Monimiaceae

Grazielanthus arkeocarpus Peixoto & Per.-Moura

Como citar:

Raquel Negrão; undefined. 2019. Grazielanthus arkeocarpus (Monimiaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

CR

EOO:

0,241 Km2

AOO:

16,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie é endêmica das matas de baixada da região central do Rio de Janeiro. Conhecida somente na Reserva Biológica de Poço das Antas, em Silva Jardim, RJ (Peixoto & Pereira-Moura, 2008).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor:
Critério: B2ab(ii,iii);C2a(i);D
Categoria: CR
Justificativa:

Arbusto terrícola, restrito à região central da planície costeira do estado do Rio de Janeiro, apresenta grande especificidade de hábitat em florestas alagáveis bem conservadas e situadas próximo a cursos d’água em localidades da Reserva Biológica de Poço das Antas, no município de Silva Jardim (Peixoto e Pereira-Moura, 2008). É conhecida por uma população com aproximadamente 80 indivíduos (Lírio, com. pess.), dos quais cerca de 32 maduros, ou 40% da população (Peixoto e Pereira-Moura, 2008). Apresenta AOO=4 km² e está sujeita a apenas uma situação de ameaça, considerando os incêndios na localidade. Apesar de incluída em Unidade de Conservação de proteção integral, a área é muito suscetível ao fogo (Peixoto e Pereira-Moura, 2008). Os frutos com pericarpo carnoso propiciam a dispersão zoocórica, assim como em outras Monimiaceae neotropicais (Peixoto et al., 2013a, Pizo et al., 2002). Diversos autores (Jorge et al., 2013; Kurten, 2013) consideram que, mesmo em grandes áreas protegidas, em longo prazo, a defaunação implicará mudanças demográficas das plantas em virtude da redução de processos ecológicos chave, como a dispersão (Galetti e Dirzo, 2013; Jorge et al., 2013; Kurten, 2013). Dessa forma, a defaunação das florestas da Mata Atlântica em virtude da fragmentação e caça também representa uma ameaça à espécie. Em vista da sua distribuição restrita, especificidade ecológica e ameaça aos seus hábitats, estima-se um declínio contínuo de AOO e qualidade de hábitat. Recomendam-se ações para controle e combate ao fogo na Rebio Poço das Antas e a implementação de atividades de propagação e reintrodução da espécie a partir de coleta de sementes em sua população in situ (Peixoto e Lírio, com. pess.).

Último avistamento: 2006
Quantidade de locations: 1
Possivelmente extinta? Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2017 CR

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Kew Bull. 63: 137–141 (2008). Reconhecida pelo hábito arbustivo ereto ou liana escandente, flores estaminadas com receptáculo urceolado e estames arredondados, flores pistiladas com hipanto não-caliptrado, frutíolos inclusos no hipanto até a maturação quando se rompe por fendas irregulares (Peixoto & Pereira-Moura, 2008)

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Tamanho: absolute • 1
Número de subpopulações: absolute • 1
Número de indivíduos na maior subpopulação: circa
Detalhes: A espécie possui uma única população, onde ocorrem ca. 80 indivíduos adultos (Lírio, com. pess.), dos quais cerca de 32 são considerados maduros, representando 40% da população (Peixoto e Pereira-Moura, 2008).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: bush
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Luminosidade: esciophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Estacional Decidual Aluvial
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: A espécie apresenta alta especificidade de habitat. Ocorre somente em área de floresta alagável, bem conservada, próximo a cursos d'águas (Peixoto & Pereira-Moura, 2008).
Referências:
  1. Peixoto, AL & Pereira-Moura, MVL, 2008. A new genus of Monimiaceae from the Atlantic Coastal Forest in South-Eastern Brazil. Kew Bulletin 63, 137-141.

Reprodução:

Detalhes: Polinização entomófila e dispersão ornitocórica. Sementes colocadas em viveiros produziram mudas que floresceram 2 anos (Peixoto & Lírio, com. pess.).
Fenologia: flowering (Oct~Fev), fruiting (Mar~Aug)
Síndrome de polinização: entomophily
Dispersor: A espécie possui frutos roxos quando maduros, com pericarpo carnoso. Observou-se aves alimentando-se de frutos no solo da floresta (Peixoto & Lírio, com. pess.).
Síndrome de dispersão: ornitochory
Polinizador: Pela presença de espécimes de trips nas flores, infere-se que este grupo de insetos sejam os polinizadores da espécie (Peixoto & Lírio, com. pess.)
Estratégia: iteropara
Sistema sexual: dioecious
Sistema: unkown

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Um intenso processo de intervenção ocorreu na Bacia do Rio São João e modificou as áreas circunvizinhas à Rebio Poço das Antas, outrora caraterizadas pela floresta de restinga, planície costeira, floresta de encosta atlântica, manguezais e vegetação típica de pântanos. Contribuíram para isso principalmente os desmatamentos para a implementação de cultivos e pastagens, além de abertura de estradas e execução de obras de engenharia nesta bacia (ICMBio, 2005). As Florestas Ombrófilas Densas de baixada ou de Terras Baixas (até 250 m de altitude) das proximidades da Rebio foram totalmente suprimidas para dar lugar a pastagens e monoculturas, e hoje se encontram reduzidas a menos de 7% de sua cobertura original (Carvalho et al., 2006).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.
  2. ICMBio, 2005. Revisão do Plano de Manejo da Reserva Biológica de Poço das Antas - Encarte 1. Brasil.
  3. Carvalho, F.A., Nascimento, M.T., Braga, J.M.A., 2006. Composição e riqueza florística do componente arbóreo da Floresta Atlântica submontana na região de Imbaú, Município de Silva Jardim, RJ. Acta Bot. Bras. 20, 727–740.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity locality,habitat,occupancy past,present,future regional very high
Na Reserva Biológica de Poço das Antas, onde está localizada a única população conhecida da espécies, o fogo representa uma ameaça (Peixoto & Peireira-Moura, 2008; Peixoto & Lírio, com. pess.).
Referências:
  1. Peixoto, AL & Pereira-Moura, MVL, 2008. A new genus of Monimiaceae from the Atlantic Coastal Forest in South-Eastern Brazil. Kew Bulletin 63, 137-141.

Ações de conservação (4):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie ocorre na Reserva Biológica de Poço das Antas (Peixoto & Pereira-Moura, 2008).
Referências:
  1. Peixoto, AL & Pereira-Moura, MVL, 2008. A new genus of Monimiaceae from the Atlantic Coastal Forest in South-Eastern Brazil. Kew Bulletin 63, 137-141.
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente -SEA : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.
Ação Situação
2.1 Site/area management needed
Devido à grande susceptibilidade ao fogo da Reserva Biológica Poço das Antas, é necessário elaborar uma estratégia para controle e combate do fogo na região (Peixoto & Lírio, com. pess.).
Ação Situação
3.4 Ex-situ conservation on going
A espécie foi propaga em viveiro na Reserva Biológica de Poço das Antas, e utilizada em projetos de reflorestamento na área, com pouco sucesso de sobrevivência de mudas. Encontra-se também em cultivo no arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Floresceu dois anos após a germinação (Peixoto & Lírio, com. pess.).