Fabaceae

Cenostigma tocantinum Ducke

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2018. Cenostigma tocantinum (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

465.179,777 Km2

AOO:

156,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018), com ocorrência no estado: Pará (Pires 12408), Tocantins (Spinola 135). Segundo Warwick e Lewis (2009) a espécie ocorre no Pará e Tocantins, mas é amplamente cultivada.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore de até 35 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Popularmente conhecida por Kumandu’ ywas, pau-preto, pau-pretinho e cássia-rodoviária, foi coletada em Floresta de Terra Firme associada a Amazônia nos estados do Pará e Tocantins, sendo amplamente cultivada. Apresenta distribuição ampla, EOO=378173 km², diversos registros depositados em coleções biológicas, inclusive com coletas realizadas recentemente, e ocorrência confirmada em áreas onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de ecossistemas naturais em estado prístino de conservação. A espécie ocorre de forma ocasional na maior parte das localidades em que foi registrada. Embora tenha uma distribuição restrita, é conhecida a partir de uma série de localidades no Pará e no Tocantins, onde tem sido frequentemente encontrada em levantamentos ecológicos (Warwick e Lewis, 2009). Segundo Almeida et al. (2015), a distribuição da diversidade genética nas populações estudadas da espécie é maior dentro do que entre as populações, sendo necessária a conservação de vários indivíduos por população, a fim de se preservar a alta diversidade genética encontrada. Não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua existência na natureza, apesar do potencial ornamental e de sua madeira (Warwick e Lewis, 2009) Assim, C. tocantinum foi considerada como Menor Preocupação (LC), demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) e conservação (criação de áreas protegidas ao longo de sua distribuição, Plano de Manejo sustentável) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza.

Último avistamento: 2017
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 1: 29, pl. 10. 1915. Popularmente conhecida por Kumandu’ ywas, pau-preto, pau-pretinho, and cássia-rodoviária (Warwick e Lewis, 2009). Foi categorizada como uma espécie “Menos preocupante” (LC) por (Warwick e Lewis, 2009). De acordo com especialista botânico a espécie: 1 - apresenta uso (madeira, frutos, paisagismo, etc). R.: Sim. Ornamental e madeireira; 2 - ocorre em Unidades de Conservação. R.: Não; 3 - apresenta registros recentes, entre 2010-2018. R.: Sim; 4 - é uma espécie com distribuição ampla. R.: Não; 5 - possui amplitude de habitat. R.: Sim; 6 - possui especificidade de habitat. R.: Não tenho certeza; 7 - apresenta dados quantitativos sobre o tamanho populacional. R.: Sim; 8 - em relação a frequência dos indivíduos na população. R.: Ocasional; 9 - apresenta ameaças incidentes sobre suas populações. R.: (Haroldo C. de Lima, com. pess. 06/11/2018).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A madeira dessa espécie é utilizada na construção civil, além disso um corante verde-oliva é obtido da madeira (Warwick e Lewis, 2009).

População:

Detalhes: Embora tenha uma distribuição restrita, é conhecida a partir de uma série de localidades no Pará e no Tocantins, onde tem sido frequentemente encontrada em levantamentos ecológicos (Warwick e Lewis, 2009). Segundo Almeida et al. (2015) a distribuição da diversidade genética nas populações estudadas da espécie é maior dentro do que entre as populações, sendo necessária a conservação de vários indivíduos por população, a fim de se preservar a alta diversidade genética encontrada.
Referências:
  1. Warwick, M.C., Lewis, G.P., 2009. A revision of Cenostigma (Leguminosae - Caesalpinioideae - Caesalpinieae), a genus endemic to Brazil. Kew Bull. 64, 135–146.
  2. Almeida, F.V. De, Lopes, M.T.G., Valente, M.S.F., Bentes, J.L.D.S., 2015. Diversidade genética entre e dentro de populações de Cenostigma tocantinum Ducke. Sci. For. 43, 753–762.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvores de 8-35 m de altura, ocorrendo em floresta de terra firme na Amazônia (Warwick e Lewis, 2009).
Referências:
  1. Warwick, M.C., Lewis, G.P., 2009. A revision of Cenostigma (Leguminosae - Caesalpinioideae - Caesalpinieae), a genus endemic to Brazil. Kew Bull. 64, 135–146.

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat,mature individuals past,present,future national very high
A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Vera-Diaz et al., 2008). Um conjunto de fatores que influenciou o mercado nacional e internacional, por meio de um processo de globalização, combinado com a crescente demanda por soja, baixos preços das terras e melhor infraestrutura de transporte do sudeste da Amazônia levou grandes empresas de soja a investir em instalações de armazenamento e processamento na região e, consequentemente, acelerou a taxa na qual a agricultura está substituindo as florestas nativas (Nepstad et al., 2006; Vera-Diaz et al., 2008). Segundo Fearnside (2001), a soja é muito mais prejudicial do que outras culturas, porque justifica projetos de infraestrutura de transporte maciço que desencadeia outros eventos que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além do que já é diretamente usado para o seu cultivo.
Referências:
  1. Fearnside, P.M., 2001. Soybean cultivation as a threat to the environment in Brazil. Environ. Conserv. 28, 23–38.
  2. Vera-Diaz, M. del C., Kaufmann, R.K., Nepstad, D.C., Schlesinger, P., 2008. An interdisciplinary model of soybean yield in the Amazon Basin: the climatic, edaphic, and economic determinants. Ecol. Econ. 65, 420–431.
  3. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon soy and beef industries: opportunities for conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat,mature individuals past,present,future national very high
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da agroindústria, pecuária extensiva, infraestrutura rodoviárias e hidrelétricas, mineração e exploração madeireira (Charity et al., 2016). O aumento do desmatamento entre 2002-2004 foi, principalmente, resultado do crescimento do rebanho bovino, que cresceu 11% ao ano de 1997 até o nível de 33 milhões em 2004, incluindo apenas aqueles municípios da Amazônia com florestas de dossel fechado compreendendo pelo menos 50% de sua vegetação nativa. A indústria pecuária da Amazônia, responsável por mais de dois terços do desmatamento anual, esteve temporariamente fora do mercado internacional devido a presença de febre aftosa na região. Talvez a mudança mais importante que fortaleceu o papel dos mercados na promoção da expansão da indústria pecuária na Amazônia foi o status de livre de febre aftosa conferido a uma grande região florestal (1,5 milhão de km²) no sul da Amazônia (Nepstad et al., 2006).
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D. and Stolton, S. (editors), 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon soy and beef industries: opportunities for conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da agroindústria, pecuária extensiva, infraestrutura rodoviárias e hidrelétricas, mineração e exploração madeireira (Charity et al. 2016). Em 2009 foram extraídos em torno de 14,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora nativa, o equivalente a 3,5 milhões de árvores na Amazônia Legal. Cerca de 47% dessa matéria-prima foi extraída no estado do Pará, 28% no Mato Grosso, 16% em Rondônia e 3% em ambos os estados do Acre e Amazônia (SFB e IMAZON, 2010).
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D. and Stolton, S. (editors), 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. SFB, IMAZON (Orgs.), 2010. A atividade madeireira na Amazônia brasileira: produção, receita e mercados. Serviço Florestal Brasileiro - SFB, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - Imazon, Belém, 20 p.

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
A madeira dessa espécie é utilizada na construção civil, além disso um corante verde-oliva é obtido da madeira (Warwick e Lewis, 2009).
Referências:
  1. Warwick, M.C., Lewis, G.P., 2009. A revision of Cenostigma (Leguminosae - Caesalpinioideae - Caesalpinieae), a genus endemic to Brazil. Kew Bull. 64, 135–146.
Uso Proveniência Recurso
16. Other natural whole plant
A espécie é amplamente cultivada no norte do Brasil (Warwick e Lewis, 2009) e utilizada na arborização urbana (Sousa et al., 2008; Warwick e Lewis, 2009).
Referências:
  1. Sousa, S.G.A. de, Moraes, R.P., Garcia, L.C., 2008. Pau-pretinho (Cenostigma tocantinum Ducke) uma espécie com potencial para arborização urbana em Manaus-AM, in: Anais do Congresso Brasileiro de Arborização Urbana. Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Manaus.
  2. Warwick, M.C., Lewis, G.P., 2009. A revision of Cenostigma (Leguminosae - Caesalpinioideae - Caesalpinieae), a genus endemic to Brazil. Kew Bull. 64, 135–146.