FABACEAE

Chamaecrista pilicarpa (Glaz. ex Harms) H.S.Irwin & Barneby

Como citar:

Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2019. Chamaecrista pilicarpa (FABACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

DD

EOO:

0,00 Km2

AOO:

8,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência no estado de MINAS GERAIS, especificamente na Serra do Caraça, no município de Santa Bárbara (Kawasaki 976) e em uma segunda localidade incerta (Glaziou 15939).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Categoria: DD
Justificativa:

Árvore de até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi documentada em Campos Rupestres associados ao Cerrado no estado de Minas Gerais, município de Santa Bárbara. É conhecida somente pela sua coleta-tipo, realizada nas proximidades da Serra do Caraça por A.F.M. Glaziou em 1884, e por material coletado recentemente (1997) dentro dos limites da RPPN Santuário do Caraça. Desde então, pouco se avançou em relação ao estado de conhecimento de C. pilicarpa. A espécie foi considerada como Dados Insuficientes (DD) em avaliações de risco de extinção pretéritas (CNCFlora, 2013; 2014; MMA, 2014). A espécie aparentemente é restrita a habitat severamente fragmentado (Strassburg et al., 2017; Carmo e Jacobi, 2012; Kolbek e Alves, 2008), e poderia ser incluída em categoria de ameaça pelo critério B. Entretanto, diante da carência de dados geral, a espécie foi considerada como Dados Insuficientes (DD) novamente, uma vez que o conjunto de informações disponíveis não possibilitou a condução de re-avaliação de risco de extinção de forma robusta. Novos estudos buscando encontrar a espécie em outras localidades e levantar dados populacionais na região próxima às áreas de ocorrência fazem-se necessários para melhorar o conhecimento sobre sua distribuição e dinâmica populacional e assim possibilitar uma robusta avaliação de seu risco de extinção.

Último avistamento: 1997
Quantidade de locations: 1
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Dados Insuficientes" (DD) na Portaria 443 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2014 DD

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Irwin, H., & Barneby, R., 1982. Memoirs of The New York Botanical Garden 35: 648.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: bush, tree
Longevidade: unkown
Biomas: Cerrado
Vegetação: Campo Rupestre
Fitofisionomia: Savana Parque
Habitats: 4.5 Subtropical/Tropical Dry Lowland Grassland
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvores ou arbustos de ca 5 m de altura (Kawasaki 976), ocorrendo nos domínios do Cerrado, especificamente em Campos rupestres (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Chamaecrista in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB103782>. Acesso em: 11 Mai. 2019

Reprodução:

Detalhes: Coletada com flores em maio (M.L. Kawasaki 976).
Fenologia: flowering (May~undefined)
Estratégia: unknown
Sistema: unkown

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2 Wood & pulp plantations habitat,locality,occupancy past,present,future regional high
Na Serra do Caraça, a silvicultura de eucalipto é marcante na paisagem, ocupando cada vez mais espaço (Machado, 2008).
Referências:
  1. Machado, A.C.A.R., 2008. Ecoturismo na Serra do Caraça: contribuições da interpretação para a conservação ambiental. Belo Horizonte, MG: Universidade Federal de Minas Gerais.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas occupancy,habitat,locality past,present regional high
Na Serra do Caraça há registro de atividade turística desordenada (Machado, 2008).
Referências:
  1. Machado, A.C.A.R., 2008. Ecoturismo na Serra do Caraça: contribuições da interpretação para a conservação ambiental. Belo Horizonte, MG: Universidade Federal de Minas Gerais.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 3.2 Mining & quarrying locality,habitat,occupancy past,present,future regional very high
Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). A região do do sudeste do quadrilátero ferrífero abarca os municípios de Ouro Petro e Mariana. Nessa região, a alta diversidade e a ocorrência de espécies raras, microendêmicas e ameaçadas de extinção, evidencia a necessidade da conservação de cangas . No entanto, devido ao alto interesse minerário, essas áreas estão extremamente ameaçadas (Messias e Carmo, 2015). A espécie ocorre na região de Mariana, onde houve o maior desastre ambiental da história, causado pelo rompimento da barragem de Fundão no dia 5 de novembro de 2015 (Escobar, 2015). Uma onda de 62 milhões de m³ arrasou casas e monumentos históricos, deixando dezenas de mortos, desaparecidos, desalojados, matando plantas e animais no curso do rio até atingir os corais de Abrolhos (Neves et al., 2016; National Geographic Brazil, 2019). Para a região dos municípios de Santa Barbara e Catas Altas há protocolos recentes (2017-2018) de requerimento de pesquisa para mineração de ouro e minério de ferro (DNPM, 2019).
Referências:
  1. Carmo, F.F., Jacobi, C.M., 2012. Plantas vasculares sobre cangas. in: Jacobi, C.M., Carmo, F.F., (Orgs.). Diversidade florística nas cangas do Quadrilátero Ferrífero. Belo Horizonte, Código Editora, 240 p.
  2. Neves, A.C. de O., Nunes, F.P., de Carvalho, F.A., Fernandes, G.W., 2016. Neglect of ecosystems services by mining, and the worst environmental disaster in Brazil. Nat. Conserv. 14, 24–27.
  3. Kolbek, J. e Alves, R.J.V., 2008. Impacts of Cattle, Fire and Wind in Rocky Savannas, Southeastern Brazil. Acta Universitatis Carolinae Environmentalica 22: 111-130.
  4. Silveira, F.A.O., Negreiros, D., Barbosa, N.P.U., Buisson, E., Carmo, F.F., Carstensen, D.W., Conceição, A.A., Cornelissen, T.G., Echternacht, L., Fernandes, G.W., Garcia, Q.S., Guerra, T.J., Jacobi, C.M., Lemos-Filho, J.P., Le Stradic, S., Morellato, L.P.C., Neves, F.S., Oliveira, R.S., Schaefer, C.E., Viana, P.L. and Lambers, H., 2016. Ecology and evolution of plant diversity in the endangered campo rupestre: a neglected conservation priority. Plant Soil 403: 129-152.
  5. National Geographic Brazil. 2019. Meio Ambiente: Lama tóxica da barragem de Mariana contaminou corais de Abrolhos, diz novo estudo. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2019/02/lama-toxica-poluicao-barragem-fundao-samarco-mariana-abrolhos (acesso em 11 de maio 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7 Natural system modifications locality,habitat,occupancy past,present,future regional high
A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum nos Campos rupestres do Cerrado (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al., 2016). Embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al., 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas mais rápido que a maioria das espécies nativas, formando uma cobertura densa e impedindo a regeneração das espécies nativas(Kolbek e Alves, 2008).
Referências:
  1. Kolbek, J. e Alves, R.J.V., 2008. Impacts of Cattle, Fire and Wind in Rocky Savannas, Southeastern Brazil. Acta Universitatis Carolinae Environmentalica 22: 111-130.
  2. Silveira, F.A.O., Negreiros, D., Barbosa, N.P.U., Buisson, E., Carmo, F.F., Carstensen, D.W., Conceição, A.A., Cornelissen, T.G., Echternacht, L., Fernandes, G.W., Garcia, Q.S., Guerra, T.J., Jacobi, C.M., Lemos-Filho, J.P., Le Stradic, S., Morellato, L.P.C., Neves, F.S., Oliveira, R.S., Schaefer, C.E., Viana, P.L. and Lambers, H., 2016. Ecology and evolution of plant diversity in the endangered campo rupestre: a neglected conservation priority. Plant Soil 403: 129-152.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future national very high
O Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa, e apenas 19,8% permanecem inalterados. Entre 2002 e 2011, as taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores que na Amazônia. A proteção atual permanece fraca. As áreas protegidas públicas cobrem apenas 7,5% do bioma (em comparação com 46% da Amazônia) e, de acordo com o Código Florestal brasileiro, apenas 20% (em comparação com 80% na Amazônia) de terras privadas são destinadas a conservação (Strassburg et al., 2017). Como resultado, 40% da vegetação natural remanescente pode agora ser legalmente convertida (Soares-Filho et al., 2014). taxa de desmatamento do Cerrado tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Françoso et al,. 2015; Ratter et al., 1997).
Referências:
  1. Soares-Filho, B., Rajão, R., Macedo, M., Carneiro, A., Costa, W., Coe, M., Rodrigues, H., Alencar, A., 2014. Cracking Brazil’s Forest Code. Science (80-. ). 344, 363–364.
  2. Strassburg, B.B.N., Brooks, T., Feltran-Barbieri, R., Iribarrem, A., Crouzeilles, R., Loyola, R., Latawiec, A.E., Oliveira-Filho, F.J.B., Scaramuzza, C.A.M., Scarano, F.R., Soares-Filho, B., Balmford, A., 2017. Moment of truth for the Cerrado hotspot. Nat. Ecol. Evol. 1, 0099.
  3. Ratter, J.A., Ribeiro, J.F., Bridgewater, S., 1997. The Brazilian cerrado vegetation and threats to its biodiversity. Ann. Bot. 80, 223–230.
  4. Françoso, R.D., Brandão, R., Nogueira, C.C., Salmona, Y.B., Machado, R.B., Colli, G.R., 2015. Habitat loss and the effectiveness of protected areas in the Cerrado Biodiversity Hotspot. Nat. Conserv. 13, 35–40.

Ações de conservação (3):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécie foi registrada na ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL SUL- RMBH (US).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
Espécie avaliada como "Dados insuficientes -DD" (CNCFlora, 2012.2).
Referências:
  1. CNCFlora. Chamaecrista pilicarpa in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Chamaecrista pilicarpa>. Acesso em 11 maio 2019.
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais