Eduardo Amorim; Eduardo Fernandez. 2020. Coccoloba gigantifolia (Polygonaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado de Rondônia — nos municípios Itapuã do Oeste e Porto Velho.
Árvore com até 15 m de altura (Melo et al., 2019), endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição no estado de Rondônia, municípios Itapuã do Oeste e Porto Velho. Ocorre na Amazônia, em Floresta de Terra-Firme (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Apresenta EOO= 8km², AOO= 8km² e duas situações de ameaça. Coccoloba gigantifolia cresce em florestas abertas, ombrófilas, florestas secundárias e em estágios sucessionais iniciais (capoeira), em áreas de relevo plano, em solos úmidos arenosos ou argilosos (Melo et al., 2019). A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada rara, existindo cerca de 20 a 30 indivíduos, em ambiente natural (Efigênia de Melo, comunicação pessoal, 2020). Até o momento, indivíduos foram registrados nos estados do Amazonas e Rondônia. Atualmente, os indivíduos são coletados na natureza apenas nos trechos médios (Jamari e Samuel) e inferiores (Autazes e Borba) da bacia do rio Madeira. A distância entre as populações amostradas do médio e baixo rio Madeira é de aproximadamente 600 km, o que pode indicar uma distribuição disjunta restrita à bacia do rio Madeira (Melo et al., 2019). A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Amazônia (Joly et al., 2019). Na Amazônia brasileira, 22.713 km de estradas federais ou estaduais são complementados por 190.506 km de estradas não oficiais, frequentemente associadas à exploração madeireira e atividades rurais, onde quase 95% de todo o desmatamento ocorre dentro de um distância média de 5.5 km de estradas (Charity et al., 2016). Os municípios Itapuã do Oeste (RO) e Porto Velho (RO) possuem, respectivamente, 17,36% (70845,2ha) e 22,11% (753851,9ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). É muito provável que as pequenas e possivelmente disjuntas populações selvagens de C. gigantifolia serão fortemente ameaçadas no futuro próximo por incêndios e desmatamento causados pelo avanço da agricultura e infraestrutura rodoviária (Melo et al., 2019). Diante o cenário de ameaças vigentes na Amazônia, infere-se o declínio contínuo de extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade de habitat e situações de ameaça. Coccoloba fastigiata foi avaliada como Criticamente em perigo (CR) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, cumprimento de efetividade de Unidades de Conservação e conservação ex situ) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.
Descrita em: Acta Amazon. 49(4), 325, 2019. É reconhecida pelas folhas grandes, o tronco reto com anéis transversais, folhas com pecíolo articulado inserido na base da ocrea, a pubescência geral e a presença de uma medula oca nos ramos. O padrão de nervuras foliares é do tipo broquidódromo, já registrado para as folhas de outras espécies de Coccoloba (Melo et al., 2019).
O tempo de geração estimado para esta espécie é desconhecido. Em condições de cultivo, a partir de sementes plantadas no INPA, foram 13 anos desde a semeadura até a floração e frutificação da planta (Efigênia de Melo, comunicação pessoal, 2020).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 4.1 Roads & railroads | habitat | past,present,future | national | very high |
A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Amazônia (Joly et al., 2019). Na Amazônia brasileira, 22.713 km de estradas federais ou estaduais são complementados por 190.506 km de estradas não oficiais, frequentemente associadas à exploração madeireira e atividades rurais, onde quase 95% de todo o desmatamento ocorre dentro de um distância média de 5.5 km de estradas (Charity et al., 2016). A construção de uma estrada induz a mortalidade de árvores na borda da floresta devido a danos mecânicos, alteração do microclima, suscetibilidade ao estresse hídrico de árvores que crescem adjacentes à estrada, o que tem provocado mudanças na composição de espécies arbóreas (clímax são substituídas por secundárias) e aumentado a fragmentação (Kunert et al., 2015). Além disso, o efeito de borda criado pela presença de uma estrada tem forte influência no uso de água pela floresta (Kunert et al., 2015). Fearnside (2015) argumenta que as estradas atuam como impulsionadoras do desmatamento, atraindo trabalhadores migrantes e investimentos para áreas de floresta anteriormente inacessíveis dentro da Amazônia. Segundo o autor, o desmatamento é então estimulado não apenas por estradas que aumentam a lucratividade da agricultura e da pecuária, mas também pelo efeito das estradas (acessibilidade) na especulação de terra e no estabelecimento de posse de terras. Pfaff et al. (2007) apontam ainda o impacto severo da abertura de estradas na Amazônia, que leva invariavelmente a mais desmatamento, não só nos municípios e povoados por onde passam, mas também em setores vizinhos, através do efeito de “transbordamento” (spillover effect). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded | habitat | past,present,future | regional | medium |
Os municípios Itapuã do Oeste (RO) e Porto Velho (RO) possuem, respectivamente, 17,36% (70845,2ha) e 22,11% (753851,9ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 5.3.5 Motivation Unknown/Unrecorded | habitat | present,future | regional | high |
É muito provável que as pequenas e possivelmente disjuntas populações selvagens de C. gigantifolia serão fortemente ameaçadas no futuro próximo por incêndios e desmatamento causados pelo avanço da agricultura e infraestrutura rodoviária (Melo et al., 2019). | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.2 National level | on going |
A espécie ocorre em Porto Velho (RO ), município da Amazônia Legal considerado prioritário para fiscalização, referido no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Floresta Nacional do Jamari. |
Ação | Situação |
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4.3 Awareness & communications | on going |
Melo et al. (2019), utilizando os critérios da IUCN estabelecidos no Livro Vermelho da Flora do Brasil sugerem que a espécie deve ser classificada como Em Perigo, devido às ameaças que a região pode sofrer num futuro próximo como pavimentação de rodovias, desmatamento e incêndios. | |
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. |