Fabaceae

Copaifera majorina Dwyer

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2018. Copaifera majorina (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

24.505,448 Km2

AOO:

32,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Costa, 2018), com ocorrência no estado: BAHIA, município de Entre Rios (Guedes 7685), Gongogi (Curran 27), Ilhéus (Mattos-Silva 3276), Ituberá/Grapiúna (Guedes 12077), Santa Cruz Cabrália (Santos 289), Una (Mori 13968), Uruçuca (Thomas 7642).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Critério: B1ab(i,ii,iii,v)
Categoria: VU
Justificativa:

Árvore de até 20 m, endêmica do Brasil (Costa, 2018). Popularmente conhecida por copaíba, foi coletada exclusivamente em Floresta Ombrófila Densa associada a Mata Atlântica no estado da Bahia. Apresenta distribuição restrita, EOO=20467 km², especificidade de habitats e ocorrência em fitofisionomia florestal severamente fragmentada. Estima-se que restem atualmente cerca de 15% da vegetação original da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018; Ribeiro et al., 2009). Sabe-se que grande parte dos ecossistemas florestais da Bahia encontram-se fragmentadas como resultado de atividades antrópicas realizadas no passado e atualmente, restando 12% de remanescentes florestais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Desmatamento, corte madeireiro e implementação de atividades agrossilvipecuárias em larga escala (Paciencia e Prado, 2005), principalmente plantações de Eucalyptus sp. (Baesso et al., 2010; Landau, 2003), cacau (Rolim e Chiarello, 2004) e vastas áreas convertidas em pasto e outras culturas, como seringa, piaçava e dendê, além do crescimento urbano e especulação imobiliária, constituem os principais vetores de stress a persistência de C. majorina na natureza (Otroski, 2018; Martini et al., 2007; Sambuichi, 2003). Possui registros dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral, e apesar de ser utilizada na medicina popular e também pelas indústrias farmacêutica e cosmética (Arruda et al., 2019; Santos et al., 2008; Trindade et al., 2018), essas atividades não comprometem diretamente a persistência de indivíduos na natureza. Diante do exposto, portanto, considera-se a espécie Vulnerável (VU). Infere- se declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat e potencialmente no número de indivíduos maduros. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, busca por novas localidades, censo, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir a perpetuação desta espécie no futuro.

Último avistamento: 2006
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Brittonia 7: 162. 1951.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: O óleo-resina extraído de espécies do gênero Copaifera tem sido utilizado na medicina popular na região Neotropical e sua eficácia é corroborada por vários estudos (Arruda et al., 2019; Santos et al., 2008; Trindade et al., 2018). É também amplamente utilizado nas indústrias farmacêutica e cosmética (Arruda et al., 2019; Trindade et al., 2018).

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvores de 6-20 m de altura (Costa, 2007), ocorrendo em floresta ombrófila na Mata Atlântica (Costa, 2007, 2018).
Referências:
  1. Costa, J.A.S., 2007. Estudos taxonômicos, biossistemáticos e filogenéticos em Copaifera L. (Leguminosae - Detarieae) com ênfase nas espécies do Brasil extra-Amazônico. Programa Pós-graduação em Botânica. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Feira de Santana. 249 p.
  2. Costa, J.A.S. Copaifera in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB18434>. Acesso em: 20 Nov. 2018

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat,mature individuals past,past,future national very high
Perda de habitat como conseqüência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001).
Referências:
  1. Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF), 2001. Atlantic Forest Biodiversity Hotspot, Brazil. Ecosystem Profiles. https://www.cepf.net/sites/default/files/atlantic-forest-ecosystem-profile-2001-english.pdf (acesso em 31 de agosto 2018).
  2. Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J., Hirota, M.M., 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol. Conserv. 142, 1141–1153.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,mature individuals past,present,future national very high
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  2. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  3. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  4. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  5. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2 Wood & pulp plantations habitat,mature individuals past,present,future national very high
As florestas plantadas de Eucalyptus spp. estão distribuídas estrategicamente, em sua maioria, nos estados de Minas Gerais, com maior área plantada, São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul (Baesso et al., 2010). Monoculturas florestais com Eucalyptus spp., ocupando 4,85% da paisagem, é o principal uso do solo identificado na Região Extremo Sul da Bahia, decorrente do estabelecimento de grandes empresas reflorestadoras nessa região (Landau, 2003).
Referências:
  1. Baesso, R.C.E., Ribeiro, A., Silva, M.P., 2010. Impacto das mudanças climáticas na produtividade do eucalipto na região norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Ciência Florest. 20, 335–344.
  2. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
Embora a atividade madeireira seja tecnicamente ilegal na região, de acordo com Martini et al. (2007) no sul da Bahia a destruição da floresta continua paulatinamente, a medida que a população local tenta ampliar suas áreas agrícolas, muitas vezes avançando para áreas de conservação existentes na região. Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Municípios como Entre Rios, Gongogi, Ilhéus e Uruçuca (BA) apresentam cerca de 10,8%, 1,9%, 19,9% e 19% da Mata Atlântica original que cobria seus territórios (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Martini, A.M.Z., Fiaschi, P., Amorim, A.M., Paixão, J.L. Da, 2007. A hot-point within a hot-spot: a high diversity site in Brazil’s Atlantic Forest. Biodivers. Conserv. 16, 3111–3128.
  2. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécies for registrada na Reserva Biológica de Una (Mori 13968).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural sap
O óleo-resina extraído de espécies do gênero Copaifera tem sido utilizado na medicina popular na região Neotropical e sua eficácia é corroborada por vários estudos (Arruda et al., 2019; Santos et al., 2008; Trindade et al., 2018). É também amplamente utilizado nas indústrias farmacêutica e cosmética (Arruda et al., 2019; Trindade et al., 2018).
Referências:
  1. Arruda, C., Mejía, J.A.A., Ribeiro, V.P., Borges, C.H.G., Martins, C.H.G., Veneziani, R.C.S., Ambrósio, S.R., Bastos, J.K., 2019. Occurrence, chemical composition, biological activities and analytical methods on Copaifera genus—A review. Biomed. Pharmacother. 109, 1–20.
  2. Santos, A.O. dos, Ueda-Nakamura1, T., Dias-Filho, B.P., Veiga-Junior, V.F., Pinto, A.C., Nakamura, C.V., 2008. Antimicrobial activity of Brazilian copaiba oils obtained from different species of the Copaifera genus. Mem Inst Oswaldo Cruz 103, 277–281.
  3. Trindade, R., Silva, J.K., Setzer, W.N., 2018. Copaifera of the Neotropics: a review of the phytochemistry and pharmacology. Int. J. Mol. Sci. 19, 1511.