Lauraceae

Mezilaurus vanderwerffii F.M.Alves & Baitello

Como citar:

Marta Moraes; Patricia da Rosa. 2018. Mezilaurus vanderwerffii (Lauraceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

147.311,693 Km2

AOO:

56,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018), com ocorrência nos estados: MATO GROSSO, município de Nossa Senhora do Livramento (Assumpção 1758), Rondonópolis (Costa 110); MATO GROSSO DO SUL, município de Anastácio (Resende 1032), Aquidauana (Alves 648), Corguinho (Rivaben 11), Corumbá (Pott 5582), Coxim (Ratter 7480), Nova Andradina (Vaz 83), Ribas do Rio Pardo (Arbocz 792).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Marta Moraes
Revisor: Patricia da Rosa
Critério: A2d;B2ab(i,ii,iii,v)
Categoria: VU
Justificativa:

Árvore com até 18 m, endêmica do Brasil, na Floresta Estacional Semidecidual, no Cerrado e Pantanal (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Ocorre nos estados: Mato Grosso, municípios de Nossa Senhora do Livramento e Rondonópolis; Mato Grosso do Sul, municípios de Anastácio, Aquidauana, Corguinho, Corumbá, Coxim, Nova Andradina e Ribas do Rio Pardo. Com AOO=56 km² e nove situações de ameaça, relativas aos municípios de ocorrência. No estado do Mato Grosso há uma crescente conversão do cerrado em áreas antropogênicas, causadas principalmente pela mecanização da agricultura e áreas de pecuária (Silva et al., 2012). A madeira de Mezilaurus vanderwerffiii (Tapinhoã), por ser dura e pesada, é utilizada localmente para moirões, postes, cruzetas, dormentes, carpintaria em geral, armações de pontes, obras hidráulicas e outras obras externas que requeiram resistência mecânica e grande durabilidade (Lorenzi 1998). Infere-se que esteja havendo uma redução populacional da espécie de 30%, pelo uso de sua madeira, assim como um declínio contínuo de EOO, AOO, da qualidade do hábitat e de indivíduos maduros. Sugere-se ações de conservação de in situ, ex situ, estudos populacionais e o planejamento de boas práticas para o uso da espécie.

Último avistamento: 2014
Quantidade de locations: 9
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em: Acta Bot. Brasil. 22(2): 356 (355-358; fig. 1). 2008. Distribuição geográfica: a espécie é freqüentemente encontrada no Cerradão de Piraputanga e no Morro do Paxixi, município de Aquidauana, no Cerrado típico e na Floresta Estacional Semidecidual do entorno do Pantanal Matogrossense. Lorenzi (1998), refere que a espécie apresenta freqüência elevada, porém dispersão muito descontínua ao longo da sua área de distribuição. Comentários: a principal característica diagnóstica da espécie é a presença de pontoações glandulares, vistas sob luz forte como pontos translúcidos através das faces adaxial e abaxial, caráter não encontrado em nenhuma outra espécie do gênero. Mezilaurus vanderwerffii enquadra-se no grupo de espécies cujas flores são glabras, pediceladas e de anteras biloceladas (van der Werff 1987). Até o presente esta nova espécie e Mezilaurus crassiramea (Meisn.) Taubert ex Mez, são as únicas que têm ocorrência no Cerrado, porém, ambas são perfeitamente distintas, pois, Mezilaurus crassiramea possui folhas com ambas as faces pubescentes, flores e ramos puberulentos, enquanto que Mezilaurus vanderwerffii tem folhas com a face adaxial densamente pontoado-glandulosa, face abaxial glabrescente, flores externamente glabras e ramos com poucos tricomas esparsos. O epíteto homenageia Henk van der Werff, do Missouri Botanical Garden (USA), grande estudioso da família Lauraceae e autor da última revisão do gênero. A madeira de Mezilaurus vanderwerffiii, por ser dura e pesada, é utilizada localmente para moirões, postes, cruzetas, dormentes, carpintaria em geral, armações de pontes, obras hidráulicas e outras obras externas que requeiram resistência mecânica e grande durabilidade (Lorenzi 1998). Seus frutos são apreciados pela avifauna, especialmente por tucanos. Na sua região de ocorrência é conhecida como tapinhoã, nome dado para outra espécie do gênero, Mezilaurus navalium (Allemão) Taubert ex Mez, que ocorre na mata atlântica do Estado do Rio de Janeiro. (Alves e Baitello, 2008).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Biomas: Cerrado, Pantanal
Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual
Detalhes: Árvore com até 18 m (Alves 45) na Floresta Estacional Semidecidual, no Cerrado e Pantanal (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018).
Referências:
  1. Lauraceae in Flora do Brasil 2020 em construção, 2018. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB106957>. Acesso em: 04 Jul. 2018

Reprodução:

Detalhes: Coletada em flores nos meses de: maio (Alves 45), outubro (Costa 110), novembro (Alves 648), dezembro (Vaz 83); e em frutos abril (Assumpção 1758), maio (Alves 45) e novembro (Alves 60). Há possibilidade dos frutos serem dispersados por tucanos (Resende 1032).
Dispersor: Segundo relato de campo de (U.M. Resende 1032) no município de Anastácio, MS, a espécie é apreciada por tucanos. Talvez estes animais possam ser os dispersores.
Síndrome de dispersão: zoochory

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture locality,habitat past,present,future regional high
No estado do Mato Grosso há uma crescente conversão do cerrado em áreas antropogênicas, causadas principalmente pela mecanização da agricultura e áreas de pecuária (Silva et al., 2012)
Referências:
  1. Silva, G.B.S., Mello, A.Y.I., Steinke, V.A., 2012. Unidades de conservação no bioma cerrado: Desafios e oprtunidades para a conservação no Mato Grosso. Embrapa (Geografia) 37(3):541-554
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching locality,habitat past,present,future regional very high
A pecuária e a agricultura são das principais atividades econômicas desenvolvidas no estado do Mato Grosso (Sano et al., 2010).
Referências:
  1. Sano, E.E., Rosa, R., Brito, J.L.S., Ferreira, L.G., 2010. Mapeamento do uso do solo e cobertura vegetal - Bioma Cerrado: ano base 2002. Brasília-DF . MMA/Série Biodiversidades, v.36, 96 p
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1 Fire & fire suppression locality,habitat past,present,future regional high
Embora as formações típicas de cerrado sejam adaptadas ao fogo, as queimadas não naturais que ocorrem durante a época seca podem alterar a estrutura e composição florística da vegetação de modo muito mais drástico que as queimadas ocorrentes na época chuvosa. Tendo em vista que a maioria dos focos registrados no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (PNCG) e entorno ocorrem na época seca e são oriundos de causas antrópicas, percebe-se a ameaça que este fator representa para a vegetação e a flora, alterando os processos ecológicos naturais (MMA/ICMBio, 2009).
Referências:
  1. MMA/ICMBio, 2009. Plano de Manejo do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Brasília, DF. Presente em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/parna_chapada-dos-guimaraes.pdf>.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching locality,habitat past,present,future regional high
Atividade pecuarista em expansão no entorno dos municípios de Corumbá e Ladário causando degradação ambiental (Silva et al., 2001).
Referências:
  1. Silva, J. S. V., Pott, A., Cardoso, E.L., Moraes, A.S. de, Salis, S.M., Pott, V.J., Mauro, R. DE A., Galdino, S., 2001. Planejamento Ambiental das áreas não-alagáveis em torno das cidades de Corumbá e Ladário–MS. 10º Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Anais. Foz do Iguaçu, PR. Disponível em: < http://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/busca