Apesar de abrigar uma parcela considerável da diversidade biológica e do endemismo de plantas (Grillo et al., 2005), os fragmentos florestais situados ao norte do rio São Francisco (entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte), denominado de Centro de Endemismo Pernambuco (Grillo et al., 2005; Tabarelli et al., 2005a), são também os mais devastados da Mata Atlântica (Nemésio e Santos-Junior, 2014; Ranta et al., 1998; Tabarelli et al., 2005b). Tal situação decorre de um histórico de degradação mais antigo e amplo, iniciado com o ciclo econômico de exploração do pau-brasil e posteriormente com a substituição das florestas por plantações de cana-de-açúcar (Coimbra Filho e Câmara, 1996; Grillo et al., 2005; Tabarelli et al., 2005b). A floresta remanescente está hoje representada por pequenos fragmentos florestais imersos em uma matriz agrícola e urbana (Ranta et al., 1998; Silva e Tabarelli, 2000). Baseado neste cenário, (Silva e Tabarelli, 2000) propuseram que cerca de 1/3 das árvores estariam ameaçadas de extinção regional. Atualmente, restam menos de 6% da cobertura original do Centro de Endemismo Pernambuco e a maior parte da floresta remanescente está nas áreas pertencentes às usinas de açúcar e álcool (Tabarelli e Roda, 2005). Vários registros da espécie foram realizados na área da São José Agroindustrial, uma das maiores usinas produtoras de açúcar em Pernambuco. O município de Jaqueira (PE), com 8.721 ha, contém 34,3% de seu território convertidos em plantações de cana-de-açúcar (Lapig, 2018).
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Referências:
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Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 08 de novembro 2018).
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Coimbra Filho, A.F., Câmara, I. de G., 1996. Os limites originais do bioma Mata Atlântica na região Nordeste do Brasil. Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, Rio de Janeiro, 86 p.
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Grillo, A., Oliveira, M.A., Tabarelli, M., 2005. Árvores, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 191–218.
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Nemésio, A., Santos-Junior, J.E., 2014. Is the “Centro de Endemismo Pernambuco” a biodiversity hotspot for orchid bees? Brazilian J. Biol. 74, S78–S92.
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Ranta, P., Blom, T., Niemela¨, J., Joensuu, E., Siitonen, M., 1998. The fragmented Atlantic rain forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodivers. Conserv. 7, 385–403.
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Silva, J.M.C. da, Tabarelli, M., 2000. Tree species impoverishment and the future flora of the Atlantic forest of northeast Brazil. Nature 404, 72–74.
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Tabarelli, M., Filho, J.A. de S., Santos, A.M.M., 2005a. A Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 25–40.
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Tabarelli, M., Filho, J.A. de S., Santos, A.M.M., 2005b. Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 41–52.
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Tabarelli, M., Roda, S.A., 2005. Uma oportunidade para o Centro de Endemismo Pernambuco. Nat. Conserv. 3, 22–28.
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