Lauraceae

Persea fusca Mez

Como citar:

Mary Luz Vanegas León; Patricia da Rosa. 2019. Persea fusca (Lauraceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

210.895,067 Km2

AOO:

36,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados de GOIÁS, municípios de Jataí (Hunt 6253); DISTRITO FEDERAL, municípios de Brasília (Heringer 7626), Planaltina (Irwin 18298); MINAS GERAIS, municípios de Caeté (Sobral 14516), Sacramento (Romero 2216), São Roque de Minas (Romero 1981).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Mary Luz Vanegas León
Revisor: Patricia da Rosa
Critério: B2ab(ii,iii,iv)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019) é popularmente conhecida por canela. Foi coletada em Cerrado (lato sensu) e Floresta Ciliar e/ou de Galeria associadas ao Cerrado no Distrito Federal e nos estados de Goiás e Minas Gerais. Apresenta AOO=36 km² e está sujeita a quatro situações de ameaça. No Cerrado a taxa de desmatamento tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Françoso, et al. 2015; Ratter, et al. 1997). Persea fusca foi coletada em áreas urbanas no entorno de Brasília e Belo Horizonte, a evolução da população e a densidade demográfica na área do Cerrado brasileiro tem valores baixos, se comparado ao restante do país, porém são crescentes (Santos, et al. 2010). Em Brasília, o senso demográfico de 2010 realizado pelo IBGE apontou 444 pessoas por quilômetro quadrado (IBGE, 2013). A espécie foi indicada como uma das mais relevantes em estudo da estrutura e dinâmica da regeneração natural de uma Mata de Galeria no DF, tanto no volume de mudas como em arvoretas (Oliveira e Felfili, 2005). Entretanto, é indicada como espécie de baixa densidade nestes mesmos ambientes, sendo considerada uma espécie clímax, preferencial da condição de dossel fechado (Felfilli, 1995; 1997). Nos municípios de ocorrência da espécie a criação de gado, e a silvicultura constituem fatores de pressão (Lapig, 2018) e o Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Canastra aponta a presença de espécies de animais e plantas exóticas como um conflito existente na região (MMA/ICMBio, 2005). Por outro lado, não existem dados sobre tendências populacionais e não são descritos usos efetivos ou potenciais que comprometam sua sobrevivência na natureza. Diante o exposto, infere-se o declínio contínuo em qualidade de habitat, além de redução nos valores de AOO. Assim, Persea fusca foi considerada Em Perigo (EN) de extinção neste momento. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, censo e tendências populacionais, busca por novas áreas de ocorrência) e conservação (Plano de Ação, garantia de efetividade de áreas protegidas) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para Minas Gerais.

Último avistamento: 2013
Quantidade de locations: 4
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita originalmente em Botanische Jahrbücher für Systematik, Pflanzengeschichte und Pflanzengeographie xxx. Beibl. lxvii. 14. 1901. Popularmente conhecida por canela. Até 2005, era conhecida somente pelas coleções-tipo, realizadas em Goiás (Moraes, 2004). A espécie pode ser diferenciada de P. aurata pela pubescência levemente crespa, lanosa (Moraes, 2004).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Não
Detalhes: A espécie foi indicada como uma das mais relevantes em estudo da estrutura e dinâmica da regeneração natural de uma Mata de Galeria no DF, tanto no volume de mudas como em arvoretas (Oliveira e Felfili, 2005). Entretanto, é indicada como espécie de baixa densidade nestes mesmo ambientes, sendo considerada uma espécie clímax, preferencial da condição de dossel fechado (Felfilli, 1995; 1997).
Referências:
  1. Oliveira, E.C.L.; Felfili, J.M., 2005. Estrutura e dinâmica da regeneração natural de uma mata de galeria no Distrito Federal, Brasil. Acta bot. bras. 19(4): 801-811.
  2. Felfili, J.M.; Abreu, H.M., 1999. Regeneração natural de Roupala montana Aubl., Piptocarpha macropoda Back. e Persea fusca Mez. em quatro condições ambientais na mata de galeria do Gama-DF. Cerne 5(2): 125-132.
  3. Felfili, J.M., 1995. Diversity, structure and dynamics of a gallery forest in central Brazil. Vegetatio, v.117, p.1-15.
  4. Felfili, J.M., 1997. Dynamics of the natural regeneration in the Gama gallery forest in central Brazil. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v.91, p.235-245.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Luminosidade: esciophytic
Biomas: Cerrado
Vegetação: Cerrado (lato sensu), Floresta Ciliar e/ou de Galeria
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Savana Arborizada
Habitats: 2 Savanna, 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Persea fusca é uma espécie de grande porte, seus indivíduos maduros atingem mais de 50 cm de diâmetro e 20 m de altura (Felfili e Abreu, 1999), com registros de coleta realizados em Cerrado (lato sensu) e Floresta Ciliar ou Galeria associadas ao Cerrado do Brasil Central (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Lauraceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB30219>. Acesso em: 11 Set. 2019
  2. Felfili, J.M. ;Abreu, H.M., 1999. Regeneração natural de Roupala montana Aubl., Piptocarpha macropoda Back. e Persea fusca Mez. em quatro condições ambientais na mata de galeria do Gama-DF. Cerne 5(2): 125-132.

Reprodução:

Detalhes: Registrada com flores em março (Romero 1981), maio (Romero 2216) e com frutos em abril (Sobral 14516), julho (Irwin 18298)
Fenologia: flowering (Mar~May), fruiting (Apr~Jul)
Estratégia: unknown
Sistema: unkown

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,occurrence past,present,future national very high
O Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa, e apenas 19,8% permanecem inalterados (Rachid et al., 2013). Entre 2002 e 2011, as taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores que na Amazônia. A proteção atual permanece fraca. As áreas protegidas públicas cobrem apenas 7,5% do bioma (em comparação com 46% da Amazônia) e, de acordo com o Código Florestal brasileiro, apenas 20% (em comparação com 80% na Amazônia) de terras privadas são destinadas a conservação (Strassburg et al., 2017). Como resultado, 40% da vegetação natural remanescente pode agora ser legalmente convertida (Soares-Filho et al., 2014). Estudos apontam que no Cerrado brasileiro restam apenas 50% da cobertura florestal natural. A taxa de desmatamento tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Françoso et al,. 2015, Ratter et al., 1997).
Referências:
  1. Strassburg, B.B.N., Brooks, T., Feltran-Barbieri, R., Iribarrem, A., Crouzeilles, R., Loyola, R., Latawiec, A.E., Oliveira-Filho, F.J.B., Scaramuzza, C.A.M., Scarano, F.R., Soares-Filho, B., Balmford, A., 2017. Moment of truth for the Cerrado hotspot. Nat.Ecol. Evol. 1, 0099.
  2. Soares-Filho, B., Rajão, R., Macedo, M., Carneiro, A., Costa, W., Coe, M., Rodrigues, H., Alencar, A., 2014. Cracking Brazil’s Forest Code. Science (80-. ). 344, 363–364.
  3. Ratter, J.A., Ribeiro, J.F., Bridgewater, S., 1997. The Brazilian cerrado vegetation and threats to its biodiversity. Ann. Bot. 80, 223– 230.
  4. Françoso, R.D., Brandão, R., Nogueira, C.C., Salmona, Y.B., Machado, R.B., Colli, G.R., 2015. Habitat loss and the effectiveness of protected areas in the Cerrado Biodiversity Hotspot. Nat. Conserv. 13, 35–40.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1 Fire & fire suppression habitat past,present,future regional high
Os incêndios florestais contribuem com a poluição atmosférica, com as mudanças climáticas e constituem um dos eventos mais danosos a alguns ecossistemas. No cerrado brasileiro, a ocorrência de fogo é um fenômeno antigo (Fiedler et al., 2004). Anualmente, grandes áreas das Unidades de Conservação do Cerrado são atingidas pelo fogo. Somente nas UCs do estado de Minas Gerais, cerca de 12.000 ha foram queimados em 1999. Goiás também apresenta extensões significativas de incendios florestais todos os anos. A propensão ao fogo na Serra da Canastra, onde a espécie ocorre, localizada no sul de Minas Gerais, caracterizada pela predominância de vegetação de campos nativos, juntamente com uma cultura de centenas de anos de utilização incorreta de queimadas para manejo agropecuário na região têm ocasionado incêndios de difícil controle (Fiedler et al., 2004). A área queimada no PNSC é, em média, muito superior à de outras áreas protegidas no Brasil (Magalhães et al., 2012). A maior parte das causas de incêndios na região do Parque são de origem antrópica, apesar da ocorrência de grande número de incêndios causados por raios (MMA/ICMBio, 2005).
Referências:
  1. Fiedler, N.C., Azevedo, I.N.C.; Rezende, A. V., Medeiros, M.B., Ventouili, F. 2004. Efeito de incêndios florestais na estrutura e composição florística de uma área de cerrado sensu stricto na Fazenda Água Limpa, DF. Revista Árvore, Viçosa, 28(1):129-138.
  2. Magalhães, S.R., Lima, G.S., Ribeiro, G.A., 2012. Avaliação dos incêndios florestais ocorridos no Parque Nacional da Serra da Canastra. Minas Gerais. Cerne, Lavras, 18(1):135-141.
  3. MMA/IBAMA- 2005. Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Canastra. Ministério do Meio ambiente/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis, disponível em <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/PM_PNSC_Resumo_Executivo.PDF> acessado em 25 de agosto de 2013.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat,occurrence past,present regional high
O município de Sacramento com 307326 ha tem 26,8% de seu território (82621 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de São Roque de Minas com 209886 ha tem 46% de seu território (96661ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Caeté com 54257 ha tem 2,2% de seu território (8363 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Canastra aponta a presença de espécies de animais e plantas exóticas como um conflito existente na região (MMA/ICMBio, 2005).
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 26 de novembro 2018).
  2. ICMBIO. Parque Nacional da Serra da canastra. Disponível em:<http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/cerrado/unidades-de-conservacao-cerrado/2009>, acessado em 28 de agosto .2013
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2.2 Agro-industry plantations habitat present,future local high
O município de São Roque de Minas com 209886 ha tem 0,9% de seu território (1975 ha) transformados em Floresta Plantada (Lapig, 2018). O município de Sacramento com 307326 ha tem 6,4% de seu território (19751 ha) transformados em Floresta Plantada (Lapig, 2018). O município de Caeté com 54257 ha tem 9,9% de seu território (5404 ha) transformados em Floresta Plantada (Lapig, 2018)
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 26 de novembro 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.1 Housing & urban areas habitat,occurrence past,present,future regional high
A evolução da população e a densidade demográfica na área do Cerrado Brasileiro tem valores baixos, se comparado ao restante do país, porém são crescentes (Santos et al., 2010). Em Brasília, o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE apontou 444,07 pessoas por quilômetro quadrado (IBGE, 2013). Ocorrência no Distrito Federal, em Fercal, em região de crescimento urbano acelerado (Aveline et al., 2011).
Referências:
  1. Santos, M.A., Barbieri, A.F., Carvalho, J.A.M., Machado, C.J., 2010. O cerrado brasileiro: notas para estudo. No. 387. Cedeplar, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD%20387.pdf >.
  2. Aveline, I., Bondes, J., Braga, L., 2011. A formação do “urbano” na Fecal a partir de agentes sociais: um estudo de caso em regiões esquecidas do Distrito Federal. Revista Brasília – (PN)
  3. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@ - Brasília . 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=530010&search=distrito-federal|brasilia>. Acessado em 11 set. 2013.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Foi documentada dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação: PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA, APA DA BACIA DOS RIBEIRÕES DO GAMA E CABEÇA DE VEADO, ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO PLANALTO CENTRAL, ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICA CAPETINGA/TAQUARA, RESERVA BIOLÓGICA DO GUARÁ, ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO SÃO BARTOLOMEU.
Ação Situação
2.1 Site/area management needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Centro-Minas - 10 (MG).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. Muitas lauráceas produzem óleos essenciais e apresentam potencial madeireiro (Quintet, Com. Pess.).