ASTERACEAE

Lychnophora pohlii Sch.Bip.

Como citar:

Raquel Negrão; Marta Moraes. 2019. Lychnophora pohlii (ASTERACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

8.141,244 Km2

AOO:

260,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência no estado de MINAS GERAIS, municípios de Conselheiro Mata (Grandi 8063), Couto de Magalhães de Minas (Mansanares 00/41), Datas (Grandi 1817), Diamantina (Giulietti SPF21534), Gouveia (Grandi 2268), Joaquim Felício (Hatschbach 77733), Pedro Lessa (Souza 8451), Pres. Kubitschek (Hatschbach 44702), Santana do Riacho (Ferreira 1593A), Santo Hipólito (Shepherd 3854), São Gonçalo do Rio Preto (Loeuille 513), Serro (Semir SPF17924).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Marta Moraes
Critério: B1b(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: VU
Justificativa:

Arbusto ou arvoretas (Loeuille et al., 2019), endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Ocorre especificamente em Campos rupestres no estado de Minas Gerais (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Foi coletada nos municípios de Conselheiro Mata, Couto de Magalhães de Minas, Datas, Diamantina, Gouveia, Joaquim Felício, Pedro Lessa, Pres. Kubitschek, Santana do Riacho, Santo Hipólito, São Gonçalo do Rio Preto, Serro. Apresenta EOO=6925 km² e está sujeita a dez situações de ameaça. Mineração, pecuária, invasão de espécies exóticas e turismo (Hoffmann et al., 2004; Rodrigues et al. 2005; Ribeiro et al., 2006; Kolbek & Alves, 2008; Rapini et al., 2008; Carmo e Jacobi, 2012; IBRAM, 2015; Pougy et al., 2015) são responsáveis pelo declínio de EOO, AOO e qualidade do habitat e número de subpopulações. A espécie foi considerada "Em perigo" (EN) de extinção em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014) e em nível regional (COPAM-MG, 1997). Atualização das coleções e novos registros ampliaram a distribuição de ocorrência da espécie para além dos limiares dessa categoria. Portanto , a espécie passa a ser avaliada como Vulnerável. Em vista das ameaças incidentes e atual nível de fragmentação dos Campos rupestres mineiros, são necessárias ações de pesquisa (tendência e tamanho populacionais) e ações urgentes de proteção dos habitats da espécie e controle da mineração nessas áreas (especialmente nas duas Unidades de Conservação onde ocorre).

Último avistamento: 2015
Quantidade de locations: 10
Possivelmente extinta? Não
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em perigo" (EN) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em 1863. L. pohlii apresenta uma grande variação no hábito, sendo encontrados desde arbustos e arvoretas candelabriformes até subarbustos em forma de roseta (Semir et al., 2011; Loeuille, 2011; Loeuille et al., 2019).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: Apresenta atividade tripanocida (Semir et al., 2011).

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: bush, subshrub, small tree
Biomas: Cerrado
Vegetação: Campo Rupestre
Fitofisionomia: Savana Parque
Habitats: 2.1 Dry Savanna
Detalhes: Espécie variando de arbustos e arvoretas candelabriformes até subarbustos em forma de roseta, perene, que habita campos rupestres no Cerrado (Loeuille et al., 2019)
Referências:
  1. Loeuille et al., 2019. A synopsis of Lychnophorinae (Asteraceae: Vernonieae). Phytotaxa 398: 1 -152

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying locality,habitat past,present,future regional high
​Atualmente, os empreendimentos minerários estão presentes em mais de 400 municípios mineiros, os quais contribuem para que o Estado detenha a liderança na produção de mineral metálico no país (IBRAM, 2015). Na região da SdEM, prevalece a exploração de bens minerais como ferro, manganês, fosfato, ouro, alumínio, granito, chumbo, quartzito, quartzo, diamante industrial, areia e cascalho. As principais corporações com direitos minerários nessa região são a Anglo American e a Companhia Vale do Rio Doce, ambas com atividades de mineração de ferro nos municípios de Conceição do Mato Dentro e Itabira, respectivamente (Pougy et al., 2015). A espécie coletada a 50 km de Belo Horizonte na Serra do Rola Moça, altitude 1200m, sobre depósitos de mineração de manganês e ferro (L. Smith e Gustavo Martinelli MOBOT 3352206). ​O Espinhaço é marcado, em praticamente toda a sua extensão, pela antiga atividade de extração de ouro e diamantes (Rapini et al., 2008).
Referências:
  1. IBRAM, 2015. Informações sobre a economia mineral do Estado de Minas Gerais. Inst. Bras. Mineração. URL http://www.ibram.org. br/ (acesso 4.2.15).
  2. Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora : Jardim Botânico do Rio de Janeiro : Laboratório de Biogeografia da Conservação : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.
  3. Rapini, A., Ribeiro, P.L., Lambert, S., Pirani, J.R., 2008. A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. Megadiversidade, 1-2: 16-24.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching locality,habitat past,present,future regional high
A criação extensiva de gado na região da Serra do Espinhaço Meridional tem causado danos ao solo (compactação, exposição e erosão) e à vegetação nativa (pisoteio, quebra e pastejo são alguns exemplos) (Kolbek & Alves, 2008). Além disso, a pecuária tem contribuído com a introdução de espécies de gramíneas invasoras (Melinis minutiflora P.Beauv., Paspalum notatum Flüggé, Urochloa spp., entre outras) comumente utilizadas para formar as pastagens (Barbosa et al., 2008; Kolbek & Alves, 2008; Filippo & Ribeiro, 2014; Pougy et al., 2015).
Referências:
  1. Kolbek, J., Alves, R.J.V., 2008. Impacts of cattle, fire and wind in Rocky Savannas, Southeastern Brazil. Acta Univ. Carolinae, Environ. 22, 111–130.
  2. Barbosa, E.G., Pivello, V.R., Meirelles, S.T., 2008. Allelopathic eviden- ce in Brachiaria decumbens and its potential to invade the Brazi- lian cerrados. Brazilian Arch. Biol. Technol. 51, 825–831.
  3. Filippo, D.C. De, Ribeiro, K.T., 2014. Envolvimento comunitário no con- trole de uma planta exótica invasora na Serra do Cipó , Minas Gerais. Biodiversidade Bras. 4, 179–198.
  4. Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora : Jardim Botânico do Rio de Janeiro : Laboratório de Biogeografia da Conservação : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 8.1 Invasive non-native/alien species/diseases habitat,occupancy past,present,future regional high
A conversão de campos rupestres e cerrados em pastagens com espécies exóticas e invasoras tem se tornado um problema para as Unidades de Conservação, devido à redução da diversidade e ao aumento da inflamabilidade da vegetação (Hoffmann et al., 2004; Ribeiro et al., 2005; Pougy et al., 2015).
Referências:
  1. Hoffmann, W.A., Lucatelli, V.M.P.C., Silva, F.J., Azeuedo, I.N.C., Ma- rinho, M. da S., Albuquerque, A.M.S., Lopes, A. de o., Moreira, S.P., 2004. Impact of the invasive alien grass Melinis minutiflora at the savanna-forest ecotone in the Brazilian Cerrado. Divers. Distrib. 10, 99–103. Ribeiro, K.T., Madeira, J.A., Collet, H.D., Serafim, J.N., Braga, J.C., 2006. Conquistas e desafios na prevenção e combate a incêndios em vegetações abertas no interior e entorno do Parque Nacional da Serra do Cipó, Sudeste do Brasil, in: Anais II Congreso Para La Prevención Y Combate de Incendios Forestales Y de Pastizales En El Mercosur. Buenos Aires, pp. 1–15. Ribeiro, K.T., De Filippo, D.C., Paiva, C. do L., Madeira, J.A., Nasci- mento, J.S. do, 2005a. ocupação por Brachiaria spp. (Poaceae) no Parque Nacional da Serra do Cipó e infestação decorrente da obra de pavimentação da rodovia MG-010 na APA Morro da Pe- dreira, Minas Gerais, in: Anais I Simpósio Brasileiro de Espécies Invasoras. Brasília, pp. 1–17. Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora : Jardim Botânico do Rio de Janeiro : Laboratório de Biogeografia da Conservação : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.
  2. Ribeiro, K.T., De Filippo, D.C., Paiva, C. do L., Madeira, J.A., Nasci- mento, J.S. do, 2005. ocupação por Brachiaria spp. (Poaceae) no Parque Nacional da Serra do Cipó e infestação decorrente da obra de pavimentação da rodovia MG-010 na APA Morro da Pe- dreira, Minas Gerais, in: Anais I Simpósio Brasileiro de Espécies Invasoras. Brasília, pp. 1–17.
  3. Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora : Jardim Botânico do Rio de Janeiro : Laboratório de Biogeografia da Conservação : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat,occupancy past,present,future regional high
Rodrigues et al. (2005) apontaram como principais ameaças na região da Serra do Cipó: a erosão causada pela estrada que liga a sede aos principais pontos turísticos do Parque, que resulta no assoreamento de rios e lagoas temporárias; a alta frequência de incêndios que ocorre na estação seca; e a presença corriqueira de gado em algumas regiões do Parque até 2002. Com o declínio das jazidas no final do século XIX na região do Espinhaço, as cidades perderam importância e várias delas vivem atualmente de sua história, encontrando no turismo sua principal atividade econômica (Rapini et al., 2008).
Referências:
  1. Rodrigues, M., Carrara, L.A., Faria, L.P., Gomes, H.B., 2005. Aves do Parque Nacional da Serra do Cipó: o Vale do Rio Cipó, Minas Gerais, Brasil., Revista Brasileira de Zoologia, 22: 326-338.
  2. Rapini, A., Ribeiro, P.L., Lambert, S., Pirani, J.R., 2008. A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. Megadiversidade, 1-2: 16-24.

Ações de conservação (4):

Ação Situação
5 Law & policy on going
Citada como "Em perigo" (EN) na Lista Vermelha da flora ameaçada de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997). A espécie foi avaliada como "Em perigo" (EN) no Livro Vermelho CNCFlora 2013 e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL, MINAS GERAIS. Deliberação COPAM n. 85, de 21 de outubro de 1997. Aprova a lista das espécies ameaçadas de extinção da flora do Estado de Minas Gerais, Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, Diário do Executivo, Belo Horizonte, MG, 30 out. 1997, 1997.
  2. Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2014. Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
1 Land/water protection on going
Parque Estadual do Biribiri - MG (Marques 476), Parque Estadual Serra do Cabral - MG (Quaresma 34)
Ação Situação
5 Law & policy on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al., 2015).
Referências:
  1. Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora : Jardim Botânico do Rio de Janeiro : Laboratório de Biogeografia da Conservação : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.
Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território 10.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary
Apresenta atividade tripanocida (Semir et al., 2011).
Referências:
  1. Semir, J., Monge, M., Rezende, A.R., Lopes, N.P., 2011. As Arnicas Endêmicas das Serras do Brasil - uma visão sobre a biologia e a química das espécies de Lychnophora (Asteraceae). Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto.