Drosera camporupestris Rivadavia

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2022

Avaliador: Eduardo Amorim

Revisor: Monira Bicalho

Critério: B1ab(ii,iii)+2ab(ii,iii)

Categoria: EN

Justificativa:

Espécie endêmica do Brasil, ocorrendo somente no estado de Minas Gerais. Apresenta EOO igual a 4965km² e AOO igual a 60km² e quatro situações de ameaças. Considerando as ocorrências nas Unidades de Conservação como situações independentes e as atividades pecuaristas, especialmente pela ação do fogo no manejo das pastagens com principal ameaça que possa comprometer a perpetuação da espécie na natureza. De acordo com a análise de sobreposição um total de 67,46% (40,48km²) da AOO útil da espécie queimaram em 2019. Diante esse cenário, infere-se declínio de área de ocupação e qualidade de habitat. Desta maneira, a espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa, como busca por registros em novas localidades e estimativas populacionais e ainda, ações de conservação ex situ.

Último avistamento: 4

Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Carniv. Pl. Newslett. 32: 85, 2003. É reconhecida pelas por suas folhas obovado-cuneiformes com 8-12 grandes glândulas retentivas apicais de 2-9 mm de comprimento, cada uma com um pedúnculo estreitamente obcuneiforme e uma cabeça linearmente retangular. Tais tentáculos são encontrados apenas em outra espécie do Novo Mundo, D. sessilifolia A.Saint-Hilaire, que difere pelo hábito anual, folhas cuneadas amareladas a laranja-avermelhadas, 5 carpelos, 5 estigmas (sem bifurcações basais) e sementes ovoides (Rivadavia, 2003).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim

Detalhes: As sementes podem ser encontradas para vendas em sites por R$ 19,99 (Carnívoras online, 2022).

População:

Detalhes: Drosera camporupestris Rivadavia é reconhecida por numerosos locations distribuídas ao longe de 160km da Serra do Espinhaço (Gonella, 2012).

Referências:

1. Gonella, P.M., 2012. Revisão taxonômica do clado tetraploide-brasileiro de Drosera L. (Droseraceae). Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências - Universidade de São Paulo. Departamento de Botânica., São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.41.2012.tde-03042013-090412

Ecologia:

Substrato: terrestrial

Forma de vida: herb

Longevidade: perennial

Biomas: Cerrado

Vegetação: Campo Rupestre

Habitats: 3.7 Subtropical/Tropical High Altitude Shrubland, 4.7 Subtropical/Tropical High Altitude Grassland

Detalhes: Ervas perenes rosetadas, acaulescentes ou formando pequenas colunas de folhas mortas até 35 mm de altura (Gonella, 2012). Ocorre no Cerrado, em Campo rupestre (Gonella, 2020), em habitats sazonais e perenemente úmidos de vegetação de campo rupestre, em solos arenosos a turfosos entre gramíneas esparsas, ocasionalmente em rachaduras no arenito. Geralmente ocorre em solos bem drenados, muitas vezes em nascentes naturais ou ao longo das margens de infiltrações pantanosas, embora também tenha sido observado crescendo em áreas pantanosas de um ano entre líquens (Gonella, 2012). Drosera camporupestris é encontrada exclusivamente em habitats de infiltração com solos negros arenosos ou ricos em húmus que são pantanosos durante o verão (estação chuvosa), mas que muitas vezes secam completamente durante o inverno (estação seca) (Rivadavia, 2003).

Referências:

1. Gonella, P.M., 2012. Revisão taxonômica do clado tetraploide-brasileiro de Drosera L. (Droseraceae). Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências - Universidade de São Paulo. Departamento de Botânica., São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.41.2012.tde-03042013-090412
2. Gonella, P.M., 2020. Droseraceae. Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB35355 (acesso em 04 de novembro de 2021)
3. Rivadavia, F., 2003. Four New Species of Sundews, Drosera (Droseraceae), from Brazil. Carniv. Plant Newsl. 32, 79–92.

Reprodução:

Detalhes: Rivadavia (2003), verificou Drosera camporupestris florescendo o ano todo, mas mais comumente encontrada no início da estação seca, por volta de junho ou julho. Já Gonella (2012), observou flores ocorrendo principalmente entre maio e setembro, o que corresponde à estação seca, mas indivíduos com flores também foram coletados em fevereiro.

Fenologia: flowering (Jun~Jul)

Referências:

1. Gonella, P.M., 2012. Revisão taxonômica do clado tetraploide-brasileiro de Drosera L. (Droseraceae). Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências - Universidade de São Paulo. Departamento de Botânica., São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.41.2012.tde-03042013-090412
2. Rivadavia, F., 2003. Four New Species of Sundews, Drosera (Droseraceae), from Brazil. Carniv. Plant Newsl. 32, 79–92.

Ameaças (2):

Estresse	Ameaça	Declínio	Tempo	Incidência	Severidade
1.1 Ecosystem conversion	2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded	habitat	past,present,future	regional	high
De acordo com o Atlas das Pastagens Brasileiras, os municípios Buenópolis (MG), Gouveia (MG), Santana de Pirapama (MG), Santana do Riacho (MG) e Serro (MG) possuem, respectivamente, 20,63% (33003ha), 20,84% (18064ha), 29,94% (37604ha), 7,22% (4892ha) e 16,8% (20463ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2019 (Lapig, 2021). De acordo com o MapBiomas, os municípios Buenópolis (MG), Diamantina (MG), Gouveia (MG), Santana de Pirapama (MG), Santana do Riacho (MG), São Gonçalo do Rio Preto (MG) e Serro (MG) possuem, respectivamente, 38,61% (61771ha), 9,14% (35585ha), 30,93% (26803ha), 49,31% (61929ha), 17,16% (11621ha), 6,76% (2127ha) e 18,34% (22337ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagens, segundo dados de 2019 (MapBiomas, 2021a). Em 2014, a espécie apresentava 5,13% (307,98ha) da sua AOO útil (6000ha) em áreas de pastagem, enquanto em 2019, a espécie apresentava 5,57% (334,13ha), o que representou um acréscimo de 0,44% (26,15ha) em áreas de pastagem. Em 2014, a espécie apresentava 13,87% (68892,73ha) da sua EOO em áreas de pastagem e 1,94% (9626,31ha) em áreas de mosaico de pastagem e agricultura, enquanto em 2019, a espécie apresentava 13,23% (65703,63ha) em áreas de pastagem e 1,83% (9093,95ha) em áreas de mosaico de pastagem e agricultura, o que representou um decréscimo de 0,75% (74797,58ha) em áreas de pastagem e mosaico de pastagem e agricultura (MapBiomas, 2021b).
Referências: Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2021. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2019. Municípios: Buenópolis (MG), Gouveia (MG), Santana de Pirapama (MG), Santana do Riacho (MG) e Serro (MG). URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 04 de novembro de 2021). MapBiomas, 2021a. Projeto MapBiomas - Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, dados de 2019. Municípios: Buenópolis (MG), Diamantina (MG), Gouveia (MG), Santana de Pirapama (MG), Santana do Riacho (MG), São Gonçalo do Rio Preto (MG) e Serro (MG). URL https://mapbiomas-br-site.s3.amazonaws.com/EstatADsticas/Dados_Cobertura_MapBiomas_5.0_UF-MUN_SITE_v2.xlsx (acesso em 04 de novembro de 2021). MapBiomas, 2021b. Projeto MapBiomas - Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, dados de 2014 e 2019. URL https://https://mapbiomas.org (acesso em 04 de novembro de 2021).

Estresse	Ameaça	Declínio	Tempo	Incidência	Severidade
1.2 Ecosystem degradation	7.1.3 Trend Unknown/Unrecorded	habitat	past,present,future	regional	very high
Um total de 67,46% (40,48km²) da AOO útil da espécie queimaram em 2019 [Formação Campestre (38,35%), Formação Savânica (20,62%), Pastagem (3,63%), Formação Florestal (3,15%), Outra Área não Vegetada (1,71%)]. Um total de 43,14% (2141,52km²) da EOO útil da espécie queimaram em 2019 [Formação Campestre (17,01%), Formação Savânica (12,84%), Formação Florestal (4,77%), Agricultura (2,78%), Pastagem (2,78%), Outra Área não Vegetada (2,76%), Formação Natural não Florestal (0,1%), Mosaico Agricultura e Pastagem (0,1%)] (MapBiomas-Fogo, 2021).
Referências: MapBiomas-Fogo, 2021. Projeto MapBiomas Fogo - Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, dados de 2019. URL https://https://mapbiomas.org (acesso em 04 de novembro de 2021).

Ações de conservação (3):

Ação	Situação
5.1.2 National level	on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al., 2015).
Referências: Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora: Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Laboratório de Biogeografia da Conservação: Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.

Ação	Situação
5.1.2 National level	needed
A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território PAT Espinhaço Mineiro - 10 (MG).

Ação	Situação
1.1 Site/area protection	on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Águas Vertentes, Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira, Parque Estadual Rio Preto, Parque Nacional da Serra do Cipó e Parque Nacional das Sempre Vivas.

Ações de conservação (1):

Uso	Proveniência	Recurso
12. Handicrafts, jewellery, decorations, curios, etc.	natural	whole plant
As sementes podem ser encontradas para vendas em sites por R$ 19,99 (Carnívoras online, 2022).
Referências: Carnívoras online, 2022. Drosera camporupestris - Gouveia, MG. | 20 sementes. URL https://www.carnivorasonline.com.br/drosera-camporupestris-gouveia-25-sementes.html (acesso em 25 de janeiro de 2022).