Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2019. Hirtella insignis (CHRYSOBALANACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Espécie endêmica do Brasil, ocorre nos estados de Alagoas, Bahia e Espírito Santo, em áreas de floresta ombrófila, restinga e floresta de tabuleiro na Mata Atlântica na região litorânea desses estados (Com. pess. Renata Asprino, 2019). Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: ALAGOAS, Município de Murici (Carvalho 7128), BAHIA, Municípios de Ilhéus (Thomas 8923), Porto Seguro (Lopes 945), Una (Matos 3389), Santa Cruz de Cabrália (Maas 7039), Prado (Resende 1657), Itanagra (Schulte 345), Valença (Santos 2898), Camacan (Santos 1695), Salvador (Queiroz 2632); ESPÍRITO SANTO, Municípios de Conceição da barra (Silva 26), Linhares (Folli 5486), Rio Bananal (Demuner 3829), Aracruz (Moreau 157), Águia Branca (Vervoet 3185), Pinheiros (Folli 6017), Itapemirim (Pirani 3585), Domingos Martins (Pereira 6729).
Árvore de até 15 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi documentada em áreas de Floresta Ombrófila, Restinga arbórea, Floresta Estacional e Floresta de Tabuleiro associadas a Mata Atlântica nos estados de Alagoas, Bahia e Espírito Santo. A espécie apresenta distribuição ampla, EOO=122536 km² e registros de coleta realizados recentemente. Os estados de Alagoas, Espírito Santo e Bahia resguardam atualmente 9%, 10,5% e 11% de remanescentes florestais originais, respectivamente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). As florestas de terras baixas de Alagoas até a costa sul da Bahia têm sido ameaçadas pelo desmatamento, em consequência dos plantios de cocos, manejo da cabruca, seringais, dendê, piaçava, agropecuária extensiva e pelo aumento da atividade turística e especulação imobiliária (Alger e Caldas,1996; Paciência e Prado, 2005). Em análise temporal da dinâmica territorial efetuada através do MapBiomas v. 3.1.(MapBiomas, 2019), o município de Murici (AL), extremo norte de distribuição conhecida da espécie, vem sofrendo drástica redução em sua vegetação original desde 1985. A Mata Atlântica nordestina ocupa hoje cerca de 2,2% de sua extensão original (Tabarelli et al., 2006). As restingas e as florestas de baixada da Bahia e Alagoas estão sendo drasticamente devastadas para ceder lugar às plantações de coqueiro (M. Gomes com. pess.). Apesar de possuir diversos registros em áreas de preservação, como por exemplo na Reserva Florestal da Vale do Rio Doce, no Espírito Santo, muitos outros são provenientes de florestas litorâneas e Restingas em áreas não protegidas. Ainda que haja indícios de que a espécie ainda está presente nesses ambientes com base em registros recentes, e que esteja legalmente protegida por Unidades de Conservação, existem ameaças amplamente documentadas na região. Foi considerada "Em perigo" (EN) de extinção em avaliação de risco de extinção pretérita (MMA, 2014), o que poderia ser mantido através do critério B2 e o valor atual de AOO verificado (AOO=132 km²). Entretanto, a espécie não possui especifidade de habitat acentuada, além de ter sido documentada constantemente após essa primeira avaliação. Aqui, a espécie foi considerada "Quase ameaçada" (NT) de extinção, pelas diversas, intensas e persistentes ameaças documentadas a toda essa região e pela potencial redução populacional que pode estar afetando negativamente sua perpetuação na natureza. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro.
A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em Perigo" (EN) na Portaria 443 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após 5 anos da última avaliação.
Ano da valiação | Categoria |
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2012 | EN |
Espécie descrita em: Fl. Neotrop. Monogr. 9: 279. 1972 .
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 1 Residential & commercial development | habitat,occurrence | present,future | regional | high |
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. A Mata Atlântica no Nordeste cobria uma área original de 255.245 km², ocupando 28,84% do seu território. Esforços recentes indicam que o bioma no Nordeste ocupa hoje uma área aproximada de 19.427 km², cobrindo uma área total de 2,21% de seu território. Mais de 46% dos remanescentes mapeados estão localizados na Bahia. Os demais sete estados contam com 14.520 km² de remanescentes da Mata Atlântica dispostos em pequenos fragmentos (Tabarelli et al., 2006). Apesar de possuir diversos registros em áreas de preservação, como por exemplo na Reserva Florestal da Vale, no Espírito Santo, muitos outros são provenientes de florestas litorâneas e restingas em áreas não protegidas. Ainda que hajam indícios de que a espécie ainda está presente nesses ambientes com base em registros recentes, provavelmente existem ameaças amplamente documentadas na região, como especulação imobiliária, expansão urbana e poluição proveniente do turismo nessas regiões próximas ao litoral (Com. pess. Renata Asprino, 2019). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2 Agriculture & aquaculture | habitat | past,present,future | regional | high |
Os estados de Alagoas e Bahia resguardam atualmente 9% e 11% de remanescentes florestais originais, respectivamente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). As imagens de satélite mostram o litoral de Sergipe, o litoral norte e boa parte do litoral sul da Bahia cobertos por extensas áreas de cultura de coqueiro (Cocos nucifera), uma planta introduzida inicialmente na Bahia pelos portugueses no século XVI, que se espalhou rapidamente por todo litoral do nordeste brasileiro (Siqueira, Aragão e Tupinambá 2002). As restingas e as florestas de baixada da Bahia e Alagoas e possivelmente, Sergipe, estão sendo drasticamente devastadas para ceder lugar às plantações de coqueiro (M. Gomes com. pess.). O município de Murici, em Alagoas e onde a espécie foi registrada uma única vez em 2001, com 42872 ha tem 19,3% de seu território (8277 ha) convertido em agricultura de cana-de-açúcar e milho (Lapig, 2018). As florestas de terras baixas até a costa do sul da Bahia têm sido ameaçadas pelo desmatamento, em consequência dos plantios de cocos, manejo da cabruca, seringais, dendê, piaçava, agropecuária e pelo aumento da atividade turística e especulação imobiliária (Alger; Caldas,1996; Paciência; Prado, 2005). A destruição e degradação do habitat é, sem dúvida, a maior causa de perda de biodiversidade no Espírito Santo. Subsequentes ciclos econômicos, como da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos"reflorestamentos" homogêneos (Pinus e Eucalipto) ameaçam a flora do Estado (Simonelli e Fraga, 2007). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 5.3 Logging & wood harvesting | locality,mature individuals | past,present | regional | high |
A atividade extrativista no Sul da Bahia, até bem pouco tempo, buscava atender uma crescente indústria madeireira e carvoeira que se implantou na região. A madeira escoada em toras para o sul do país ou atendendo as serrarias/carvoarias da região, geralmente de migrantes capixabas que, impossibilitados de atuar em seu estado, devido ao depauperamento de seu recursos naturais, se deslocaram para o Sul da Bahia (ICMBio, 2018). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3 Livestock farming & ranching | locality,habitat | past,present,future | local | very high |
O município de Murici com 33323 ha tem 21,7% (7262ha) transformado em pastagem, além de 8262 ha de plantações de cana-de-açúcar (Lapig, 2019). Em análise temporal da dinâmica territorial efetuada através do MapBiomas v. 3.1. (MapBiomas, 2019), o município de Murici vem sofrendo drástica redução em sua vegetação original desde 1985. | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA GUANANDY, RESERVA BIOLÓGICA DE COMBOIOS, PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE PIRAPUTANGAS, RESERVA BIOLÓGICA DO CÓRREGO GRANDE, RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL BRONZON, PARQUE NACIONAL DO DESCOBRIMENTO, PARQUE NACIONAL DO MONTE PASCOAL, REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE DE UNA, ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL LAGOA ENCANTADA, ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL CAMINHOS ECOLÓGICOS DA BOA ESPERANÇA, entre outras. | |
Referências: |
Ação | Situação |
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5.1.2 National level | on going |
A espécie foi avaliada como "Em Perigo" e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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2.1 Site/area management | on going |
A espécie ocorre em dois territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo (ES) e Território Itororó (BA). |
Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. |