AMARYLLIDACEAE

Griffinia colatinensis Ravenna

Como citar:

Patricia da Rosa; Marta Moraes. 2019. Griffinia colatinensis (AMARYLLIDACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

CR

EOO:

4,59 Km2

AOO:

12,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência no estado: ESPÍRITO SANTO, município de Águia Branca (Amaral 181) e Colatina (Kuhlmann 06588).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Patricia da Rosa
Revisor: Marta Moraes
Critério: B2ab(iii,v);C2a(i)
Categoria: CR
Justificativa:

Erva, terrícola, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi coletada em Floresta Estacional Semidecidual, no domínio fitogeográfico da Mata Atlântica, no estado do Espírito Santo, nos municípios de Águia Branca e Colatina. Apresenta apenas três coletas na natureza, dois exemplares da coleção tipo (1934 e 1943) e a redescoberta da espécie que ocorreu em 2018, quando foi registrada no município de Águia Branca em sub-bosque úmido de Floresta Estacional Semidecidual (Renara Nichio Amaral com. pess. 08/04/2019). Nesta subpopulação foram contabilizados entre 30 a 40 indivíduos estéreis. Foi realizada a busca direcionada pela espécie no município de Colatina, ES, porém a subpopulação não foi reencontrada. Apresenta AOO=8 km², foi registrada em ambiente severamente fragmentado e apresenta a população com menos de 250 indivíduos na natureza. As principais ameaças são a conversão de ambientes naturais em fazendas (Renara Nichio Amaral com. pess., 08/04/2019), em silvicultura (Siqueira et al., 2004), somam-se a degradação de ambientes naturais para a formação de pastagens na proporção de 43% no município de Colatina (Lapig, 2018) e 22,4% no município de Águia Branca (Lapig, 2019), além dos impactos da desflorestação causada pela exploração de madeira nativa ocorrida nas décadas de 1960 e 1970 (Siqueira et al., 2004). Ademais, as espécies da família botânica apresentam potencial ornamental, pesquisadores apontam que a espécie possa estar sendo retirada da natureza (Renara Nichio Amaral com. pess. 08/04/2019). Infere-se o declínio contínuo de qualidade do hábitat, no número de indivíduos maduros e no número de indivíduos maduros em cada subpopulação (<50). Diante do exposto, a espécie foi avaliada como Criticamente em Perigo de extinção (CR), incentiva-se ações de pesquisa (tendências e números populacionais), de conservação (estabelecimento de UCs e programas de conservação ex situ) e a busca direcionada por novas subpopulações em áreas de vegetação semelhante ao local da redescoberta.

Último avistamento: 2018
Quantidade de locations: 2
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? New information
Justificativa para reavaliação:

A pesquisadora Renara Nichio Amaral procurou o CNCFlora/JBRJ via correio eletrônico solicitando a reavaliação da espécies devido a redescoberta de uma subpopulação em 2018.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 CR

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita originalmente na obra Onira 4: 22. 2000, a espécie é caracterizada por seus bulbos, flores de ápice roxo e base alva, com cerca de 30 cm de altura (Ravenna, 2000).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: ​Amaryllidaceae de uma forma geral é bem ornamental e sofre bastante com a extração predatória da natureza justamente por isso (Renara Nichio Amaral com. pess. 08/04/2019).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Número de subpopulações: absolute • 2
Número de indivíduos na maior subpopulação: range 30 /40
Detalhes: Registros de coleta indicam que a espécie possui pelo menos duas subpopulações, localizadas no Espírito Santo. Segundo a especialista Renara Nichio Amaral (com. pess. 08/04/2019) no município Águia Branca existe uma subpopulação de entre 30 - 40 indivíduos. Na subpopulação no município Colatina onde foi coletado o tipo em 1943 a espécie foi procurada mas não foi observada recentemente.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: herb
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual
Fitofisionomia:
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Griffinia colatinensis é uma planta herbácea, terrícola que ocorre na Mata Atlântica (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Griffinia de um modo geral tem preferência por ambientes úmidos, sub-bosque de Floresta Estacional Semidecidual (Renara Nichio Amaral com. pess. 08/04/2019).
Referências:
  1. Amaryllidaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB4340>. Acesso em: 09 Abr. 2019

Reprodução:

Detalhes: A espécie foi coletada em flor nos meses de: dezembro (Kuhlmann 06588), janeiro (Amaral 181) e março (Kuhlmann 30)
Fenologia: flowering (Dec~Jan), flowering (Mar~Mar)
Dispersor: O gênero Griffinia possui elaiossomo nas sementes e por isso, sua dispersão está relacionada com formigas, que usam esse elaiossomo como alimento. Por ser disperso por formigas, acredito que elas não conseguem alcançar grandes distâncias (Renara Nichio Amaral com. pess. 08/04/2019).
Síndrome de dispersão: zoochory
Sistema sexual: hermafrodita

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future local high
O município de Colatina (ES) com 141680 ha tem 60492 ha (43%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de Águia Branca (ES) com 45445 ha tem 10217 ha (22,48%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019).
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 29 de novembro de 2018).
  2. Lapig, 2019. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 9 de abril de 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2.2 Agro-industry plantations habitat,mature individuals past,present,future regional very high
Segundo Siqueira et al. (2004) a partir da criação de programas de extensão e fomento florestal do governo e de empresas privadas na década de 1990 iniciou-se a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus no estado do Espírito Santo. O Estado possui cerca de 35% de sua área com aptidão preferencial para a atividade florestal, apresentando os maiores índices mundiais de produtividade de Eucalyptus (Siqueira et al., 2004).
Referências:
  1. Siqueira, J.D.P., Lisboa, R.S., Ferreira, A.M., Souza, M.F.R., Araújo, E., Lisbão-Júnior, L., Siqueira, M. de M., 2004. Estudo ambiental para os programas de fomento florestal da Aracruz Celulose S.A. e extensão florestal do governo do estado do Espírito Santo. Floresta 34, 3–67.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,mature individuals,locality past,present,future local very high
A localidade onde foi coletado o tipo estava localizada próxima ao Rio Paucas, em Colatina Espírito Santo. A especialista foi coletar na localidade para achar de novo a planta mais não achou. A especialista Amaral R.N falou: "Já as subpopulações da localidade tipo não foram encontradas. Eu sou de Colatina e conheço a região, não tive acesso às coordenadas específicas das duas subpopulações da localidade tipo, então fui até o local citado no material tipo e procurei por lá, mas não há mais fragmentos de mata próximos ao Rio Pancas onde foi a espécie foi indicada como ocorrente e hoje já existem muitas casas e fazendas no local. A nova subpopulação encontrada em Águia Branca está localizada em uma área de mata não muito grande de uma propriedade privada, ou seja, a área corre o risco de ser destruída" (Renara Nichio Amaral com. pess. 08/04/2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past regional high
A exploração de florestas naturais no Espírito Santo teve um caráter predatório e entrou em declínio no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o esgotamento das reservas florestais nativas e com o aumento do custo de transporte de madeira proveniente de áreas mais distantes (Siqueira, et al. 2004).
Referências:
  1. Siqueira, J.D.P., Lisboa, R.S., Ferreira, A.M., de Souza, M.F.R., de Araújo, E., Júnior, L.L., de Meirelles Siqueira, M., 2004. Estudo ambiental para os programas de fomento florestal da Aracruz Celulose SA e extensão florestal do Governo do Estado do Espírito Santo. Floresta, 34(2).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi considerada "Criticamente em perigo" (CR) em avaliação de risco de extinção (Martinelli e Moraes, 2013).
Referências:
  1. Livro vermelho da flora do Brasil / texto e organização Gustavo Martinelli, Miguel Avila Moraes; tradução Flávia Anderson, Chris Hieatt. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2013. 1100 p. ; 30 cm.
Ação Situação
1 Land/water protection needed
A espécie não se encontra protegida por nenhuma unidade de conservação.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
13. Pets/display animals, horticulture natural whole plant
​Amaryllidaceae de uma forma geral é bem ornamental e sofre bastante com a extração predatória da natureza justamente por isso (Renara Nichio Amaral com. pess. 08/04/2019).