Droseraceae

Drosera amazonica Rivadavia, A.Fleischm. & Vicent.

Como citar:

Eduardo Amorim; Monira Bicalho. 2022. Drosera amazonica (Droseraceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

DD

EOO:

2.267,165 Km2

AOO:

12,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Gonella, 2020), com distribuição: no estado do Amazonas — no município Manaus —, e no estado de Roraima — no município Caracaraí.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2022
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Monira Bicalho
Categoria: DD
Justificativa:

Espécie endêmica da Amazônica, encontrado em savanas de areia de quartzo branco inundadas sazonalmente ou que ficam inundadas durante chuvas fortes. Conhecida a partir de algumas coleções ao longo do Igarapé Cachoeira, um pequeno afluente do Rio Cuieiras, que deságua no Rio Negro cerca de 100 km rio acima de Manaus. Apresenta EOO igual a 1830km², AOO igual 12km² e, apesar dos valores atingirem limiares para aplicação de uma categoria de ameaça, a distribuição da espécie, aparentemente, pode estar submestimada. Desta maneira, foi avaliada como Dados Insuficientes (DD), principalmente pela região amazônica apresentar baixo esforço amostral. Recomendam-se busca de novos registros em outras localidades, com o objetivo de conhecer a distribuição real da espécie, permitindo uma nova reavaliação mais consistente no futuro.

Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Ecotropica 15(1): 13, 2009. É afim de Drosera felix Steyerm. & L.B. Sm. por compartilhar caracteres generativos, como uma inflorescência de poucas ou única flor em um escapo curto, um cálice coberto de pelos não glandulares, uma fragrância floral doce e sementes ovoides a subglobosas, mas difere por apresentar rosetas folhosas achatadas, lâmina suborbicular, pecíolos transversalmente elípticos em seção transversal, até 3 flores por escapo e cápsulas de sementes que se abrem em forma de taça (Rivadavia et al., 2009). Se distingue das demais espécies ocorrentes no Brasil pelas inflorescências unifloras (raramente bifloras), sésseis ou sub-sésseis, com a flor abrindo na altura das folhas. Também é a única espécie que apresenta pedicelos reflexos no fruto (Gonella, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Drosera amazonica é conhecida a partir de algumas coleções ao longo do Igarapé Cachoeira, um pequeno afluente do Rio Cuieiras, que deságua no Rio Negro cerca de 100 km rio acima de Manaus, nordeste do Estado do Amazonas. Em 2006, F. Rivadavia encontrou duas populações extensas c. 500 m de distância em lados opostos do pequeno rio. Essas populações estão localizadas no Parque Estadual do Rio Negro Setor Sul, uma área protegida relativamente protegida do desmatamento. Outra população foi descoberta c. 450 km ao norte desta área no Parque Nacional do Viruá na parte central do Estado de Roraima. Drosera amazonica ocorre em grandes populações, os indivíduos muitas vezes crescendo muito próximos (Rivadavia et al., 2009).
Referências:
  1. Rivadavia, F., Vicentini, A., Fleischmann, A., 2009. A new species of sundew (Drosera, Droseraceae), with water-dispersed seed, from the floodplains of the northern Amazon basin, Brazil. Ecotropica 15, 13–21.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: herb
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Campinarana
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 3.6 Subtropical/Tropical Moist Shrubland, 4.6 Subtropical/Tropical Seasonally Wet/Flooded Lowland Grassland
Detalhes: Perene formadora de caule. Caules curtos, com até 10 cm de comprimento (Rivadavia et al., 2009). Ocorre na Amazônia, em Campinarana (Gonella, 2020), é encontrado em savanas de areia de quartzo branco inundadas sazonalmente ou que ficam inundadas durante chuvas fortes. O solo é altamente ácido e extremamente pobre em nutrientes, consistindo de sedimentos profundos de areia ou solos rasos associados a afloramentos de arenito. As áreas habitadas por Drosera amazonica são geralmente abertas e dominadas por gramíneas e/ou ciperáceas com árvores e arbustos dispersos que formam às vezes pequenas ilhas no campo aberto (Rivadavia et al., 2009).
Referências:
  1. Gonella, P.M., 2020. Droseraceae. Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB582424 (acesso em 04 de novembro de 2021)
  2. Rivadavia, F., Vicentini, A., Fleischmann, A., 2009. A new species of sundew (Drosera, Droseraceae), with water-dispersed seed, from the floodplains of the northern Amazon basin, Brazil. Ecotropica 15, 13–21.

Reprodução:

Detalhes: Foi coletada com flores nos meses de janeiro, dezembro e junho, sugerindo que esta espécie não possui um período específico de floração. As flores de D. amazonica são docemente perfumadas, nascidas solitárias em pedúnculos e pedicelos muito curtos, de modo que se aninham quase sésseis na roseta da planta. O odor das flores pode ter evoluído entre essas espécies para atrair polinizadores para as flores quase sésseis, mantendo-os longe das folhas carnívoras pegajosas visualmente atraentes ao redor. As flores brancas de D. amazonica fecham no início da tarde, portanto, polinizadores noturnos de orientação olfativa podem ser excluídos. Cada flor de D. amazonica abre apenas por um dia, geralmente apenas pela manhã, após o qual os lobos da corola e do cálice se fecham. Após a antese, os pedicelos de D. amazonica dobram-se para baixo e o escapo é adicionalmente pressionado pelas folhas produzidas consecutivamente, de modo que a cápsula da semente madura fica eventualmente de lado ou voltada para baixo. A semente é, portanto, lançada no solo sob a planta mãe e, como as flores são quase sésseis, é provável que os grãos da semente sejam depositados muito perto do caule da mesma planta frutífera. No entanto, a superfície da semente foveada pode representar uma estratégia especializada para ajudar a dispersar a semente a uma distância maior (Rivadavia et al., 2009).
Fenologia: flowering (Jan~undefined), flowering (Dec~undefined), flowering (Jun~undefined)
Dispersor: Na água, as bolhas de ar são capturadas nas fossas da testa por efeito capilar, dando flutuabilidade adicional aos grãos da semente para estes poderem flutuar e, portanto, possam ser transportados por uma certa distância pela água corrente. Assim, a semente de D. amazonica é provavelmente dispersa pela água, seja pelo fluxo de água subterrânea dos habitats de percolação aberta ou pelas fortes chuvas tropicais comuns a essa área (hidrocoria: náutocoria) (Rivadavia et al., 2009).
Síndrome de dispersão: hidrochory
Referências:
  1. Rivadavia, F., Vicentini, A., Fleischmann, A., 2009. A new species of sundew (Drosera, Droseraceae), with water-dispersed seed, from the floodplains of the northern Amazon basin, Brazil. Ecotropica 15, 13–21.

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.2 Small-holder grazing, ranching or farming habitat past,present,future regional high
Apesar da pequena receita gerada em relação ao terceiro setor, a produção agropecuária tem papel importante para a subsistência das populações rurais e abastecimento dos mercados urbanos da região. A pecuária é desenvolvida em 70 a 75% dos estabelecimentos agropecuários de Caracaraí e Rorainópolis (ICMBio, 2014).
Referências:
  1. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2014. Plano de manejo do Parque Nacional do Viruá. MMA - Ministério do Meio Ambient. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/parna_virua_pm_diag1.pdf
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3.5 Motivation Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
Caracaraí, com 127,04 km², é o segundo município de Roraima com os maiores incrementos de desmatamento (PRODES/ INPE, 2018). O desmatamento para a exploração madeireira e ampliação de pastagens é uma ameaça iminente aos sistemas florestais da região e entorno do Parque Nacional do Viruá. Os desmatamentos no Estado incidem principalmente sobre Florestas Ombrófilas e ecótones florestais, a uma taxa média de 277 km²/ano. A marca histórica de 574 km² de florestas desmatadas em 2007/2008 fez de Roraima o Estado com o segundo maior crescimento nos índices de desmatamento na Amazônia Legal neste período (ICMBio, 2014).
Referências:
  1. PRODES, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2018. Incremento anual de área desmatada na Amazônia Legal Brasileira para os últimos 5 anos. INPE/OBT/DPI/TerraBrasilis. URL http://www.obt.inpe.br/prodes/dashboard/prodes-increase.html (acesso em 03 de julho de 2018).
  2. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2014. Plano de manejo do Parque Nacional do Viruá. MMA - Ministério do Meio Ambient. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/parna_virua_pm_diag1.pdf

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Protecao Ambiental Xeriuini, Estação Ecológica de Niquiá e Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.