Fabaceae

Mimosa strobiliflora Burkart

Como citar:

Paula de Freitas Larocca; Eduardo Fernandez. 2019. Mimosa strobiliflora (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

CR

EOO:

0,00 Km2

AOO:

4,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie é endêmica do Estado do Paraná (Flora do Brasil, 2020). Foi encontrada em locais que apresentam altitude entre 800 m s.n.m. (O.S. Ribas 3947) e 915 m s.n.m. (J.M. Silva et al. 8344).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Paula de Freitas Larocca
Revisor: Eduardo Fernandez
Critério: B2a
Categoria: CR
Justificativa:

Mimosa strobiliflora Burkart é uma espécie arbustiva de até 3 metros de altura, heliófita, endêmica a uma localidade no estado do Paraná. Ocorre sob o domínio de Floresta Ombrófila Mista Aluvial, restritamente nas margens do Rio Iguaçu (C.V. Martin 6; J.M. Silva 3418; O.S. Ribas 3600, 3947, 8206). Com AOO de 4 km², foi observada uma única população com vários indivíduos adultos, que se estende por aproximadamente 5 hectares. A população encontra-se em local de transição entre uma área de floresta em regeneração, áreas de campos naturais e um grande plantio de Pinus spp. O sombreamento causado pelo crescimento das árvores de Pinus spp. e a deposição de acículas no solo, podem estar impossibilitando a expansão e dispersão da espécie para outros locais (Hoffmann, 2019). Além dessa situação de ameaça, a população também está sujeita a prática de extração de areia nas margens do Rio Iguaçu (Buch, 2007), além da conversão da área natural de ocorrência em lavouras de soja e pastagens (Hoffmann, 2019). Dentre as ações para conservação da espécie, algumas mudas foram plantadas no Horto Municipal da Barreirinha (Ambiente Brasil, 2017), no Jardim Botânico Municipal de Curitiba (D.S. Nascimento et al. 221; J.M. Silva et al. 8344; O.S. Ribas 5200), e na sede da Sociedade Chauá, Campo Largo-PR (Hoffmann, 2019). Apesar das ações ex-situ para conservação da espécie, no ambiente natural reconhece-se apenas uma população com pelo menos três ameaças incidentes. Com isso, a espécie com avaliada como Criticamente Ameaçada (CR).

Quantidade de locations: 2
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Darwiniana 7: 519, fig. 3. 1947.

População:

Detalhes: Suspeita-se que a espécie seja rara, pois a equipe de pesquisadores do Museu Botânico Municipal de Curitiba coletou apenas oito mudas do arbusto recentemente. Até então, a espécie só havia sido coletada uma única vez, 87 anos atrás, em 12 de junho de 1914, pelo botânico sueco chamado P. Dusén (Ambiente Brasil, 2017). Em visita técnica, realizada pela Sociedade Chauá, ao local de coleta da espécie, próximo ao Rio Iguaçu, no município de Porto Amazonas, Paraná, foi observada uma única população com vários indivíduos adultos de Mimosa strobiliflora, que se estende por aproximadamente 5 hectares. A população encontra-se em local de transição entre uma área de floresta em regeneração, áreas de campos naturais e um grande plantio de Pinus sp. (Hoffmann, 2019). Em novembro de 2018 e Janeiro 2019, foram feitas incursões exploratórias na região, especialmente nas proximidades da população conhecida, contudo não foram encontrados novos indivíduos (Hoffmann, 2019).
Referências:
  1. AMBIENTE BRASIL. Arbusto ameaçado de extinção é pesquisado no Paraná. Disponível em <http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2002/08/06/7597-arbusto-ameacado-de-extincao-e-pesquisado-no-parana.html>. Acesso em 22 março 2017.
  2. Hoffmann, P. 2019. Comunicação pessoal.

Ecologia:

Forma de vida: bush
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ciliar e/ou de Galeria
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Mista Aluvial
Detalhes: Espécie arbustiva de até 3 metros de altura que ocorre sob o domínio do bioma Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2020; O.S. Ribas 3600), sendo típica de floresta ciliar ou galeria (Flora do Brasil, 2020), encontrada nas margens do Rio Iguaçu nos entre os municípios da Lapa e Porto Amazonas (C.V. Martin 6; J.M. Silva 3418; O.S. Ribas 3600, 3947, 8206). Durante as coletas da espécie observou-se que esta ocorre em solos rochosos (J.M. Silva 3418) e arenosos junto a afloramentos de arenito (C.V. Martin 6; O.S. Ribas 3600).
Referências:
  1. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ >. Acesso em: 10 jan. 2017.

Reprodução:

Detalhes: Durante coletas da espécie foram observadas flores de coloração lilás-rosada entre os meses de junho e outubro (C.V. Martin 6; J.M. Silva et al. 8344; O.S. Ribas 3600, 8206; V.M. Rauth 045) e, frutos verdes e imaturos em agosto e em outubro (C.V. Martin 6; O.S. Ribas 8206).
Fenologia: flowering (Jun~Oct), fruiting (Aug~undefined)

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 8.1 Invasive non-native/alien species/diseases present,past local medium
A espécie tem sido afetada pela degradação do ambiente natural de ocorrência pelo plantio de Pinus spp.(Ambiente Brasil, 2017). A as intervenções dos plantios e manejo de Pinus no local alteraram significativamente o ambiente. Principalmente em função do sombreamento causado pelo crescimento das árvores de Pinus plantadas e a deposição de acículas no solo. Justamente estas condições podem estar impossibilitando a expansão e dispersão da espécie para outros locais (Hoffmann, 2019).
Referências:
  1. AMBIENTE BRASIL. Arbusto ameaçado de extinção é pesquisado no Paraná. Disponível em <http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2002/08/06/7597-arbusto-ameacado-de-extincao-e-pesquisado-no-parana.html>. Acesso em 22 março 2017.
  2. Hoffmann, P. 2019. Comunicação pessoal.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Ecosystem/community stresses 1.1 Housing & urban areas regional high
A espécie foi coletada nas margens do Rio Iguaçu nos municípios da Lapa, Porto Amazonas (C.V. Martin 6; J.M. Silva 3418; O.S. Ribas 3600, 3947, 8206), locais pertencentes a Bacia do Rio Iguaçu, a qual apresenta maior urbanização justamente nesses municípios por fazerem parte da região metropolitana de Curitiba (Ipardes, 2013).
Referências:
  1. IPARDES. 2013. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Indicadores de desenvolvimento sustentável por bacias hidrográficas do Estado do Paraná. Curitiba.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.3.7 Reduced reproductive success 12.1 Other threat national high
Um fato que pode ter contribuído para a pouca frequência ou para o desaparecimento desta espécie nas áreas de sua ocorrência natural está relacionado com a germinação das sementes, as quais segundo testes de germinação, apresentaram germinação insatisfatória quando imersas em água à temperatura ambiente e, as que não tiverem nenhum tratamento pré-germinativo não germinaram (Biondi e Leal, 2008).
Referências:
  1. Biondi, D., Leal, L. 2008. Tratamentos Pré-Germinativos em Sementes de Mimosa Strobiliflora Burkart. Scientia Agraria. 9(2), p. 24.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Ecosystem/community stresses 3 Energy production & mining regional very high
Existe prática de extração de areia nas margens do Rio Iguaçu, considerada uma das atividades econômicas que mais tem contribuído para a degradação ambiental da planície aluvial. Inclusive foram observadas dragas de extração de areia em matas ciliares e ao seu redor em Porto Amazonas, município onde também foi realizada coleta da espécie (Buch, 2007; C.V. Martin 6; O.S. Ribas 3600, 8206).
Referências:
  1. Buch, H.E.R. 2007. Matas ciliares e degradação da paisagem da área lindeira do Médio Iguaçu subsídios para educação ambiental. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 123p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Ecosystem/community stresses 2 Agriculture & aquaculture local very high
Foi observado in loco e por imagens de satélite que na região, a maioria das áreas naturais sofre com as mesmas pressões: conversão em lavouras de soja, plantios de Pinus ou pastagens (Hoffmann, 2019).
Referências:
  1. Hoffmann, P. 2019. Comunicação pessoal.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
3.4 Ex-situ conservation
Algumas mudas foram plantadas no Horto Municipal da Barreirinha (Ambiente Brasil, 2017) e no Jardim Botânico Municipal de Curitiba (D.S. Nascimento et al. 221; J.M. Silva et al. 8344; O.S. Ribas 5200), no Campus Botânico da UFPR, em Curitiba e na Sede da Sociedade Chauá, Campo Largo-PR (Hoffmann, 2019).
Referências:
  1. AMBIENTE BRASIL. Arbusto ameaçado de extinção é pesquisado no Paraná. Disponível em <http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2002/08/06/7597-arbusto-ameacado-de-extincao-e-pesquisado-no-parana.html>. Acesso em 22 março 2017.
  2. Hoffmann, 2019. Comunicação pessoal.