Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2021. Galianthe souzae (Rubiaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado de São Paulo — nos municípios Barra do Chapéu, Bom Sucesso de Itararé e Itararé. É considerada rara (Cabral et al., 2009).
Subarbusto criptófito, entre 50 e 80 cm de altura, endêmico do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Foi documentado exclusivamente em Campo de Altitude associado à Mata Atlântica presente nas partes mais elevadas do Arco de Ponta Grossa, no estado de São Paulo, nos municípios de Barra do Chapéu, Bom Sucesso de Itararé e Itararé. É uma espécie rara (Cabral et al., 2019), de distribuição restrita e fragmentada, EOO=74 km² e que possuí elevada especifidade de habitat. Caracteriza-se por possuir sistema subterrâneo bastante desenvolvido, que rebrota ao fim da época mais desfavorável ou após a passagem do fogo, com Tempo de Geração estimado em décadas (entre 15 e 30 anos, pelo menos). A maior parte da reprodução de G. souzae ocorre por rebrotas, o que sugere baixa capacidade de regeneração por sementes (Vinicius Souza, Comunicação pessoal, 2020). Composta por não mais que três subpopulações, considerando a espacialidade dos pontos de ocorrência e o grau de fragmentação atual das áreas de ocorrência conhecidas, a espécie está virtualmente extinta em locais onde a invasão por Pinus foi tão intensa que uma camada de acículas de 20 cm ou mais eliminou praticamente todas as espécies nativas, inlcusive G. souzae, e de uma subpopulação originalmente composta por centenas de indivíduos (não muito para uma população de plantas de pequeno porte como G. souzae), atualmente resiste somente 1 espécime (Vinícius Souza, Comunicação pessoal, 2020). Sua região restrita de ocorrência vêm passando por significativa mudança de uso do solo, com substituição da pecuária extensiva por florestamentos homogêneos de pinus e eucalipto, restando atualmente somente 18% de áreas campestres na região (Lapig, 2020; Scaramuzza, 2006), dos quais G. souzae ocorre exclusivamente sobre solos pedregosos. Os municípios de Barra do Chapéu, Bom Sucesso de Itararé e Itararé possuem, respectivamente, 72,22%, 18,72% e 30,38% de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Barra do Chapéu figura entre os municípios com a maior proporção territorial convertida exclusivamente para silvicultura (IBGE, 2020; Silva et al., 2020). A espécie não é conhecida em nenhuma unidade de conservação de proteção integral, com evidente necessidade de melhorar a proteção do habitat nos locais onde se sabe que ela ocorre, como, por exemplo, na Serra dos Cristais, que resguarda uma expressiva subpopulação da espécie e situa-se em uma região isolada, pouco percorrida por botânicos e que não conta com efetiva proteção legal. A partir de observações sistemáticas e da documentação de uma extinção local, suspeita-se que a invasão por pinus em áreas onde a espécie ocorre podem levar a mais extinções locais a partir do sufocamento de indivíduos maduros, e que possa causar declínio populacional de 80% ou mais ao logo das próximas três gerações da espécie (estimadas entre 45-90 anos), especialmente considerando o processo histórico e atual de conversão da vegetação e a ausência de proteção in situ. Infere-se ainda declínio contínuo em EOO, AOO, na extensão e qualidade do habitat, no número de situações de ameça, de subpopulações e no número de indivíduos maduros. Assim, G. souzae é considerada Criticamente em Perigo (CR) de extinção nesta ocasião, constituindo uma mudança de categoria no estado de conservação, uma vez constatada deterioração no estado de conservação de seu micro-habitat e da sua condição ambiental desde sua última avaliação, atualmente incluída na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2014). Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Conservação in situ e ex situ) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição possa leva-la a extinção. A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Paraná/São Paulo - 19 (PR).
A espécie foi avaliada pelo CNCFlora/JBRJ em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como Em Perigo (EN) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após cinco anos transcorridos desde sua última avaliação. A espécie também foi avaliada como Em Perigo (EN) na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (SMA, 2016).
Ano da valiação | Categoria |
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2012 | EN |
Descrita em: Bol. Soc. Argent. Bot. 34, 153, 2000. É reconhecido pelo caule simples, folhas lanceoladas e glabras, e flores com corola rosada ou lilás, em um tirso terminal. (Cabral et al., 2009).
Provavelmente muitas da plantas têm décadas de vida ou ainda mais. Segundo informações, nenhum indivíduo que pudesse ser classificado como "jovem" foi documentado até o momento (Vinicius Souza, Comunicação pessoal, 2020).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.3 Agro-industry farming | habitat | past,present,future | regional | low |
O município de Itararé (SP) possui 45,42% (45605ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2019 (IBGE, 2020a), dos quais 8,77% são áreas de cultura de milho (IBGE, 2020b) e 16,93% de soja (IBGE, 2020c). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.2.2 Agro-industry plantations | habitat | past,present,future | local | high |
O município de Barra do Chapéu (SP) figura entre os municípios com as maiores áreas relativas plantadas com espécies de Pinus (Silva et al., 2020). Os municípios Barra do Chapéu (SP), Bom Sucesso de Itararé (SP) e Itararé (SP) possuem, respectivamente, 72,22% (29300ha), 18,72% (2500ha) e 30,38% (30500ha) de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming | habitat | past,present,future | regional | low |
Diversos autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja) em São Paulo, que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. Os municípios Barra do Chapéu (SP) e Itararé (SP) possuem, respectivamente, 6,08% (2466,3ha) e 13,88% (13936,2ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 4.1 Roads & railroads | habitat | past,present,future | regional | low |
A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Mata Atlântica (Joly et al., 2019). Costa et al (2019) confirmaram pela primeira vez os efeitos à biodiversidade ocasionado pela construção e pavimentação de rodovias, bem como o tráfego intenso de veículos no Bioma da Mata Atlântica, que podem se estender por muitos metros além da estrada, tendo efeito direto na mortalidade e diversidade das espéies no fragmento. | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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2.1 Species mortality | 8.1.2 Named species | locality,habitat,occupancy,occurrence,mature individuals | present,future | local | very high |
A espécie está virtualmente extinta em locais onde a invasão por Pinus foi tão intensa que uma camada de acículas de 20 cm ou mais cobre completamente o solo e eliminou praticamente todas as espécies nativas. Esta localidade era conhecida de uma população de centenas de indivíduos (não muito para uma população de plantas de pequeno porte), e onde atualmente resite somente 1 sobrevivente (Vinícius Souza, Comunicação pessoal, 2020). |
Ação | Situação |
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5.1.2 National level | needed |
A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Paraná/São Paulo - 19 (PR). |
Ação | Situação |
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5.1.2 National level | on going |
A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.3 Sub-national level | on going |
A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (SMA, 2016). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | needed |
A espécie não é conhecida em nenhuma unidade de conservação de proteção integral, e claramente existe a necessidade de melhorar a proteção do habitat nos locais onde se sabe que ela ocorre. São necessárias pesquisas adicionais para determinar se esta espécie está ou não experimentando um declínio efetivo, ou está passando por flutuações naturais da população. |
Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. |