Caryocaraceae

Caryocar coriaceum Wittm.

Como citar:

Monira Bicalho; Eduardo Amorim. 2021. Caryocar coriaceum (Caryocaraceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

1.342.897,613 Km2

AOO:

548,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Prance e Pirani, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Bahia, Barra, Barreiras, Caetité, Correntina, Cristópolis, Érico Cardoso, Formosa do Rio Preto, Ibotirama, Luis Eduardo Magalhães, Morro do Chapéu, Riachão das Neves, Rio de Contas e São Desidério —, no estado do Ceará — nos municípios Barbalha, Barbalho, Brejo Santo, Ceará, Crato, Crato., Fortaleza, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda, Porteiras e Santana do Cariri —, no estado de Goiás — nos municípios Alto Paraíso de Goiás, Campos Belos, Cavalcante, Minaçu, Nova Roma, Posse, São Domingos, Teresina de Goiás e Terezópolis de Goiás —, no estado do Maranhão — nos municípios Alto Parnaíba, Barra do Corda, Carolina, Caxias, Codó, Lagoa do Mato, Loreto, Matões, Mirador, Timon e Urbano Santos —, no estado de Pernambuco — nos municípios Araripina, Exu, Gravatá e Moreilândia —, no estado do Piauí — nos municípios Amarante, Antônio Almeida, Baixa Grande do Ribeiro, Brasileira, Campo Maior, Capitão de Campos, Castelo do Piauí, Coivaras, Gilbués, Guadalupe, Itaueira, Jatobá do Piauí, Monsenhor Gil, Oeiras, Piracuruca, Piripiri, Teresina e Uruçuí —, e no estado do Tocantins — nos municípios Almas, Dois Irmãos do Tocantins, Filadélfia, Formoso do Araguaia, Mateiros, Palmas, Pindorama do Tocantins e São Félix do Tocantins.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2021
Avaliador: Monira Bicalho
Revisor: Eduardo Amorim
Critério: B2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: VU
Justificativa:

Caryocar coriaceum é uma árvore com até 12 m de altura (Perdiz et al., 2012). Popularmente conhecida como pequi, pequi-branco, piqui-preto (Prance e Pirani, 2020). Apresenta EOO de 636284km², AOO de 276km² e cinco a sete situações de ameaças. Consideram-se as ocorrências em áreas protegidas como número de situações de ameaças de maneira independente, a conversão do uso de terra em áreas de agricultura, pastagem e extrativismo como o principal fator de ameaça que possa levar as subpopulações à extinção. O crescente extrativismo não é positivo sobre o crescimento populacional da espécie e considerando que os frutos do pequi são extremamente valorizados pelas comunidades locais, é razoável imaginar que este fenômeno possa ocorrer em maior ou menor intensidade sobre as demais populações naturais da espécie (R.O. Perdiz com. pess. 2021). Além disso, a espécie é endêmica do Cerrado, e ocorre em chapadas encravadas no domínio da Caatinga, especialmente na Chapada do Araripe (sul do Ceará), que está tendo sua paisagem natural alterada devido às ações antrópicas (Silva et al., 2019). A maior parte dos registros da espécie ocorre na Floresta Nacional do Araripe-Apodi, onde a taxa de extrativismo aos frutos da espécie é muito alta, ultrapassando 90% dos frutos coletados e C.coriaceum, assim como a maioria das espécies arbóreas de longa vida submetidas ao extrativismo tem alta dependência do indivíduo adulto para manutenção das taxas populacionais, e, considerando as taxas atuais de extrativismo a tendência é que no futuro a existam muito poucos indivíduos chegando a idade reprodutiva para substituição (Almeida, 2014). Diante o cenário de ameaças vigentes infere-se o declínio contínuo de extensão de habitat, área de ocupação, qualidade de habitat, número de situações de ameaças. Anteriormente C. coriaceum foi avaliada anteriormente como Menor Preocupação (LC), mas com a melhoria na qualidade e obtenção de dados, a espécie foi considerada Vulnerável (VU) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Planos de Ação, Conservação in situ e ex situ) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Possivelmente extinta? Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 LC

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Fl. Bras. 12(1): 352, 1886. É reconhecida pelos ramos eretos, glabros e folíolos de lâmina glabra, com exceção das domácias conspícuas na face abaxial (Perdiz, São-Mateus e Amorim, 2012). Popularmente conhecida como pequi, pequi-branco, piqui-preto (Prance e Pirani, 2020). A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN, A1a+2c) na Lista Vermelha da IUCN (Prado, 1998).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido

Tempo de geração:

Detalhes: range 180 /360
Justificativa:

Segundo as informações fornecidas pelo especialista, o tempo de geração estimado para esta espécie é de 15 – 30 anos (R.O. Perdiz com. pess. 2021).

Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Cerrado
Vegetação: Cerrado (lato sensu)
Habitats: 2.1 Dry Savanna
Detalhes: Árvore com até 12 m de altura (Perdiz, São-Mateus e Amorim, 2012). Ocorre no Cerrado, em Cerrado (lato sensu) (Prance e Pirani, 2020).
Referências:
  1. Perdiz, R.D.O., São-Mateus, W.M.B., Amorim, A.M., 2012. Flora da Bahia: Caryocaraceae. SITIENTIBUS série Ciências Biológicas 12, 109. https://doi.org/10.13102/scb122
  2. Prance, G.T., Pirani, J.R., 2020. Caryocaraceae. Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB16719 (acesso em 08 de setembro de 2021)

Reprodução:

Fenologia: flowering (May~Nov), fruiting (Fev~Nov)

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em territórios que poderão ser contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território PAT Cerrado Tocantins - 12 (TO), Território PAT Chapada Diamantina-Serra da Jiboia - 39/40 (BA).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Bacia do Rio de Janeiro, Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe, Área de Proteção Ambiental do Rio Preto, Área de Proteção Ambiental Dunas e Veredas do Baixo Médio São Francisco, Área de Proteção Ambiental Jalapão, Área de Proteção Ambiental João Leite, Área de Proteção Ambiental Pouso Alto, Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba, Área de Proteção Ambiental Serra do Lajeado, Estação Ecológica de Uruçuí-Una, Floresta Nacional do Araripe-Apodi, Monumento Natural das Árvores Fossilizadas, Parque Estadual de Terra Ronca, Parque Estadual do Lajeado e Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Ações de conservação (4):

Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural fruit
A árvore produz frutos e sementes comestíveis, que muitas vezes são colhidos na natureza para uso local. Frutas — cruas ou cozidas. Polpa cremosa, carnuda, aromática e de sabor ligeiramente adocicado. É mais comumente cozido. A polpa e a semente são muito nutritivas e comidas juntas cozidas ou grelhadas. O fruto tem cerca de 10 cm de diâmetro (Tropical Plants Database, 2021).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2021. Caryocar coriaceum. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Caryocar+coriaceum (acesso em 27 de setembro de 2021).
Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural fruit
Um óleo obtido da polpa do fruto e do caroço da semente é usado no tratamento de infecções broncopulmonares (Tropical Plants Database, 2021).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2021. Caryocar coriaceum. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Caryocar+coriaceum (acesso em 27 de setembro de 2021).
Uso Proveniência Recurso
10. Wearing apparel, accessories natural stalk
A madeira é moderadamente pesada, forte, com baixa durabilidade natural, difícil de trabalhar. É utilizado em molduras de moinhos, prensas e em diversos tipos de marcenaria (Tropical Plants Database, 2021).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2021. Caryocar coriaceum. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Caryocar+coriaceum (acesso em 27 de setembro de 2021).
Uso Proveniência Recurso
14. Research natural fruit
Batista et al. (2010), realizaram estudo com objetivo de demonstrar os efeitos do tratamento tópico do creme à base de óleo de pequi (Caryocar coriaceum Wittm) utilizando 40 ratos (Rattus norvegicus albinus) da linhagem Wistar, machos, com 60 dias. A análise do processo de cicatrização sob os pontos de vista clínico, macroscópico e histológico permitiu concluir que o uso do óleo da polpa do fruto do Caryocar coriaceum Wittm apresentou influência positiva na cicatrização de feridas cutâneas experimentais em ratos, por promover reação inflamatória menos intensa e fechamento mais rápido das feridas em relação ao grupo controle.
Referências:
  1. Batista, J.S., Silva, A.E., Rodrigues, C.M.F., Costa, K.M.F.M., Oliveira, A.F., Paiva, E.S., Nunes, F.V.A., Olinda, R.G., 2010. Avaliação da atividade cicatrizante do óleo de pequi (Caryocar coriaceum Wittm) em feridas cutâneas produzidas experimentalmente em ratos. Arq. Inst. Biol. (Sao. Paulo). 77, 441–447. https://doi.org/10.1590/1808-1657v77p4412010