entre o efeito do gado pastando em remanescentes semiáridos e a invasão de espécies exóticas tem sido relatada (Hobbs, 2001). A pecuária é um distúrbio crônico na Caatinga que tem efeitos negativos sobre a diversidade de plantas (Ribeiro et al., 2015). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 4.1 Roads & railroads | habitat,occurrence | present,future | regional | high |
Castelletti et al. (2004) modelaram os efeitos das estradas sobre a vegetação de Caatinga e adicionaram novos valores às áreas já utilizadas para agricultura e pastagem estimadas pelo IBGE. A área de Caatinga modificada obtida pelos autores variou de 223.100km² a 379.565km². Esses números indicam que entre 30,4% e 51,7% da área da Caatinga foi alterada por atividades antrópicas. A primeira estimativa coloca a Caatinga como o terceiro ecossistema mais degradado do Brasil, atrás da Mata Atlântica e do Cerrado. A segunda estimativa, entretanto, eleva a Caatinga para o segundo ecossistema mais degradado do Brasil, passando à frente do Cerrado. Contudo, é possível que mesmo esses valores ainda estejam subestimados, porque é difícil dimensionar a extensão da perda dos ecossistemas naturais e da flora e fauna do Nordeste brasileiro nos últimos 500 anos. Os registros históricos produzem pistas pequenas, mas dramáticas, sobre a destruição em larga escala que tem devastado a região desde 1500, e mesmo os maiores remanescentes da Caatinga têm, provavelmente, sido alterados desde os tempos pré-Colombianos (Leal et al., 2005). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 5.3.4 Unintentional effects: large scale (species being assessed is not the target) [harvest] | habitat,occurrence | past,present,future | regional | high |
A extração de madeira para carvão, construção civil e uso doméstico tem sido uma ameaça generalizada à Caatinga por muitos séculos. Historicamente, árvores grandes e maduras eram altamente valiosas ao ponto de serem suprimidas a virtualmente desaparecerem da paisagem. O uso industrial das árvores da Caatinga para a produção de carvão, que é parcialmente feito de forma ilegal e descontrolada, contribui fortemente para modificar a densidade e a estrutura da vegetação remanescente (Gariglio et al., 2010). O uso de madeira e carvão para uso doméstico (por exemplo, forno a lenha) também não é desprezível, correspondendo a 30% do que é extraído anualmente (Gariglio et al., 2010).A Caatinga ocupava originalmente 826.411 km² do território brasileiro, porém atualmente cerca de metade de sua cobertura vegetal foi perdida devido à ocupação humana (Antongiovanni et al., 2018; Marinho et al., 2016). Os ambientes remanescentes, encontram-se sob intensa pressão da extração de madeira, pecuária e caça (Marinho et al., 2016). Apenas 1,75% da área original da Caatinga é protegida por Unidades de Conservação de Proteção Integral e 7% por Unidades de Conservação de Uso Sustentável, o que a coloca como um dos biomas menos protegido dentre todos os biomas brasileiros (MMA 2011; Brasil 2018a,b). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.3 Agro-industry farming | habitat | present | local | high |
O município de Baturité, no estado do Ceará, com 30.858 ha, tem 12,61% do seu território transformado em cultivo de milho (3590 ha) e cana-de-açucar (302 ha) (Lapig, 2018). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming | habitat,occurrence | past,present | local | high |
A transformação do uso do solo no município de Ubajara (CE) com 42.300 ha é representada por 2.120 ha de áreas de cultivo anual e perene somados à um mosaico de agricultura e pastagem de 3.140 ha, distribuídos entre 16.435 ha de formação florestal natural, 17. 478 ha de savana e 413 ha de formação campestre (Mapbiomas, 2019). No período entre 2001 e 2017, o município de Ubajara (CE) com 42.300 ha perdeu ca.1.330 ha, equivalente a 7.1% de redução desde 2000, o que significou mais de 70.300 toneladas em emissões de CO₂ (GFW, 2019). | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | needed |
A espécie não foi documentada dentro dos limites de nenhuma Unidade de Conservação. |
Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não se conhecem usos efetivos ou potenciais para S. cearensis. |