Bignoniaceae

Jacaranda duckei Vattimo

Como citar:

Eduardo Amorim; Eduardo Fernandez. 2021. Jacaranda duckei (Bignoniaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

206.402,077 Km2

AOO:

40,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado do Ceará — nos municípios Caucaia, Fortaleza, Fortim, Ipueiras e Pacoti —, no estado do Maranhão — nos municípios Araguanã e Monção —, e no estado do Pará — no município Monte Alegre.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2021
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Eduardo Fernandez
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore com até 4 m de altura (Vattimo, 1984), endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado do Ceará, municípios Caucaia, Fortaleza, Fortim, Ipueiras e Pacoti, no estado do Maranhão, municípios Araguanã e Monção, e no estado do Pará, município Monte Alegre. Ocorre na Amazônia e Caatinga, em Floresta de Terra Firme e Floresta Ombrófila ( Gentry & Morawetz, 1992; Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Apresenta EOO= 166796km², constante presença em herbários e coletas recentes (2018). A espécie poderia ser considerada Em Perigo de extinção pelo critério B2, entretanto EOO supera muito o limiar para categoria de ameaça, registros em Unidades de Conservação de Proteção Integral e ainda, não possui especificidade de habitat. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua perpetuação na natureza. Assim, foi considerada como Menor Preocupação (LC) neste momento, demandando ações de pesquisa (tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.

Último avistamento: 2018
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Rodriguésia 36, 79, 1985. É afim de Jacaranda alagoense, mas difere pelas folhas muitas vezes ovado-lanceoladas e maiores, com epiderme abaxial pubérula (Vattimo, 1984). Popularmente conhecida como carobinha, caroba e paparauba de rato (Costa et al., 2006, Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada rara (Lúcia G. Lohmann, comunicação pessoal, 2020).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia, Caatinga
Vegetação: Floresta de Terra-Firme, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore com até 4 m de altura (Vattimo, 1984). Ocorre na Amazônia e Caatinga, em Floresta de Terra Firme e Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Vattimo, I. de, 1984. Quatro novas espécies do Gênero Jacaranda Jussieu (Bignoniaceae). Rodriguésia 36, 79–83. https://doi.org/10.1590/2175-78601984365909
  2. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Jacaranda. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB114131 (acesso em 05 de outubro de 2020)

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 4.1 Roads & railroads habitat past,present,future national very high
A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Caatinga, uma vez que criam novas bordas em áreas de vegetação contínua, facilitando o acesso da colonização humana (Antongiovanni, 2017, Joly et al., 2019). Toda a paisagem da Caatinga é cortada por uma grande rede de estradas pavimentadas e não pavimentadas, e as distâncias para o interior remanescente são relativamente curtas, toda a área seca da Caatinga é potencialmente suscetível a perturbações por atividades antrópicas (Antongiovanni et al., 2018). Silva e Barbosa (2017), estimam que as estradas impactam 346267 km² ou 37,9% da região, sendo que por ecorregião, variou de 22,4% nas Dunas do São Francisco a 45,6% na Chapada da Diamantina. Na Amazônia brasileira, 22.713 km de estradas federais ou estaduais são complementados por 190.506 km de estradas não oficiais, frequentemente associadas à exploração madeireira e atividades rurais, onde quase 95% de todo o desmatamento ocorre dentro de uma distância média de 5.5 km de estradas (Charity et al., 2016). A construção de uma estrada induz a mortalidade de árvores na borda da floresta devido a danos mecânicos, alteração do microclima, suscetibilidade ao estresse hídrico de árvores que crescem adjacentes à estrada, o que tem provocado mudanças na composição de espécies arbóreas (clímax são substituídas por secundárias) e aumentado a fragmentação (Kunert et al., 2015). Além disso, o efeito de borda criado pela presença de uma estrada tem forte influência no uso de água pela floresta (Kunert et al., 2015). Fearnside (2015) argumenta que as estradas atuam como impulsionadoras do desmatamento, atraindo trabalhadores migrantes e investimentos para áreas de floresta anteriormente inacessíveis dentro da Amazônia. Segundo o autor, o desmatamento é então estimulado não apenas por estradas que aumentam a lucratividade da agricultura e da pecuária, mas também pelo efeito das estradas (acessibilidade) na especulação de terra e no estabelecimento de posse de terras. Pfaff et al. (2007) apontam ainda o impacto severo da abertura de estradas na Amazônia, que leva invariavelmente a mais desmatamento, não só nos municípios e povoados por onde passam, mas também em setores vizinhos, através do efeito de “transbordamento” (spillover effect).
Referências:
  1. Antongiovanni, M., 2017. Fragmentação, conservação e restauração da Caatinga. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Tese (Doutorado).
  2. Antongiovanni, M., Venticinque, E.M., Fonseca, C.R., 2018. Fragmentation patterns of the Caatinga drylands. Landsc. Ecol. 33, 1353–1367. https://doi.org/10.1007/s10980-018-0672-6
  3. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., 2019. 1o Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  4. Silva, J.M.C. da, Barbosa, L.C.F., 2017. Impact of Human Activities on the Caatinga, in: Silva, J.M.C. da, Leal, I.R., Tabarelli, M. (Eds.), Caatinga. Springer International Publishing, Cham, pp. 359–368. https://doi.org/10.1007/978-3-319-68339-3_13
  5. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  6. Kunert, N., Aparecido, L.M.T., Higuchi, N., Santos, J. dos, Trumbore, S., 2015. Higher tree transpiration due to road-associated edge effects in a tropical moist lowland forest. Agric. For. Meteorol. 213, 183–192. https://doi.org/10.1016/j.agrformet.2015.06.009
  7. Fearnside, P.M., 2015. Highway Construction as a Force in the Destruction of the Amazon Forest, in: Ree, R. van der, Smith, D.J., Grilo, C. (Eds.), Handbook of Road Ecology. John Wiley & Sons, Ltd, Chichester, UK, pp. 414–424. https://doi.org/10.1002/9781118568170.ch51
  8. Pfaff, A., Walker, R., Aldrich, S., Caldas, M., Reis, E., Perz, S., Bohrer, C., Arima, E., Laurance, W., Kirby, K., 2007. Road Investments, Spatial Intensification and Deforestation in the Brazilian Amazon. J. Reg. Sci. 47, 109–123.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional low
O município de Pacoti (CE) possui 9,33% (1049ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020).
Referências:
  1. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020. Produção Agrícola Municipal - Área plantada: total, dados de 2018. Município: Pacoti (CE). URL https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612 (acesso em 20 de março de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future national high
Os municípios Araguanã (MA), Ipueiras (CE), Monção (MA) e Monte Alegre (PA) possuem, respectivamente, 69,13% (55664ha), 9,46% (13978,4ha), 50,4% (62501ha) e 7,1% (128941,2ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2018. Municípios: Araguanã (MA), Ipueiras (CE), Monção (MA) e Monte Alegre (PA) . URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 20 de março de 2020).

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental da Serra de Baturité e Parque Estadual de Monte Alegre.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
13. Pets/display animals, horticulture natural whole plant
Jacaranda duckei é citada como uma espécie ornamental, também utilizada como combustível (Costa et al., 2006).
Referências:
  1. Costa, L.C. de B., Rocha, E.A., Mattos Silva, L.A., Jardim, J.G., Silva, D. da C., Oliveira Gaiao, L. de, Moreira, R. de C.T., 2006. Levantamento Preliminar das Espécies Vegetais com Potencial Econômico no Parque Municipal da Boa Esperança, Ilhéus, Bahia, Brasil. Acta Farm. Bonaer. 25, 184–191. https://doi.org/http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/6818