Fabaceae

Peltogyne lecointei Ducke

Como citar:

Eduardo Amorim; Eduardo Fernandez. 2021. Peltogyne lecointei (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

CR

EOO:

0,00 Km2

AOO:

8,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado do Pará — nos municípios Breu Branco e Paragominas.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2021
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Eduardo Fernandez
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: CR
Justificativa:

Árvore com até 28 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição no estado do Pará, municípios Breu Branco e Paragominas. Ocorre na Amazônia, em Floresta de Terra-Firme e Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Apresenta EOO= 8km², AOO= 8km² e severamente fragmentada. Peltogyne lecointei Ducke é citada como madeira de uso comercial (Richter e Dallwitz, 2000), sendo utilizada na construção civil pesada interna e externa, em mobiliário de alta qualidade, assoalhos domésticos, transporte, embarcações lâminas decorativas e compensados, cabos de ferramentas e utensílios, cutelaria, artigos de esporte e brinquedos, decoração e adorno e na indústria têxtil (REMADE, 2020). P. lecointei é uma das espécies mais utilizadas para fins comerciais. Entretanto, seu crescimento é lento, o que pode, a longo prazo, tornar uma espécie ameaçada (Fabio Kochanovski, comunicação pessoal). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. O município de Paragominas (PA) possui 8,87% (171650ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). O município de Paragominas (PA) possui 8,01% (155000ha) do seu território convertido em áreas de cultivo de soja, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios Breu Branco (PA) e Paragominas (PA) possuem, respectivamente, 50,21% (197914,3ha) e 23,18% (448295,1ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Peltogyne lecointei Ducke foi uma das espécies de madeira transportada do Brasil colônia para Portugal, teve início no século XVI e se estendeu até o século XIX. A espécie era utilizada para fabricação de peças de madeira de uma embarcação, tendo sido uma das principais madeiras históricas que foram transportadas (Silva et al., 2020). Diante o cenário de ameaças vigentes infere-se o declínio contínuo de extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade de habitat e situações de ameaça. Assim, Peltogyne lecointei foi avaliada como Criticamente em Perigo (CR) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Planos de Ação e Conservação in situ e ex situ) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Último avistamento: 2002
Quantidade de locations: 2
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 3, 96, 1922. É afim de P. maranhensis Ducke por ser uma árvore de tronco reto, cuja casca se assemelha ao de Hymenaea parvifolia, mas difere pelas sapopemas no tronco (Ducke, 1922). Popularmente conhecida como Roxinho, Pau-roxo, Coataquiçaua, Guarabu, Pau-roxo-da-Várzea, Violeta, Amarante (REMADE, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: Peltogyne lecointei Ducke é citada como madeira de uso comercial (Richter e Dallwitz, 2000), sendo utilizada na construção civil pesada interna e externa, em mobiliário de alta qualidade, assoalhos domésticos, transporte, embarcações lâminas decorativas e compensados, cabos de ferramentas e utensílios, cutelaria, artigos de esporte e brinquedos, decoração e adorno e na indústria têxtil (REMADE, 2020).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore com até 28 m de altura. Ocorre na Amazônia, em Floresta de Terra-Firme e Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Peltogyne. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB78751 (acesso em 23 de setembro de 2020)

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future national very high
Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020), na região Norte, em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012).
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. Fearnside, P.M., 2001. Soybean cultivation as a threat to the environment in Brazil. Environ. Conserv. 28, 23–38. URL https://doi.org/10.1017/S0376892901000030
  3. Vera-Diaz, M. del C., Kaufmann, R.K., Nepstad, D.C., Schlesinger, P., 2008. An interdisciplinary model of soybean yield in the Amazon Basin: The climatic, edaphic, and economic determinants. Ecol. Econ. 65, 420–431. URL https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2007.07.015
  4. Gasques, J.G., Bastos, E.T., Valdes, C., Bacchi, M.R.P., 2012. Total factor productivity in Brazilian Agriculture, in: Fuglie, K.O., Wang, S.L., Ball, V.E. (Eds.), Productivity Growth in Agriculture: An International Perspective. CABI, Oxfordshire, pp 145-161.
  5. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, 2020. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. URL www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9201-levantamento-sistematico-da-producao-agricola.html
  6. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. URL https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  7. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2019. Projeções do Agronegócio: Brasil 2018/19 a 2028/29, projeções de longo prazo. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola, Brasília. URL http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_estatistico/Projecao_do_Agronegocio_2018_2019_a_2028_29.pdf
  8. MapBiomas, 2020. Plataforma MapBiomas v.4.1 - Base de Dados Cobertura e Uso do Solo. URL https://plataforma.mapbiomas.org/map#coverage (acesso em 03 de junho de 2020).
  9. Martorano, L., Siviero, M., Tourne, D., Fitzjarrald, D., Vettorazzi, C., Junior, S., Alberto, J., Yeared, G., Meyering, É., Sheila, L., Lisboa, S., 2016. Agriculture and forest: A sustainable strategy in the brazilian amazon. Austral. J. Crop Sci. 8, 1136–1143. URL https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/147006/1/martorano-10-8-2016-1136-1143.pdf
  10. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon Soy and Beef Industries: Opportunities for Conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603. URL https://doi.org/10.1111/j.1523-1739.2006.00510.x
  11. Domingues, M.S., Bermann, C., 2012. O arco de desflorestamento na Amazônia: da pecuária à soja. Ambient. Soc. 15, 1–22. URL https://doi.org/10.1590/S1414-753X2012000200002
  12. Simon, M.F., Garagorry, F.L., 2005. The expansion of agriculture in the brazilian amazon. Environmental Conservation 32, 203–212. URL https://doi.org/10.1017/s0376892905002201
  13. TerraClass, 2020. Projeto TerraClass, Dados 2014. URL https://www.terraclass.gov.br (acesso em 05 de junho de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional low
O município de Paragominas (PA) possui 8,87% (171650ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). O município de Paragominas (PA) possui 8,01% (155000ha) do seu território convertido em áreas de cultivo de soja, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020).
Referências:
  1. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020. Produção Agrícola Municipal - Área plantada: total, dados de 2018. Município: Paragominas (PA). URL https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612 (acesso em 20 de março de 2020).
  2. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020. Produção Agrícola Municipal - Área plantada: soja, dados de 2018. Município: Paragominas (PA). URL https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612 (acesso em 20 de março de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
Os municípios Breu Branco (PA) e Paragominas (PA) possuem, respectivamente, 50,21% (197914,3ha) e 23,18% (448295,1ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2018. Municípios: Breu Branco (PA) e Paragominas (PA) . URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 20 de março de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 5.2.1 Intentional use (species being assessed is the target) habitat,mature individuals past regional high
Peltogyne lecointei Ducke foi uma das espécies de madeira transportada do Brasil colônia para Portugal, teve início no século XVI e se estendeu até o século XIX. A espécie era utilizada para fabricação de peças de madeira de uma embarcação, tendo sido uma das principais madeiras históricas que foram transportadas (Silva et al., 2020).
Referências:
  1. Silva, L.B. da, Ferreira, A.M., Araújo, S.S., Lourenço, M.C., 2020. Transporte de madeiras brasileiras para Portugal nos séculos XVIII e XIX. Brazilian J. Dev. 6, 53728–53745. https://doi.org/10.34117/bjdv6n7-860

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre em Paragominas (PA), município da Amazônia Legal considerado prioritário para fiscalização, referido no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018).
Referências:
  1. BRASIL, 2007. Decreto Federal nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 21/12/2007, Edição Extra, Seção 1, p. 12. URL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6321.htm (acesso em 23 de setembro de 2020).
  2. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2018. Portaria MMA nº 428, de 19 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, 20/11/2018, Edição 222, Seção 1, p. 74. URL http://http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/50863140/do1-2018-11-20-portaria-n-428-de-19-de-novembro-de-2018-50863024 (acesso em 23 de setembro de 2020).
Ação Situação
1.1 Site/area protection needed
A espécie não é conhecida em nenhuma unidade de conservação, mas claramente existe a necessidade de melhorar a proteção do habitat nos locais onde se sabe que ela ocorre. São necessárias pesquisas adicionais para determinar se esta espécie está ou não experimentando um declínio efetivo ou está passando por flutuações naturais da população.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
A madeira é usada na construcão civil pesada interna e externa, em mobiliário de alta qualidade, assoalhos domésticos, transporte, embarcações lâminas decorativas e compensados, cabos de ferramentas e utensílios, cutelaria, artigos de esporte e brinquedos, decoração e adorno e na indústria têxtil (REMADE, 2020).
Referências:
  1. REMADE, 2020. Roxinho. Madeira Bras. e Exóticas. URL http://www.remade.com.br/madeiras-exoticas/234/madeiras-brasileiras-e-exoticas/roxinho (acesso em 14 de outubro de 2020).