Eduardo Amorim; Monira Bicalho. 2021. Butia eriospatha (Arecaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Espécie endêmica do Brasil (Heiden et al., 2020), com distribuição: no estado do Paraná — nos municípios Almirante Tamandaré, Campo Mourão, Castro, Curitiba, Foz do Iguaçu, General Carneiro, Guarapuava, Irati, Palmas, Ponta Grossa, Renascença e São José dos Pinhais —, no estado do Rio Grande do Sul — nos municípios Cachoeira do Sul, Coxilha, Erebango, Erechim, Fagundes Varela, Jaquirana, Lagoa Vermelha, Marcelino Ramos, Muitos Capões, Passo Fundo, Pinhal da Serra, Quatro Irmãos, Santo Ângelo, São Francisco de Paula e Vacaria —, e no estado de Santa Catarina — nos municípios Abelardo Luz, Anita Garibaldi, Campo Erê, Campos Novos, Curitibanos, Imbituba, Irani, Lages, Ponte Alta, Ponte Serrada, São Bento do Sul, São Domingos e Vargem Bonita.
Palmeira com até 6m de altura, endêmica da Mata Atlântica, ocorrendo em fitofisionomias de Campo de Altitude, Campo Limpo, Mata com araucária e Palmeiral. Apresenta EOO igual à 255241km² e AOO igual à 208km². A espécie possui potencial valor econômico e os indivíduos adultos são vendidos ilegalmente em mercados locais e internacionais. Apesar disso, o impacto das atividades agropecuárias são os mais agravantes, todos os municípios de ocorrência da espécie, apresentam de seus territórios convertidos em áreas de pastagens. De acordo com a análise de sobreposição de solo, dos anos de 2014 à 2019, houve uma conversão de cerca de 293ha do AOO útil, em áreas de mosaico de pastagem e agricultura. No estudo de Nazareno e Reis (2014), o gado pode afetar severamente a estrutura demográfica, altas taxas de herbivoria foram detectadas, pelo menos 77%. De acordo com os autores, das quatro subpopulações estudas, somente uma não foi afetada pelo pastoreio do gado, no entanto, essa visão pode ser subestimada se comparada com estudos de outras as populações de espécies de Butia, que ocorrem do Uruguai. Considerando o tempo de geração da espécie com cerca de 25 anos, a mortalidade adulta em 2% (Nazareno e Reis, 2014) e principalmente, assumindo que as demais subpopulações afetadas, estão diminuindo à mesma taxa, visto a presença das atividades pecuárias em todos municípios de ocorrência (MapBiomas, 2021), estima-se uma redução populacional de cerca de 78% nas próximas três gerações. Acarretando em declínio de área de ocupação e qualidade de habitat, visto que as causas da redução não apresentam indícios de serem cessadas. Assim, B. eriospatha foi considerada como Em Perigo (EN) de extinção, considerando o valor da redução nas próximas três gerações. A espécie foi anteriormente avaliada como Vulnerável à extinção, entretanto, novas informações populacionais foram incorporadas para a espécie, conferindo uma categoria de risco mais elevada. Recomenda-se ações de pesquisa, como censo e tendências populacionais, para uma compreensão totalitária do impacto do pastoreio do gado nas outras subpopulações não estudas. Ainda recomenda-se cumprimento de efetividade de unidades de conservação e conservação in situ e ex situ, buscando garantir a perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.
Ano da valiação | Categoria |
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2012 | VU |
Descrita em: Agric. Colon. 10: 496, 1916. É reconhecida pelo porte arbóreo, presença de denso tomento lanoso revestindo a bráctea peduncular e por suas pequenas flores femininas e por seus frutos globosos (Lorenzi et al., 2010). Popularmente conhecida como butiá-da-serra na Região Sul (Heiden et al., 2020), Wooly Jelly Palm (Tropical Plants Database, 2021), butiá e butiá-veludo (Compêndio Online Gerson Luiz Lopes, 2021). A espécie foi avaliada como Vulnerável (VU, A1c) na Lista Vermelha da IUCN (Noblick, 1998).
Segundo as informações fornecidas pelo especialista, o tempo de geração estimado para esta espécie é de mais de 50 anos (Gustavo Heiden com. pess. 2021).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 1.1 Housing & urban areas | habitat,occupancy | past,present,future | national | medium |
De acordo com o MapBiomas, os municípios Almirante Tamandaré (PR), Foz do Iguaçu (PR), Passo Fundo (RS) e São José dos Pinhais (PR) possuem, respectivamente, 10,53% (2052ha), 11,17% (6901ha), 6% (4698ha) e 8,55% (8096ha) de seus territórios convertidos em áreas de infraestrutura urbana, segundo dados de 2019 (MapBiomas, 2021a). Em 2014, a espécie apresentava 11,94% (2149,93ha) da sua AOO útil (18000ha) em áreas de infraestrutura urbana. Em 2019, a espécie apresentava 12,26% (2205,92ha) da sua AOO útil (18000ha), o que representou um acréscimo de 0,32% (55,99ha) em áreas de infraestrutura urbana (MapBiomas, 2021b). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.2.3 Scale Unknown/Unrecorded | habitat,occupancy | past,present,future | national | high |
De acordo com o MapBiomas, os municípios Anita Garibaldi (SC), Campos Novos (SC), Castro (PR), Curitibanos (SC), General Carneiro (PR), Guarapuava (PR), Irani (SC), Irati (PR), Jaquirana (RS), Lages (SC), Palmas (PR), Ponta Grossa (PR), Ponte Alta (SC), Ponte Serrada (SC), São Bento do Sul (SC), São Francisco de Paula (RS) e Vargem Bonita (SC) possuem, respectivamente, 8,77% (5174ha), 9,5% (16313ha), 7,2% (18215ha), 15,87% (15078ha), 24,2% (25919ha), 11,45% (36278ha), 14,68% (4785ha), 7,97% (7970ha), 12,76% (11601ha), 16,54% (43634ha), 12,6% (19634ha), 9,07% (18639ha), 30,73% (17677ha), 28,68% (16079ha), 9,54% (4727ha), 13,61% (44436ha) e 33,75% (10118ha) de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2019 (MapBiomas, 2021). Em 2014, a espécie apresentava 10,68% (1922,47ha) da sua AOO útil (18000ha) em áreas de silvicultura. Em 2019, a espécie apresentava 10,9% (1961,28ha) da sua AOO útil (18000ha), o que representou um acréscimo de 0,22% (38,81ha) em áreas de silvicultura (MapBiomas, 2021). Em 2014, a espécie apresentava 10,68% (1922,47ha) da sua AOO útil (18000ha) em áreas de silvicultura. Em 2019, a espécie apresentava 10,9% (1961,28ha) da sua AOO útil (18000ha), o que representou um acréscimo de 0,22% (38,81ha) em áreas de silvicultura (MapBiomas, 2021). De acordo com o IBGE, os municípios Anita Garibaldi (SC), Cachoeira do Sul (RS), Campos Novos (SC), Castro (PR), Curitibanos (SC), Fagundes Varela (RS), General Carneiro (PR), Guarapuava (PR), Irani (SC), Irati (PR), Jaquirana (RS), Lages (SC), Palmas (PR), Ponta Grossa (PR), Ponte Alta (SC), Ponte Serrada (SC), São Bento do Sul (SC), São Francisco de Paula (RS) e Vargem Bonita (SC) possuem, respectivamente, 7% (4130ha), 8,72% (32584ha), 6,3% (10815ha), 6,24% (15800ha), 15,16% (14400ha), 7,45% (1000ha), 22,41% (24000ha), 6,52% (20647ha), 9,27% (3020ha), 9,47% (9470ha), 17,74% (16125ha), 12,49% (32950ha), 7,02% (10933ha), 12,75% (26200ha), 22,6% (13000ha), 24,08% (13500ha), 9,08% (4500ha), 17,92% (58500ha) e 19,62% (5883ha) de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2019 (IBGE, 2021). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded | habitat,occupancy | past,present,future | national | medium |
De acordo com o Atlas das Pastagens Brasileiras, os municípios Abelardo Luz (SC), Anita Garibaldi (SC), Cachoeira do Sul (RS), Campo Erê (SC), Campos Novos (SC), Castro (PR), Curitibanos (SC), Fagundes Varela (RS), General Carneiro (PR), Guarapuava (PR), Imbituba (SC), Irani (SC), Jaquirana (RS), Lages (SC), Lagoa Vermelha (RS), Marcelino Ramos (RS), Muitos Capões (RS), Palmas (PR), Pinhal da Serra (RS), Ponta Grossa (PR), Ponte Alta (SC), Ponte Serrada (SC), Renascença (PR), Santo Ângelo (RS), São Bento do Sul (SC), São Domingos (SC), São Francisco de Paula (RS), São José dos Pinhais (PR) e Vacaria (RS) possuem, respectivamente, 5,24% (4997ha), 24,42% (14402ha), 25,12% (93864ha), 15,71% (7527ha), 9,1% (15623ha), 7,56% (19138ha), 15,22% (14454ha), 8,37% (1124ha), 5,74% (6146ha), 5,66% (17922ha), 9,29% (1687ha), 6,67% (2175ha), 41,9% (38081ha), 46,35% (122246ha), 7,99% (10069ha), 10,48% (2407ha), 15,26% (18217ha), 14,06% (21910ha), 18,98% (8315ha), 5,4% (11093ha), 14,47% (8325ha), 5,14% (2880ha), 5,06% (2151ha), 5,43% (3690ha), 6,37% (3157ha), 5,35% (1968ha), 45,33% (148011ha), 7,35% (6954ha) e 21,77% (46243ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2019 (Lapig, 2021). De acordo com o MapBiomas, os municípios Anita Garibaldi (SC), Campo Erê (SC), Campos Novos (SC), Castro (PR), Curitibanos (SC), Fagundes Varela (RS), Guarapuava (PR), Imbituba (SC), Irani (SC), Marcelino Ramos (RS), Muitos Capões (RS), Palmas (PR), Pinhal da Serra (RS), Ponte Alta (SC), São Bento do Sul (SC) e São José dos Pinhais (PR) possuem, respectivamente, 19,58% (11546ha), 14,83% (7104ha), 6,91% (11868ha), 6,68% (16907ha), 14,61% (13877ha), 7,34% (986ha), 5,01% (15868ha), 8,46% (1536ha), 6,13% (1997ha), 9,87% (2267ha), 5,1% (6091ha), 12,4% (19323ha), 8,51% (3726ha), 10,86% (6246ha), 5,75% (2853ha) e 6,36% (6020ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagens, segundo dados de 2019 (MapBiomas, 2021a). Em 2014, a espécie apresentava 6,17% (1111,5ha) da sua AOO útil (18000ha) em áreas de pastagem e 9,12% (1642,46ha) em áreas de mosaico de pastagem e agricultura, enquanto em 2019, a espécie apresentava 5,3% (953,32ha) em áreas de pastagem e 8,37% (1507,36ha) em áreas de pastagem e agricultura, o que representou um decréscimo de 1,62% (293,27ha) em áreas de pastagem e mosaico de pastagem e agricultura (MapBiomas, 2021b). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 7.1.3 Trend Unknown/Unrecorded | habitat,occupancy | past,present,future | national | low |
Um total de 8,93% (16,06km²) da AOO útil da espécie queimaram em 2019 [Formação Florestal (4,93%), Mosaico Agricultura e Pastagem (1,46%), Formação Campestre (1,07%), Pastagem (1,05%), Agricultura (0,42%)] (MapBiomas-Fogo, 2021). | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.2 National level | on going |
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional Lagoas do Sul para a conservação da flora melhorar o estado de conservação das espécies ameaçadas e dos ecossistemas das lagoas da planície costeira do sul do Brasil (ICMBio, 2018). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.2 National level | on going |
A espécie foi avaliada como Vulnerável (VU) e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.2 National level | needed |
A espécie ocorre em territórios que poderão ser contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território PAT Paraná-São Paulo - 19 (PR), Território Chapecó - 22 (RS, SC), Território PAT Planalto Sul - 24 (RS, SC), Território Santa Maria - 25 (RS). |
Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Estadual da Serra da Esperança, Estação Ecológica de Mata Preta, Parque Estadual das Araucárias e Parque Nacional do Iguaçu. |
Ação | Situação |
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5.1.3 Sub-national level | on going |
A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN)[A4cd] na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul, 2014). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.3 Sub-national level | on going |
A espécie foi avaliada como Criticamente em Perigo (CR) na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de Santa Catarina (CONSEMA, 2014). | |
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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1. Food - human | natural | fruit |
Os frutos são explorados de forma insustentável, para utilização ao natural ou produção de bebidas (Gavião et al., 2008, Nazareno, 2013, Nazareno e Reis, 2014). Uma fruta popular dentro de sua área de distribuição nativa, onde é colhida na natureza para uso local. Os frutos crus têm uma polpa suculenta, sem fibras, de sabor agradável, ácido-doce, delicioso. É usado para fazer geleias e compotas. A fruta é embebida em álcool para fazer uma bebida popular e fermentada para fazer uma bebida alcoólica (Tropical Plants Database, 2021). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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2. Food - animal | natural | fruit |
Consumidos por vários pássaros e animais nativos (Compêndio Online Gerson Luiz Lopes, 2021). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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3. Medicine - human and veterinary | natural | flower |
O chá da flor do butiá-da-serra é usado na medicina popular no combate ao amarelão, como calmante, para equilibrar o sono. A polpa da fruta consumida in natura ajuda eliminar o ácido úrico (Compêndio Online Gerson Luiz Lopes, 2021). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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7. Fuel | natural | seed |
As sementes são utilizadas para extração de óleo alimentar (Compêndio Online Gerson Luiz Lopes, 2021, Tambara et al., 2020, Tropical Plants Database, 2021). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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8. Fibre | natural | leaf |
Folhas utilizadas na fabricação de chapéus, cestas e cordas (Compêndio Online Gerson Luiz Lopes, 2021). Uma fibra obtida das folhas é usada para fazer cordas. As folhas são usadas para tecer chapéus, cestos, etc., e como recheio de colchões ou como material de enchimento em gêneros (Tropical Plants Database, 2021). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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9. Construction/structural materials | natural | stalk |
Butia eriospatha é utilizada na construção de pontes e bueiros (Compêndio Online Gerson Luiz Lopes, 2021). A madeira é moderadamente pesada, dura, muito fibrosa e de boa durabilidade se mantida seca. É usado localmente em construções rústicas (Tropical Plants Database, 2021). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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13. Pets/display animals, horticulture | natural | whole plant |
É cultivado como ornamental, valorizado por suas frondes verde-prateadas (Tropical Plants Database, 2021) e os indivíduos adultos são vendidos ilegalmente em mercados locais e internacionais (Gavião et al., 2008, Nazareno, 2013, Nazareno e Reis, 2014). | ||
Referências:
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