Droseraceae

Drosera graminifolia A.St.-Hil.

Como citar:

Lucas Moraes; undefined. 2016. Drosera graminifolia (Droseraceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

CR

EOO:

17,422 Km2

AOO:

16,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Drosera graminifolia é endêmica da Serra do Caraça, na porção sul da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (Gonella et al. 2012).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2016
Avaliador: Lucas Moraes
Revisor:
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv,v)
Categoria: CR
Justificativa:

A espécie é endêmica do estado de Minas Gerais, onde é encontrada na Serra do Caraça, na porção sul da Cadeia do Espinhaço (Gonella et al., 2012), incluindo-se o Parque Natural do Caraça e a RPPN Santuário do Caraça. Ocorre no domínio Mata Atlântica e apresenta alta especificidade de habitat, desenvolvendo-se em vegetação intermediária entre campos rupestres e campos de altitude, entre 1.700 e 1.950 m (Gonella et al., 2012). Possui EOO estimada em 15 km² e está sujeita a apenas uma situação de ameaça. Encontra-se ameaçada principalmente pelo avanço do capim-gordura (Melinis minutiflora) nas formações campestres de altitude da Serra do Caraça (Rossi et al., 2014), incêndios na região (Gonella et al., 2012) e pelo histórico de mineração que tomou parte na região, levando à degradação de diversas localidades e da vegetação nativa da região (Gonella et al., 2012). Esse conjunto de ameaças acarreta declínio contínuo de EOO, AOO, qualidade do habitat, número de subpopulações e número de indivíduos maduros da espécie.

Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Histoire des plantes les plus remarquables du Brésil et du Paraguay 1(6): 269 (1826).

População:

Flutuação extrema: Sim
Tamanho: less then /1000
Número de subpopulações: circa 4
Número de indivíduos na maior subpopulação: circa 500
Detalhes: O número estimado de indivíduos adultos da espécie é de menos de 1000, divididos em, ao menos, 4 subpopulações (uma em cada pico). A maior população conhecida se encontra no Pico do Inficcionado, com tamanho estimado em cerca de 500 indivíduos (Gonella obs.pess.). Há registro de grande flutuação no tamanho populacional para a subpopulação do Pico da Carapuça, antes estimada em centenas de indivíduos, foi reduzida a apenas um único indivíduo adulto observado no ano 2000 (Fernando Rivadavia, com.pess.; Gonella et al. 2012). Em 2011, foram observados cerca de 200 indivíduos adultos na mesma área (Gonella obs.pess.).
Referências:
  1. Gonella, P.M., Rivadavia, F. & Sano, P.T. 2012. Re-establishment of Drosera spiralis (Droseraceae), and a new circumscription of D. graminifolia. Phytotaxa 75: 43-57.

Ecologia:

Substrato: terrestrial, saxicolous
Forma de vida: herb
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Campo Rupestre
Fitofisionomia: Afloramento Rochoso, Campos de Altitude
Habitats: 3.7 Subtropical/Tropical High Altitude Shrubland, 6 Rocky Areas [e.g. inland cliffs, mountain peaks]
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Drosera graminifolia apresenta alta especificidade de habitat, ocorrendo em uma vegetação intermediária entre campos rupestres e campos de altitude, em habitats estreitamente definidos, em altitudes entre (1700–)1800–1950 m (Gonella et al. 2012). A espécie forma populações pequenas e dispersas na Serra do Caraça, próximas ao cume dos quatro maiores picos (Canjerana, Carapuça, Inficcionado e Sol), onde cresce em solo arenoso-turfoso, ou sobre uma fina camada de solo sobre rocha ou, mais raramente, diretamente em fendas de rocha (Gonella et al. 2012). Comumente observada crescendo junto a Sphagnum L. spp. (Sphagnaceae) e, eventualmente, sombreada por pequenos arbustos (Gonella et al. 2012).
Referências:
  1. Gonella, P.M., Rivadavia, F. & Sano, P.T. 2012. Re-establishment of Drosera spiralis (Droseraceae), and a new circumscription of D. graminifolia. Phytotaxa 75: 43-57.

Reprodução:

Detalhes: Drosera graminifolia floresce durante o período chuvoso, de Janeiro a Abril (Gonella et al. 2012). Um segundo período de floração de menor intensidade foi reportado entre Agosto e Setembro por Rivadavia (1996).
Fenologia: flowering (Jan~Apr)
Síndrome de polinização: entomophily
Síndrome de dispersão: hidrochory
Estratégia: iteropara
Sistema sexual: hermafrodita
Sistema: self-compatible
Referências:
  1. Gonella, P.M., Rivadavia, F. & Sano, P.T. 2012. Re-establishment of Drosera spiralis (Droseraceae), and a new circumscription of D. graminifolia. Phytotaxa 75: 43-57.
  2. Rivadavia, F. 1996. Drosera graminifolia. Carnivorous Plant Newsletter 25: 51–54.

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 8.1 Invasive non-native/alien species/diseases locality,habitat,occupancy,occurrence present,future local high
O avanço do capim gordura (Melinis minutiflora P. Beauv.) nas formações campestres de altitude da Serra do Caraça ameaça a qualidade do habitat de Drosera graminifolia, uma vez que essa gramínea invasora é bastante agressiva na competição por área e luz, além de aumentar a flamabilidade da vegetação (Gonella et al. 2012; Rossi et al. 2014).
Referências:
  1. Gonella, P.M., Rivadavia, F. & Sano, P.T. 2012. Re-establishment of Drosera spiralis (Droseraceae), and a new circumscription of D. graminifolia. Phytotaxa 75: 43-57.
  2. Rossi, R.D., Martins, C.R., Viana, P.L., Rodrigues, E.L. & Figueira, J.E.C. 2014. Impact of invasion by molasses grass (Melinis minutiflora P. Beauv.) on native species and on fires in areas of campo-cerrado in Brazil. Acta Botanica Brasilica 28(4): 631-637.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Indirect ecosystem effects 3.2 Mining & quarrying habitat past,present,future regional high
"A Serra do Caraça se insere no Quadrilátero Ferrífero, uma região com uma flora única, mas que sofre há décadas com a intensa mineração das reservas minerais. A mineração levou à degradação de diversas localidades e da vegetação nativa da região, incluindo áreas preservadas, como a Serra do Caraça. Como consequência indireta das atividades mineradoras na base da face leste e sul da Serra do Caraça, próximo à divisa do parque, uma redução significante no tamanho populacional de Drosera graminifolia foi observado durante a década de 1990, chegando a apenas um indivíduo adulto observado na população do Pico da Carapuça no ano 2000 (F.Rivadavia, obs.pess.). Durante esse período, a frágil vegetação das áreas elevadas da Serra do Caraça deteriorou-se, possivelmente devido à matéria particulada proveniente da atividade das mineradoras na base da Serra, levando a um aumento do acúmulo de biomassa seca, o que alimentou um grande incêndio em Setembro de 1997. Esse incêndio é reportado como a principal causa da extinção local de Huperzia rubra (Chamisso & Schlechtendal) Rothmaler (Lycopodiaceae) no Pico da Carapuça e em outras áreas, bem como de muitas outras espécies da Serra do Caraça, além de ter sido um facilitador para a invasão dessas áreas elevadas por gramíneas exóticas, que competem com a flora nativa por luz e espaço e, também, aumentam a flamabilidade da vegetação dos campos rupestres (Vasconcelos et al. 2002; Alves & da Silva 2011)" (Gonella et al. 2012).
Referências:
  1. Gonella, P.M., Rivadavia, F. & Sano, P.T. 2012. Re-establishment of Drosera spiralis (Droseraceae), and a new circumscription of D. graminifolia. Phytotaxa 75: 43-57.
  2. Vasconcelos, M.F., Salino, A. & Vieira, M.V.O. 2002. A redescoberta de Huperzia rubra (Cham.) Trevisan (Lycopodiaceae) e o seu atual estado de conservação nas altas montanhas do sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. Unimontes Científica 3(3): 1–9.
  3. Alves, R.J.V. & da Silva, N.G. 2011. O fogo é sempre um vilão nos campos rupestres? Biodiversidade Brasileira 1(2): 120–127.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
2.2 Invasive/problematic species control needed
O controle do capim-gordura é essencial para o restabelecimento da vegetação nativa e para impedir o avanço deste para áreas conservadas (Rossi et al. 2014).
Referências:
  1. Rossi, R.D., Martins, C.R., Viana, P.L., Rodrigues, E.L. & Figueira, J.E.C. 2014. Impact of invasion by molasses grass (Melinis minutiflora P. Beauv.) on native species and on fires in areas of campo-cerrado in Brazil. Acta Botanica Brasilica 28(4): 631-637.