Eduardo Fernandez; Patricia da Rosa. 2018. Cordia fusca (Boraginaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A espécie foi registrada em: MINAS GERAIS, municípios de Descoberto (Castro, 554), Dionísio (França, 376), Marliéria (Mota, 1653), Serra Azul (Menandro, 224) e Rio Novo (Stapf, 521); RIO DE JANEIRO, município de Petrópolis (Lima, 6105). Foi registrada entre 250 e 800 m de altitude (Stapf e Silva, 2013).
Árvore de até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Foi coletada em Floresta Estacional Semidecidual associada a Mata Atlântica nos estado de Minas Gerais e Rio de Janeiro (Stapf e Silva, 2013). Apresenta distribuição restrita, com AOO=28 km² e ocorrência em habitat severamente fragmentado. Mesmo ocorrendo em Unidades de Conservação de proteção integral, sabe-se que a Mata Atlântica perdeu cerca de 85% de sua cobertura vegetal original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Além disso, cinco de seis municípios em que a espécie foi registrada perderem até 70% de cobertura florestal original (Lapig, 2018; SOS Mata Atlântica e INPE, 2018b), além de sofrerem com a incidência de ameaças severas, como crescimento urbano acelerado (Relatório PELD – site 4, 2005), desmatamento (França e Stehmann, 2013), pecuária extensiva (Lapig, 2018), cultivo de café (Oliveira-Filho et al., 1994; Heringer, 1947), silvicultura de Eucalyptus (Relatório PELD - site 4, 2005) e ampla utilização do fogo para manejo de pastagens (Relatório PELD - site 4, 2005). Assim, a espécie foi considerada Em Perigo (EN) de extinção, uma vez que apresenta distribuição restrita em habitat severamente fragmentado e infere-se o declínio contínuo em extensão e qualidade do hábitat. Descrita recententemente, C. fusca demanda ações de conservação in situ (inclusão da espécie em Planos de Ação e Planos de Manejo) e de pesquisa sobre a distribuição e estrutura da população.
Descrita em Brittonia 65(2): 191–193, 2013. Cordia fusca é caracterizada por suas folhas eliptico-lanceoladas, densamente tomentosas, escuras e com cálice marrom que abre desigualmente em três a cinco lobos; talvez a congênere mais próxima seja C. sellowiana Cham., que tem folhas obovo-lanceoladas e cálice com cinco lobos iguais (Stapf; Silva, 2013).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 2 Agriculture & aquaculture | habitat | past,present,future | local | high |
A região do médio rio Doce apresenta remanescentes de florestas que sofreram diferentes graus de perturbação, seja pela ação de desmatamentos, corte seletivo de madeira e/ou fogo (França e Stehmann, 2013). Na bacia do Rio Doce, a pecuária representa cerca de 78 a 80% do usos dos solos, enquanto a silvicultura industrial soma cerca de 3% da área total da bacia. A pecuária é extensiva, com uso do fogo para o manejo de pastagens, enquanto a agricultura, em sua maior parte, é de subsistência (Relatório PELD – site 4, 2005). Na zona de amortecimento do Parque, os problemas ambientais foram intensificados pela expansão populacional e ocupação antrópica, realizadas quase sempre de forma desordenada; o despejo dos resíduos nos rios e córregos da região e a estocagem inadequada dos resíduos sólidos colocam em risco a saúde humana e ameaçam a qualidade da água do lençol freático (Relatório PELD – site 4, 2005). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.2 Wood & pulp plantations | habitat | present,future | local | high |
A silvicultura, que ocupa grandes áreas do entorno do PERD, destina-se a suprir as demanda de madeira para fabricação de celulose e, em menor escala, de carvão vegetal para siderurgia (Relatório PELD – site 4, 2005). Acompanhando os monocultivos de eucalipto, a região apresenta ainda extensas baterias de fornos que produzem carvão vegetal e estendem-se muitas estradas, principalmente as de terra, para o manejo das plantações e escoamento da produção. A cultura de eucalipto (Eucalyptus sp.), devido ao seu rápido crescimento e à múltipla utilização de sua madeira, tem sido amplamente adotada nos programas de reflorestamento. Entretanto, estudos apontam que este cultivo inibe o crescimento de espécies nativas (Relatório PELD - Site 4, 2005). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 1 Residential & commercial development | habitat | past,present,future | regional | very high |
O município de Dionísio (MG), com 34.444 ha, conta com 12,25% de remanescentes de Mata Atlântica original. O município de Serra Azul de Minas (MG), com 21.859 ha, conta com somente 16,93% da Mata Atlântica original presente no município (SOS Mata Atlântica/ INPE, 2018). Já Descoberto (MG), com 21.317 ha, e onde situa-se a REBIO Represa do Grama, conta com somente 16,02% da Mata Atlântica original presente no município (SOS Mata Atlântica/ INPE, 2018). Rio Novo (MG), com 20.931 ha, somente 8% da Mata Atlântica original restaram; Em Marliéria, com 54.581 ha e onde situa-se o Parque Estadual do Rio Doce, ainda existem 57,66% de remanescentes originais da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica/ INPE, 2018); Já em Petrópolis (RJ), com cerca de 79.580 ha, cerca de 31.57% de Mata Atlântica nativa ainda resistem (SOS Mata Atlântica/ INPE, 2018). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 2 Agriculture & aquaculture | habitat | past,present,future | regional | high |
A região da Zona da Mata de Minas Gerais, includindo a região compreendida pela Reserva Biológica Represa do Grama, era constituída por um maciço florestal composto por florestas estacionais semidecíduas montanas e submontanas que atualmente se encontram extremamente fragmentadas. Diversos tipos de ações antrópicas estiveram associados ao processo de fragmentação florestal regional, como a agricultura cafeeira, a pecuária, a retirada seletiva de madeira, a mineração, o fogo e o crescente desenvolvimento das áreas urbanas (Heringer, 1947; Oliveira-Filho et al., 1994b; Meira Neto et al., 1997; Silva, 2000). | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação: Parque Estadual Rio Doce (Heringer, 15101) e Reserva Biológica da Represa do Grama (Castro, 554) em Minas Gerais. |
Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não se conhecem usos vigentes ou potenciais para C. fusca. |