Fabaceae

Parkia paraensis Ducke

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2018. Parkia paraensis (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

NT

EOO:

43.707,491 Km2

AOO:

40,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Oliveira e Hopkins, 2018), com ocorrência nos estados:AMAPÁ, município de Ferreira Gomes (Maguire e Maguire 470), Oiapoque (Maguire 47030); PARÁ, município de Belém (Ducke 1243), Gurupá (Ducke 16857).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria: NT
Justificativa:

Árvore de até 15 m, endêmica do Brasil (Oliveira e Hopkins, 2018). Popularmente conhecida por visgueiro, madeireiros também se referem a espécie como fava-arara-tucupi (Hidayat e Simpson, 1994), nome vernacular também aplicado para a congênere P. multijuga (Cruz e Pereira, 2015). Foi coletada em Floresta de Terra Firme e Floresta Ombrófila associadas a Amazônia nos estados do Amapá e Pará. Apresenta distribuição relativamente ampla, EOO=35273 km² e ocorrência em áreas onde ainda predominam na paisagem ecossistemas florestais amazônicos em estado prístino de conservação. A espécie é amplamente utilizada no fornecimento de madeira indicada para construção pesada e carpintaria em geral (REMADE, 2018), o que pode resultar em declínio no número de individúos maduros e potencialmente levar a extinções locais. Seus índices geoespaciais (EOO e AOO) não possibilitam sua inclusão em categoria de ameaça, mas diante do aumento de pressões antrópicas diretas e indiretas, considerou-se P. paraensis Quase Ameaçada (NT) neste momento, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Manejo sustentável) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza.

Último avistamento: 2001
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 3: 79. 1922. Popularmente conhecida por "visgueiro" na região norte (Oliveira e Hopkins, 2018). Também é conhecida como "fava arara tucupi" entre os produtores de madeira (Hidayat e Simpson, 1994), porém sendo também este o nome vulgar usado para Parkia multijuga Benth.(Cruz e Pereira, 2015).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: O portal REMADE, especialista no fornecimento de informações do setor de base florestal, se refere ao uso indicado da madeira da espécie (REMADE, 2018)

População:

Detalhes: Em dois municípios do estado do Pará, a espécie foi considerada frequente (Maguire e Maguire 47030) ou comum (Menezes-Neto MA-18-05100145). No estado de Rondônia, município de Porto Velho, foi considerada ocasional (Pereira-Silva 13582).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore de até 15 m de altura (Silva 9), ocorrendo nos domínios da Amazônia, em Florestas de terra firme (Oliveira e Hopkins, 2018).
Referências:
  1. Oliveira, L.C.; Hopkins, M. Parkia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB83546>. Acesso em: 08 Nov. 2018

Reprodução:

Detalhes: A espécie foi coletada em flor/botões nos meses de: maio (Ducke 16159), junho (Ducke 1243), julho (Ducke 16857), agosto (Maguire 47030); e em frutos nos meses de: julho (Menezes-Neto MA-18-05100145) e agosto (Silva 9). A polinização pode ocorrer por morcegos, assim como outras espécies congêneres próximas e a dispersão pode ocorrer por papagaios e primatas (Piechowski e Gottsberger, 2009).
Fenologia: flowering (May~Nov), fruiting (Jul~Aug)
Síndrome de polinização: quiropterophily
Dispersor: Assim, como P. pendula, P paraensis também é conhecida por seu mecanismo único de dispersão de sementes (Piechowski e Gottsberger, 2009). As vagens de P. pendula (assim como de sua congênere próxima Parkia paraensis Ducke) secretam grandes quantidades de uma goma pegajosa de cor âmbar, sendo as sementes liberadas após a deiscência das vagens (Piechowski e Gottsberger, 2009). Dessa forma, o desprendimento de sementes é prolongado por vários meses e dessincronizado entre as árvores, e a goma representa uma fonte de proteína, carboidratos, cálcio e magnésio para papagaios e primatas, que dispersam as sementes (Piechowski e Gottsberger, 2009).
Síndrome de dispersão: ornitochory,mamaliochory
Polinizador: Suspeita-se que a espécie seja polinizada por morcegos do gênero Phyllostmus, assim como Parkia pendula e outras espécies do gênero (Piechowski e Gottsberger, 2009).
Referências:
  1. Piechowski, D., Gottsberger, G., 2009. Flower and fruit development of Parkia pendula (Fabaceae, Mimosoideae). Acta bot. bras. 23, 1162–1166. https://doi.org/10.1590/S0102-33062009000400025

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,locality past,present local very high
A Ilha do Mosqueiro (PA) contribui com 41% do total da área do município de Belém, apresenta uma paisagem muito heterogênea em termos do tipo de ocupação e atividades econômicas desenvolvidas. Um estudo da dinâmica da paisagem indica que no período de 1990 e 1995 houve uma mudança observada de 53% da cobertura vegetal natural da área de estudo, com uma perda média de área florestal de 1 km²/ano durante o período, causada por como cultivos perenes, pastagens e desenvolvimento urbano (Venturieri et al., 1998).
Referências:
  1. Venturieri, Ad., Watrin, O.S., Rocha, A.M.Á., Silva, B.N.R., 1998. Avaliação da Dinâmica da Paisagem da Ilha do Mosqueiro, Município de Belém, Pará, in: In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 9, 1009, Santos. pp. 247–256.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,locality past,present local very high
Na Ilha do Mosqueiro (PA) foi observado um incremento significativo da área urbana em função da crescente especulação imobiliária, de uma forma desordenada e localizada nas porções Norte e Noroeste, na ausência de um planejamento efetivo (Venturieri et al., 1998).
Referências:
  1. Venturieri, Ad., Watrin, O.S., Rocha, A.M.Á., Silva, B.N.R., 1998. Avaliação da Dinâmica da Paisagem da Ilha do Mosqueiro, Município de Belém, Pará, in: In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 9, 1009, Santos. pp. 247–256.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,locality past,present regional high
Na Ilha do Mosqueiro (PA), uma parcela significativa das áreas ocupadas pela classe Capoeira foram convertidas para pastagem, e por outro lado, a classe pastagem foi aquela que sofreu as maiores alterações, juntamente com agricultura perene (Venturieri et al., 1998). Na classe cultura agrícola foram incluídos apenas os cultivos perenes, tais como coco (Cocus nucifera), seringueira (Hevea brasiliensis), dendê (Elaeis guineensis) e açaí (Euterpe oleracea) (Venturieri et al., 1998). No município de Oiapoque (AP), estudo mostrou que durante o período de 23 anos as maiores mudanças do uso da terra foram impulsionadas pela pecuária e a agricultura, forças indutoras do desmatamento mais comuns encontradas em toda a Amazônia Legal (Gallardo, 2014)
Referências:
  1. Gallardo, J.V.G., 2014. Análise espacial e econômica do desmatamento para subsidiar estratégias de REDD+ no Amapá, Amazônia. Fundação Universidade Federal do Amapá.
  2. Venturieri, Ad., Watrin, O.S., Rocha, A.M.Á., Silva, B.N.R., 1998. Avaliação da Dinâmica da Paisagem da Ilha do Mosqueiro, Município de Belém, Pará, in: In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 9, 1009, Santos. pp. 247–256.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat,locality past,present local very high
Na ilha do Mosqueiro (PA), uma parcela significativa das áreas ocupadas pela classe capoeira foram convertidas para pastagem, e por outro lado, a classe pastagem foi aquela que sofreu as maiores alterações, juntamente com agricultura perene (Venturieri et al., 1998). No município de Oiapoque (AP), estudo mostrou que durante o período de 23 anos as maiores mudanças do uso da terra foram impulsionadas pela pecuária e a agricultura, forças indutoras do desmatamento mais comuns encontradas em toda a Amazônia Legal (Gallardo, 2014). A espécie foi coletada em fragmento imerso em matriz de pastagem, em localidades do município de Oiapoque(AP) (Google Earth Pro Version 7.3.2., 2018).
Referências:
  1. Gallardo, J.V.G., 2014. Análise espacial e econômica do desmatamento para subsidiar estratégias de REDD+ no Amapá, Amazônia. Fundação Universidade Federal do Amapá.
  2. Venturieri, Ad., Watrin, O.S., Rocha, A.M.Á., Silva, B.N.R., 1998. Avaliação da Dinâmica da Paisagem da Ilha do Mosqueiro, Município de Belém, Pará, in: In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 9, 1009, Santos. pp. 247–256.
  3. Google Earth Pro Version 7.3.2., 2018. Nota observação direta de paisagem fragmentada por pastagem em localidades de coleta da espécie no município de Oiapoque/Amapá/Brasil. https://www.google.com/earth/download/ge/ (acesso em: 12 de novembro 2018)
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.2 Small-holder grazing, ranching or farming habitat,occurrence present,future regional low
O município de Gurupá com 854.004 ha tem 0,13% de seu territóio (1129 ha) transformado em pastagens (Lapig, 2018).
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 07 de novembro 2018).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
O portal REMADE, especialista no fornecimento de informações do setor de base florestal, se refere ao uso indicado da espécie em construção pesada, construção leve, móveis e artigos domésticos decorativos, brinquedos, artigos domésticos utilitários e chapas (REMADE, 2018)
Referências:
  1. REMADE, 2018. Fava arara tucupi. Madeiras Brasileiras e Exóticas. URL http://www.remade.com.br/madeiras-exoticas/373/madeiras-brasileiras-e-exoticas/fava-arara-tucupi (Acesso em 8 de Novembro 2018).