Rutaceae

Pilocarpus jaborandi Holmes

Como citar:

Eduardo Amorim; Lucas Jordão. 2021. Pilocarpus jaborandi (Rutaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

495.457,94 Km2

AOO:

72,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Pirani e Groppo, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Barra, Caetité, Campo Alegre de Lourdes, Cruz das Almas, Morro do Chapéu e Mundo Novo —, no estado do Ceará — nos municípios Alcântaras, Araripe, Santana do Cariri, Tianguá e Viçosa do Ceará —, no estado do Maranhão — no município Barra do Corda —, e no estado do Piauí — no município São Raimundo Nonato.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2021
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Lucas Jordão
Critério: B2ab(iii)
Categoria: VU
Justificativa:

A espécie ocorre em Ocorre na Mata Atlântica e Caatinga, em Floresta Ombrófila, e provavelmente, em outras fitofisionomias não documentadas. Apresenta AOO=72km² e sete situações de ameaças. Considera-se as atividades agrícolas e pecuaristas como os principais vetores que possam levar as subpopulações à extinção e, as ocorrências em Áreas Protegidas. Os municípios em que a espécie ocorre, apresentam territórios significativamente convertidos em áreas de pastagem. Infere-se assim, declínio do qualidade de habitat. Assim, P. jaborandi foi considerada como Vulnerável (VU) à extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais e estudos de viabilidade populacional) e conservação (Cumprimento de efetividades de Unidades de Conservação e conservação ex situ) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Possivelmente extinta? Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Pharm. J. Trans. 22, 875, 1892. É afim de Pilocarpus pennatifolius, mas difere desta especialmente pela base arredondada dos folíolos e pecíolo bem canaliculado. Popularmente conhecida como jaborandi na Região Nordeste (Pirani e Groppo, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: Essa espécie foi introduzida na Europa como a droga Pernambuco jaborandi, e devido ao seu alto percentual de pilocarpina, era muito procurada pelos traficantes, mas a espécie é muito rara atualmente. Esta espécie provavelmente esteve raramente envolvida no envio (Kaastra, 1982). Pilocarpus jaborandi é uma das três espécies de Jaborandi que possui interesse comercial por ser a única fonte natural da droga pilocarpina, e, segundo o IBGE, o Estado do Maranhão, maior produtor de folhas de Jaborandi no Brasil extraiu 153 toneladas de folhas, segundo dados de 2019 (Pinheiro, C.U.B., 2002, IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2021).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: bush, small tree
Biomas: Mata Atlântica, Caatinga
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Arbustos ou arvoretas, ca. 3 a 7 m de altura (Pirani e Groppo, 2020, Tropical Plants Database, 2021). Ocorre na Mata Atlântica e Caatinga, em Floresta Ombrófila (Pirani e Groppo, 2020).
Referências:
  1. Pirani, J.R., Groppo, M. 2020. Rutaceae. Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB876 (acesso em 08 de julho de 2021)
  2. Tropical Plants Database, 2021. Pilocarpus jaborandi. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Pilocarpus+jaborandi (acesso em 20 de setembro de 2021).

Reprodução:

Fenologia: flowering (Sep~Nov), fruiting (Sep~Nov)

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat,occupancy past,present,future regional low
De acordo com o MapBiomas, o município Morro do Chapéu (BA) possui 8,12% (46669ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas (exceto soja e cana-de-açúcar), segundo dados de 2019 (MapBiomas, 2021a). A espécie apresenta 3,73% (119,39ha) da sua AOO útil (3200ha) em áreas de agricultura e 2,77% (88,79ha) em áreas de mosaico de agricultura e pastagem (MapBiomas, 2021b).
Referências:
  1. MapBiomas, 2021a. Projeto MapBiomas - Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, dados de 2019. Município: Morro do Chapéu (BA). URL https://mapbiomas-br-site.s3.amazonaws.com/Estat%C3%ADsticas/Dados_Cobertura_MapBiomas_5.0_UF-MUN_SITE_v2.xlsx (acesso em 19 de julho de 2021).
  2. MapBiomas, 2021b. Projeto MapBiomas - Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, dados de 2019. URL https://https://mapbiomas.org (acesso em 19 de julho de 2021).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future national medium
De acordo com o MapBiomas, os municípios Araripe (CE), Barra do Corda (MA), Caetité (BA), Campo Alegre de Lourdes (BA), Cruz das Almas (BA), Morro do Chapéu (BA), Mundo Novo (BA) e Santana do Cariri (CE) possuem, respectivamente, 18,45% (20248ha), 25,46% (132147ha), 30,64% (81256ha), 6,37% (18577ha), 75,71% (10533ha), 15,2% (87323ha), 26,75% (39915ha) e 10,41% (8905ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagens, segundo dados de 2019 (MapBiomas, 2021a). A espécie apresenta 4,03% (129,02ha) da sua AOO útil (3200ha) em áreas de pastagem e 2,77% (88,79ha) em áreas de mosaico de pastagem e agricultura (MapBiomas, 2021b).
Referências:
  1. MapBiomas, 2021a. Projeto MapBiomas - Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, dados de 2019. Municípios: Araripe (CE), Barra do Corda (MA), Caetité (BA), Campo Alegre de Lourdes (BA), Cruz das Almas (BA), Morro do Chapéu (BA), Mundo Novo (BA) e Santana do Cariri (CE). URL https://mapbiomas-br-site.s3.amazonaws.com/Estat%C3%ADsticas/Dados_Cobertura_MapBiomas_5.0_UF-MUN_SITE_v2.xlsx (acesso em 19 de julho de 2021).
  2. MapBiomas, 2021b. Projeto MapBiomas - Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, dados de 2019. URL https://https://mapbiomas.org (acesso em 19 de julho de 2021).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2014. Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014. Diário Oficial da União, 18/12/2014, Seção 1, p. 110-121. URL http://www.dados.gov.br/dataset/portaria_443 (acesso em 21 de outubro de 2021).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe, Área de Proteção Ambiental Dunas e Veredas do Baixo Médio São Francisco, Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba, Área de Proteção Ambiental Serra da Meruoca e Parque Nacional da Serra da Capivara.

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural leaf
Um alcaloide isolado da planta é comumente usado na medicina convencional, a planta está sendo colhida da natureza para este propósito. As folhas também são comumente usadas na medicina fitoterápica. Jaborandi tem sido usado na medicina tradicional na América do Sul, onde os nativos empregaram a planta como um remédio natural para epilepsia, convulsões, gonorreia, febre, gripe, pneumonia, inflamações gastrointestinais, doenças renais, psoríase, neurose e como um agente para promover a transpiração. Extensas pesquisas modernas comprovaram a eficácia de muitos desses tratamentos. As folhas contêm vários constituintes medicamente ativos, incluindo alcaloides; um óleo essencial; terpenos e ácido tânico. O alcaloide pilocarpina demonstrou ser responsável por grande parte da atividade biológica da planta — especialmente sua capacidade de induzir suor e salivação, bem como reduzir a pressão intraocular nos olhos. Este alcaloide foi isolado da planta e agora é amplamente utilizado na medicina convencional para o tratamento do glaucoma e como um agente para causar constrição da pupila do olho. A pilocarpina está sendo usada até mesmo como uma ferramenta para o diagnóstico da doença de Alzheimer em estágios iniciais; a resposta de constrição do olho ao alcaloide foi maior em pacientes com Alzheimer do que em controles. Comprimidos de pilocarpina também são fabricados e prescritos para pacientes com câncer para tratar a secura da boca e da garganta causada pela radioterapia, bem como para pacientes com síndrome de Sjogren. Outro alcaloide da folha, a jaborina, demonstrou neutralizar ou diminuir os efeitos da pilocarpina, o que significa que não se pode simplesmente relacionar a dosagem eficaz de um extrato de folha com base unicamente no conteúdo de pilocarpina do extrato. As folhas são consideradas anti-inflamatórias, cardíacas, diaforéticas, diuréticas, febrífugas, galactólogas e sialagogas. Em grandes doses, são eméticos. Eles também atuam como estimulantes da musculatura lisa do trato gastrointestinal, brônquios, ducto biliar e bexiga. Eles têm sido usados ​​por fitoterapeutas para o tratamento de uma série de queixas, incluindo bronquite, asma, pneumonia, difteria, resfriados e gripes, laringite, insuficiência renal, hepatite, diabetes, doenças renais, edema e febre. As folhas são usadas como um tônico capilar que, acredita-se, abre os poros e limpa os folículos capilares, evita a queda de cabelo e geralmente ajuda no manuseio do cabelo (Tropical Plants Database, 2021).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2021. Pilocarpus jaborandi. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Pilocarpus+jaborandi (acesso em 20 de setembro de 2021).
Uso Proveniência Recurso
5. Manufacturing chemicals natural leaf
As folhas contêm um óleo essencial que exala um cheiro de bálsamo aromático quando são esmagadas (Tropical Plants Database, 2021).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2021. Pilocarpus jaborandi. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Pilocarpus+jaborandi (acesso em 20 de setembro de 2021).